sábado, 29 de setembro de 2007

Tutti Maravilha

Locutor da rádio Inconfidência (100,9 FM), ligada ao governo de Minas, Tutti Maravilha comanda um programa diário que completou 20 anos no ar essa semana, o Bazar Maravilha. Nas longas duas horas que tem a seu dispor (14h às 16h), conversa com ouvintes, lê e-mails elogiando o próprio programa, manda beijos para aniversariantes do dia e faz piadas do tipo “O que é, o que é?”, valendo brindes para quem acertar as respostas. Não à toa, a vinheta do Bazar é “A hora do recreio da rádio mineira”.

Parece brincadeira, mas é dele programa mais bem avaliado entre jornalistas mineiros. Toca raridades de Nara Leão e Gal Costa, Elis Regina, Rita Lee e Clube da Esquina, claro. Durante o recreio, entrevista artistas convidados num longo bate-papo, divulgando eventos bacanas ligados ao mundo da música e da dança. Dá até para imaginar que tomam café e comem pão de queijo, tão boa a prosa. Para ter uma idéia da abertura para o que há de mais variado na cena musical mineira, Tutti recebeu o grupo de coco Ouricuri dias antes da apresentação no teatro Francisco Nunes e divulgou os shows de abertura do Festival Garimpo de Música Independente.

Aliás, pela primeira vez estou ouvindo/ lendo muito sobre música independente. Fica para a próxima...

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Programa de índio












Prédio em bairro bacana de BH tem uma quadra de peteca. Não serve para praticar outros esportes. Tem rede dividindo o campo, mas o tracejado não funciona sequer para o vôlei.

Peteca aqui é coisa séria. Segundo a Wikipedia, o objeto de madeira com penas de aves era bastante comum nas tribos da região do atual estado de Minas Gerais. A primeira federação que consolidou a peteca como esporte, em 1975, também é mineira.

O pai do Eduardo joga peteca de três a quatro vezes por semana no clube do interior. Teve uma contusão séria no pulso e topou suspender o hábito em troca de muita fisioterapia – não deixou os exercícios com bolinhas terapêuticas sequer aos domingos. Ficou bom em seis meses e hoje exibe feliz o bronzeado moreno jambo das tardes nas quadras de Timóteo.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

As mulheres mineiras

Ainda mal freqüento ambientes corporativos, mas o passeio à pé ou de ônibus nas ruas circulares da cidade já revelam mulheres pra lá de vaidosas. Brincos, colares, unhas feitas (mão e pé), sandálias altas e blusas decotadas contrastam com a deselegância discreta das meninas de Sampa.

domingo, 16 de setembro de 2007

É amanhã!























Rabeca, pifes e tamancos fazem o som irresistível de dançar-pular marcante do coco, ritmo tradicional presente em vários cantos do Brasil. O trabalho de reunir mais de 200 cocos diferentes no país foi de Mário de Andrade, entre 1928 e 1929, mas o show que irá recriar com fidelidade 18 dessas canções pode ser visto em BH amanhã, no Teatro Francisco Nunes, às 20h30. O CD Os Cocos é o primeiro trabalho do grupo Ouricuri, formado por Poliana Cruz, Nara Magalhães, Aryane Paola, Tereza Moura, Yuri Lisboa, Negoleo e André Salles-Coelho. O encarte do disco está lindo, com desenhos muito delicados em aquarela pintados po r Tereza Moura.

Gosto especialmente da forma como as músicas são cantadas, mantendo o jeito certo de falar do caboclo:

- Coco dendê, Trapiá
Fai´um jeitinh´d´imbolá!
Imbola pai
Imbola mãi, imbola filha,
Eu também sô da família
Eu também quero imbolá!

Entre os convidados especiais do show, estarão Tavinho Moura (voz) e Eduardo Borges (violão). Mais sobre o grupo no myspace.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Lampião no poste

Á noite, o belo horizonte daqui é inteiro pintado de pequenas luzes amarelas. O céu de São Paulo me parece muito mais branco - luz fluorescente, fria, economizando energia nos escritórios de plantão. O amarelo-fogo das ladeiras de BH é quente, feito lampião à óleo. Faz o morro da favela simular incêndios pontuais.

As margens da alegria

O primeiro conto que abre as Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa, fala do Menino que se deslumbra ao conhecer Brasília com o Tio e a Tia. Agora que começo minha jornada em Belo Horizonte, na terra mineira do próprio Rosa, as pequenas grandes descobertas do Menino se parecem um pouco com as minhas. Aceito o risco da visão ingênua para não perder a chance de registrar o encantamento.

"O Menino via, vislumbrava. Respirava muito. Ele queria poder ver ainda mais vívido - as tantas novas coisas - o que para os seus olhos se pronunciava."