terça-feira, 31 de março de 2009

Balaio de Minas

Oba! O programa de Astronomia do Planeta Minas Ciência e Tecnologia vai ao ar nesta terça-feira, às 21h40, com reprise sexta, às 13h30, e sábado, às 18h30 – só para os que estão em cidades mineiras com sinal da Rede Minas (Canal 9 e Canal 20, na TV a cabo). Os amigos de outros Estados ficam com este prêmio de consolação: alguns bastidores dos cenários inesperados que encontramos ao longo de quase 15 dias em viagens.

Itajubá














- Onde fica o restaurante sem nome?

- O Sem Nome? Entra à direta e vire à equerda.


Diálogo insólito, porém real. O dito sustenta com requinte a denominação “Sem Nome”, como comprova a foto. Segundo restaurante mais requintado da cidade, acreditem, oferece um menu de comida mais paulista que mineira, com suculentos pedaços de baby beef à gosto do freguês. Jantei por lá três noites seguidas, feliz em ter encontrado um lugar sem nome, porém com sabor.

Brasópolis

















A neblina atrapalhou parte das gravações e acabou com as esperanças de enxergar algum astro no Espaço. Mesmo assim, conhecer o maior observatório em solo brasileiro foi uma experiência interessantíssima. Entre uma cúpula e outra, no entanto, a grande recomendação dos pesquisadores é olhar o chão: em meio a uma reserva ambiental, com lírios selvagens que ultrapassam minha [pouca] altura, o Pico dos Dias é lugar cativo de variadas espécies de cobras.

Cristina












Todos os caminhos levam a Cristina, onde águas gasosas cortam ruas e dividem a existência dos moradores. Pelas vielas baixas da cidade verde, ainda circulam forasteiros e mensageiros em busca da dama que deu nome ao vilarejo. Cristina, dizem outros, é o sonho inebriante da fortuna e do amor: uma cidade sem saída.

Cambuquira













Fomos os últimos hospedes “leigos” do Grande Hotel Trilogia, antigo Grande Hotel Empresa. A verdadeira concretização do tabuleiro do jogo Detetive: salão de jogos, de festa, de música, de jantar.... Fundado na década de 20, o hotel acompanhou o auge da estância hidromineral, no sul do Estado. À época, socialites de todo o país lotavam a cidade em busca de tratamentos de saúde que utilizam água mineral. E não só isso: a Cambuquira era famosa pelos cassinos.

Com o fim do jogo, o hotel entrou em decadência, faliu e ficou fechado por vinte anos até ser comprado por fundadores da Trilogia Analítica – “uma linha de psicanálise fundada na ciência, na filosofia e na espiritualidade”, segundo definição do próprio grupo. Reformado, passou a abrigar encontros internacionais dos participantes. E também já recebeu uma frutífera visita de caçadores de fantasma dos EUA, que filmavam um documentário sobre o tema. Por sorte, não tive encontros de terceiro grau: mas basta fechar os olhos e imaginar centenas de hóspedes e funcionários percorrendo corredores, tocando piano, jantando, dançando. De arrepiar.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Fait Diver mineiro

Na capa de jornais vendidos a 25 centavos, a notícia atenta ao absurdo costuma abusar do enfoque sexual. Hoje, no jornal um pouco mais caro – 1 real – encontrei um fait diver clássico, daqueles que exploram o surrealismo da vida cotidiana e nos levam a refletir um pouco mais profundamente sobre os atuais valores sociais.

Antes da leitura, um adendo: uma rápida pesquisa confirmou minha intuição. São João Evangelhista, na região do Vale do Rio Doce, com metade da população ainda rural, está entre os municípios com piores índices de desenvolvimento humano (IDH) do Estado.

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Briga por herança transforma velório em cenário de tiroteio

Funeral de mulher de 99 anos ocorria na igreja, quando aconteceu tragédia
Ricardo Vasconcelos Especial para O Tempo

A cidade de São João Evangelista, que fica a 300 km da capital, amanheceu ontem sob o impacto de um crime bárbaro ocorrido durante um funeral no pequeno distrito de São Geraldo do Baguari, que pertence ao município. O velório da aposentada Augusta de Souza Rocha, 99, que acontecia na igreja, transformou-se em um cenário de bangue-bangue. Após uma briga por causa da herança da falecida, duas pessoas morreram e três ficaram feridas. O homem que começou toda a confusão, o lavrador Sincero Moura dos Santos, 46, foi morto com a própria arma, quando deixava a matriz. Antes, ele havia atirado em várias pessoas e matado uma delas. Segundo a polícia, os assassinatos foram motivados por uma disputa pela herança de Augusta.

Continuação no Tempo On Line.

terça-feira, 24 de março de 2009

Intervalo












Enquanto não arranjo tempo para contar minhas últimas aventuras, faço desta imagem uma pista das paisagens que me acompanham nas estradas das Gerais. Teca, a artista, é um das mineirinhas mais autênticas que já conheci: por trás da simplicidade e da tranquilidade, esconde um talento arrebatador. Conheça outros trabalhos neste blog-portfólio.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Mostra Circuitos Compartilhados








Sou assinante antiga da newsletter do Cine Humerto Mauro, do Palácio das Artes, mas nem sempre leio as mensagens. Hoje, por uma incrível coincidência, abri o email. Adivinha? Meu nome estava lá, na ficha técnica da programação de filmes que acontece de 16 a 22 de março, durante a Mostra Circuitos Compartilhados!

Explicando: colaborei como entrevistadora em um dos vídeos produzidos durante a ocupação do edifício Prestes Maia pelo Movimento Sem Teto do Centro, em São Paulo, no ano de 2005. Ocupar, Resistir, Construir, Viver traz depoimentos de moradores na iminência de um despejo violento e integra o documentário Política do Dissenso, coordenado por Túlio Tavares e composto por uma dezena de outros registros artísticos. O trabalho, por sua vez, faz parte de uma coleção de 35 DVDs chamada Circuitos Compartilhados.

O convite, portanto, não é apenas para a Programação 5. Mais informações ficam por conta do release que, felizmente, não deletei.

MOSTRA CIRCUITOS COMPARTILHADOS
O Cine Humberto Mauro apresenta entre 16 e 22 de março, a mostra Circuitos Compartilhados. Fruto de pesquisa iniciada em 2000 pelo artista curitibano Goto, a mostra teve sua estréia em 2005, em Curitiba, com o nome Circuitos em Vídeo. O contexto associa-se às práticas dos coletivos de artistas, arte de ativismo cultural, ações colaboracionistas em arte e espaços alternativos, ou seja, diversos tipos de iniciativa em que o artista se coloca não só como o realizador da obra, mas como mediador do diálogo desta com o público.

O acervo do projeto reúne 150 coleções com 35 DVDs cada, 44h35'25'' de programação, com 225 títulos em vídeo e filme associados a 87 ações de circuitos artísticos ocorridos no Brasil entre os anos 70 e a atualidade, organizados em 20 programas. O processo curatorial para a mostra de Belo Horizonte, ficou a cargo de Bráulio Britto Neves, pesquisador de cinema, documentarista e integrante do coletivo Ystilingue.

PROGRAMA 1 | 115'
Cildo Meirelles | Wilson Coutinho, RJ, 1979, 11'
Parangolé | Cuquinha, RJ, 2002, 7'
Arquivo Bruscky | Paulo Bruscky, 97'

PROGRAMA 2 | 105'
Povo do Botão | epa!, Goto, Cinema Sensível e ASSINTÃO, 80'
Um registro de Constatação de Arte no projeto NBP de Ricardo Basbaum | Wagner e Pedro Vasconcelos, ES, 1994, 14'
O Marchand | Ricardo Ramalho, SP, 2005, 3'07''
O Curador | Ricardo Ramalho, SP, 2005, 2'33''
O Colecionador | Ricardo Ramalho, SP, 2005, 6'
O Artista | Ricardo Ramalho, SP, 2005, 3'02''
O Marchand Discute Projeto do Artista | Ricardo Ramalho, SP, 2005, 5'09''

PROGRAMA 3 | 110'
Corpos Informáticos 1 | GPCI, DF, 1993, 41'
Corpos Informáticos 2 | GPCI, DF, 1993, 48'
Toscolão | Orquestra Organismo, Glerm Soares e Vanessa Santos, PR, 2007, 12'13''
Novas Bases Instrumentais | Orquestra Organismo, Glerm Soares e Vanessa Santos, PR, 2007, 1'43''
Sobreloja 35 | Ystilingue, MG, 2008, 6'


PROGRAMA 4 | 110'
MIP - Manifestação Internacional da Performance | Marcelo Terça-Nada, MG, 2003 - 2005, 80'
Fogo Cruzado | Ronald Duarte, RJ, 2002, 4'38''
O Q. Rola Você V. | Ronald Duarte, RJ, 2001, 4'45''
EIA - 2005 | EIA, SP, 2005, 23'

PROGRAMA 5 | 105'
O Homem Invisível - O Objeto Invisível | Túlio Tavares, Ricardo Basbaum, SP, 2000, 9'22''
ACMSTC - Arte Contemporânea no Movimento dos Sem-Teto do Centro - Catadores de Histórias | Túlio Tavares, SP, 2003, 18'20''
Bandeira | Rodrigo Araújo, SP, 2005, 3'34''
Ocupar, Resistir, Construir, Viver | Túlio Tavares, Antonio Brasiliano, Júlia Tavares, SP, 2005, 5'46''
Sábados Culturais | Túlio Tavares, SP, 2005, 4'20''
Dignidade | Coletivo Elefante, SP, 2005, 2'10''
Plínio Ramos, 82 | Chico Linares, Melina Anthis, SP, 2005, 11'43''
A Reunião Com a Polícia | Túlio Tavares, Flavia Sammarone, SP, 2005, 7'11''
Visite a Biblioteca Prestes Maia | Túlio Tavares, Mariana Cavalcante SP, 2006, 13'21''
Eletrocardiograma Social do Centro - Mapeamento das Ocupações | Túlio Tavares, Antonio Brasiliano, SP, 2006, 2'27''
Eliot&Sica | Eliot e Sica, SP, 2006, 40''
Manifestação dos Artistas | Túlio Tavares, Flávia Sammarone, Alexandre Rüger, SP, 2006, 7'58''
Território São Paulo - Sala Especial da Bienal de Havana | Túlio Tavares, Antonio Brasiliano, Eduardo Verderame, SP, 2006, 5'01''
14 Vernissage | Túlio Tavares, Flávia Sammarone, SP, 2006, 4'58''
468 | BijaRi, SP, 2006, 5'20''

PROGRAMA 6 | 110'
Palíndromos | Luís Andrade, RJ, 2001, 23' 32''
Conserto_Polavra | Sálvio Nienkötter, Orquestra Organismo, Vanessa Santos, PR, 2007, 6'14''
Infração: Consumo de Imagem | Marssares, RJ, 1998, 2'39''
O Mar, a Escada e o Homem | Rosana Ricalde, Felipe Barbosa, Fernando Baena, RJ, 2002, 6'20''
Divisória Imaginária | Grupo Urucum, AP, 2003, 7' 05''
Pastor Robson | Ricardo E. Machado, PR, 2000, 32'
Problemas de Linguagem e Pontuação | Hélio Fervenza, SC, 2005, 3'32''
Endereçamento: Vendo a Vista | Maria Ivone dos Santos, SC, 2004, 7'50''
Free Time | Daniele Marx, Mojácar, Espanha, 2005, 9'08''
Reservado | Reserve, Glaucis de Morais, França, 2003, 3'59''
Go to the Window and Look | Cláudia Zanatta, SC, 2005, 7'06'

PROGRAMA 7 | 120'
Desenhando no Vento | Poro, MG, 2005, 6'
Leve | Brígida Campbell, MG, 2004, 3'
Rua Imagem Espaço | Poro, MG, 2003, 7'
Sightlines | Doung Johangeer, Brasil / Durban - África do Sul, 2005, 20'43''
3 Healers | Owen Oppenheimer, Durban - África do Sul / Londres, 2004-2006. 20'28''
L'avancée | Nesrine Khodr, MG / Beirute, 2005-2006, 13'52
Simunye | Joacélio Batista, Durban - África do Sul / Brasil, 2004-2005, 2'07''
Paralelo 30 | Joacélio Batista, Durban - África do Sul / Brasil, 2004-2005, 11'43''
Movimentos Leves | Marco Paulo Rolla, MG, 2006, 6'43''
Atravessando uma Porta | Marcos Hill, Durban - África do Sul / Brasil, 2004-2006., 21'55''

PROGRAMA 8 | 115'
Titá cum Pintão | Família Freitas Tavares, SP, 1994, 1'43"
Menossi, o Agente Federal | Ricardo Ramalho, SP, 2003, 2'45"
Entre estas Coisas Chamadas Obras de Arte | Túlio Tavares, Rafael Adaime e Ricardo Basbaum, SP, 2005, 1'55"
Quem é Menossão? | Túlio Tavares, Eduardo Verderame, Bruna Tavares, SP, 2002, 1'40"
Glória in Menossis | Túlio Tavares, Silvio Tavares e Eduardo Verderame, SP, 2003, 2'45"
Saddan Menossi | Túlio Tavares, Giuliano Scandiuzzi, Peetssa, SP, 2003, 5'40"
Bruna e o Parangomonstro ou Amor Divino | Túlio Tavares, Bruna Tavares e Eduardo Verderame, SP, 2003, 2'43"
ARTSHOP | Túlio Tavares, Ricardo Ramalho e ARNSTV, SP, 2003, 2'40",
As Chaves Certas que Abrem as Portas Certas | Túlio Tavares, Nicolau Sevcenko e Rodrigo Barbosa, SP, 2003, 5'08"
A Materialização do Menossi no Início do Milênio | Túlio Tavares, Eduardo Verderame, Zeca Baleiro e Catatau, SP, 2003, 2'19"
A Lenda de Menossão | Antônio Reis Junior, Sebastião Cirílo, Túlio Tavares, SP, 2003, 5'40"
Despejados do Mundo | Túlio Tavares, Eduardo Verderame e Nicolau Sevcenko, SP, 2003, 3'37"
Artistas Federais no Blem Blem | Ricardo Ramalho, Túlio Tavares, Daniel Lima, ARNSTV, SP, 2003, 2'
Picasso Nem de Graça | Túlio Tavares, Eduardo Verderame, Milton Neves, SP, 2003, 2'
Menossi para Prefeito da Bienal | Túlio Tavares, Rodrigo Araújo, Flávio Araújo, Mariana Cavalcante e Bijari, São Paulo, 2002, 9'10"
Titá cum Pintão | Coletivo: "Amigos do Menossão", SP, 1994, 3'06"
CEP 20000 | Daniel Zarvos, Chacal, Guilherme Zarvos, Michel Malamed, RJ, 2005, 52'

PROGRAMA 9 | 110'
Comunidade, Ativismo e a Cena Downtown - um documentário independente sobre a cena experimental de Nova York | Cristiane Bouger, New York / Brasil, 2006, 110'

PROGRAMA 10 | 110'
Desligare, parte 2: Tela / Espelho | Goto e participantes, PR, 2007, 22'32''
Desligare: Tela / Espelho, Simplificado | Goto e participantes, PR, 2007, 1'04'' Desligare: Percurso / Cena, Simplificado | Goto e participantes, PR, 2007, 3'06''
Desligare na Funarte & Arremesso Público da TV | Goto e Luís Andrade, RJ, 2008, 1'19''
Dirigível Olho Grande | Alexandre Vogler e Flávio de Carvalho, RJ, 2003, 4'17''
A Revolução Não Será Televisionada | ARNSTV, SP, 2003, 26'
Liberte-se (Placa, Bala e Faixa) | ARNSTV & Cia Cachorra, São Paulo, 2004, 21'40''
Super Loja Show | Alexandre Vogler, Guga Ferraz, Rio de Janeiro, 2004, 18'55''
Carnaval Cultura Coletiva | GIA, Everton Santos, BA, 2006, 3'41''
Acredite em Suas Ações | GIA, Everton Santos, BA, 2006, 7'48''

ENTRADA FRANCA COM RETIRADA DE INGRESSOS MEIA HORA ANTES DA SESSÃO.

16 SEG
17h Programa 2
19h CINECLUBE CURTA CIRCUITO
21h Programa 1

17 TER
17h Programa 8
19h Programa 3
21h Programa 9

18 QUA
17h Programa 5
19h Programa 10
21h Programa 7

19 QUI
17h Programa 9
19h Programa 6
21h Programa 2

20 SEX
17h Programa 10
19h Programa 5
21h Programa 4

21 SAB
17h Programa 3
19h Programa 1
21h Programa 8

22 DOM
17h Programa 4
19h Programa 7
21h Programa 6

sexta-feira, 6 de março de 2009

Orquestra UAI

Acabo de me flagrar sendo “bairrista” e assumo o fato: adorei a notícia de que uma mineira de BH – Larissa Mattos - foi selecionada para a Orquestra Sinfônica do YouTube. Uma iniciativa que, enfim, serve de exemplo positivo do tão falado potencial colaborativo da Internet.

A história é a seguinte: desde 1. de dezembro do ano passado, o site YouTube convocou músicos amadores e profissionais de todo o mundo a enviar dois vídeos para uma “audição” à distância. Uma das peças era de escolha livre do candidato. A outra, para a qual era necessário “baixar” a partitura, se referia a uma composição inédita criada especialmente para o programa, com autoria do chinês Tan Dun (famoso pelas trilhas sonoras de O Tigre e o Dragão e Herói).

Os 80 selecionados – entre eles a violoncelista estudante de música da UFMG – irão se apresentar, em abril, no Carnegie Hall em Nova York. Não é o máximo?

Abaixo, segue um dos vídeos enviados pela mineira. Para conhecer outros vencedores, visite o próprio YouTube.

terça-feira, 3 de março de 2009

A rua é do Flanela








Guardador de carro, vendedor de zona azul (que em Minas é “faixa azul” – “zona é outra coisa”, já tive que ouvir essa...), limpador de pára-brisa. Não engulo nenhum desses substantivos como cargo funcional: os caras são pilantras, e pronto. Uma das principais comparações positivas para BH em relação a São Paulo já foi o fato de que, na capital de Minas, estacionar na rua não era um dos doze trabalhos de Hércules. Mesmo como motorista bastante eventual, posso dizer que não é bem por aí.

Descendo a pé minha própria rua, já fui abordada por um garoto que “olha” carros dos fiéis que freqüentam a Nossa Senhora Mãe da Igreja, logo em frente. E não é que o moço ficou bravo quando me recusei em dar algum trocado? "Eu moro aqui" deve ter sido interpretada como uma das desculpas mais esfarrapadas para negar o dinheirinho.

Também é raro sair para qualquer canto à noite sem cruzar com um desses pseudo-profissionais. Mas esta recente passagem por São Paulo rendeu exemplos de que a coisa pode piorar.

CENA 1: Ibirapuera, domingo, 16h45: Eis que surge uma vaga milagrosa do lado de fora do parque. Eis que, simultaneamente, um homem aparece oferecendo inúteis indicações de como fazer a baliza.

- Vai um zona azul, aí? [A folha mais superfaturada da cidade, aposto...]
- Obrigada, a gente já tem.
- Pô, então deixa um adiantado aí pelo nosso trabalho, chefia.
- A gente paga na volta, então.
- Pô, mas aí não dá, é muito carro, muita correria, tem que pagar antes.

Enfim, alguém que estava comigo deu umas moedas e recebeu, em troco, um olhar de reprovação. Voltamos uma hora e meia depois. Nem sinal do cara.

CENA 2: Rua Bartira, Perdizes, 19h20. Tentativa de assistir a uma peça no Tuca que dependia de duas informações básicas: existência de ingressos e duração do espetáculo. Uma vaga um pouco ilegal (tomando um pedacinho da garagem de uma escola) nos foi indicada pelo novo colega da flanela. O problema é que ele não podia dar minutos grátis pelo espaço na via pública enquanto iríamos atrás de esclarecimentos – cheio de marra, quis dez reais para “garantir” a vaga. Resultado: um foi na bilheteria, outro ficou no carro. As duas horas e meia da peça seriam inviáveis. Fomos embora.

Gente, será que este estado de sítio nas ruas é mesmo oficial em todo o país?