domingo, 20 de setembro de 2009

Rap com amor












Desde a primeira audição do disco de estreia do rapper Renegado – Do Oiapoque a Nova York, esquecido em casa pela Cris Brandão, senti que havia algo único. Produção impecável, ritmo dançante, passagens inspiradoras pelo pop, reagge, samba. Obviamente, tudo muito distante do rap trazido pelo vento até a janela do meu quarto nas madrugadas de sexta e sábado – desconfio, originado das caixas de som de um baile estremecedor do aglomerado Santa Lúcia.

Mas o meu universo é mesmo o das palavras. Logo descobri que este estranhamento positivo estava ali, na mensagem do rapper mineiro. Entre a força e o protesto típicos do rap, algumas canções são extremamente doces. E, por que não, feministas! Já imaginou um rap inteiro em homenagem a uma mãe solteira? Olha só que graça - o refrão é

Benção, mãe, obrigado por ter
Me ensinado de fato o que é viver

No final, um soco no machismo:

Obrigado por não desistir de mim em meio as dificuldades
Dona Regina, a mulher que me fez homem de verdade

Não é o máximo?? Tem outra, ainda, que faz uma declaração de amor dupla - uma mulher chamada Vera pode simbolizar a comunidade do Alto Vera Cruz.

Você sabe, homem apaixonado tem visão tapada
Não acha defeito na mulher amada
Pra ela dedica rap, pra ela dedica samba
Por que todo malandro vira otário quando ama
Vera, te amo de coração

Há ainda uma ternura nada careta em temas como a amizade e a rotina na favela. Incrível! E pelo pouco que sei deste jovem belohorizontino de 26 anos, a solidariedade marca toda sua trajetória como artista. Atualmente ele é presidente de uma importante associação cultural voltada para a capacitação de jovens da periferia da cidade, o NUC. Para saber mais sobre esta história de rap, amor e engajamento, visite e ouça o site do Renegado!

domingo, 13 de setembro de 2009

Festival de Bonecos

Domingo, Praça da Estação - Três anos depois, revejo uma turma de bonecos do Brasil reunidas em BH. Atração da festa, alguns são trazidos cuidadosamente de Pernambuco.... São marionetes dos mais variados estilos prontas para serem manipuladas pelos visitantes. (E haja fila!!) Além dos espetáculos quase simultâneos em três palcos, deu para espiar o processo de confecção destes expressivos personagens pelos mestres mamulengueiros. E ouvir um forró pra lá de arretado.


























































quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Do baú

Ando cheia de ideias de posts – e sem muito tempo de escrever novidades. Em uma rápida busca por arquivos antigos, encontrei textos escritos em janeiro de 2008 para um site de cultura mineiro que não chegaram a ser publicados [após dois dias de trabalho em casa, fui informada de que a verba para o pagamento havia sido cancelada....]

Para que o material não se torne obsoleto de uma vez por todas, segue a dica de uma iniciativa que, tenho certeza, merece ser melhor divulgada.

Curta-metragem na Internet

Nem sempre navegar a esmo na Internet pode levar a terra firme. Uma opção de qualidade para produtores independentes e interessados em cinema e curta-metragem é o Porta Curtas Petrobras. O site disponibiliza 563 curtas gratuitamente, respeitando seu formato original e os direitos autorais dos criadores. Entre as opções, há clássicos como o documentário Ilha das Flores, de Jorge Furtado (1989, 13 minutos) e estréias como Nada Consta, de Santiago Dellape (2007, 8 minutos), que recebeu o prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Brasília do ano passado.

Com o objetivo de veicular curtas representativos da produção nacional em termos de técnicas e elenco, o Porta Curtas aposta no potencial da Internet para difusão dos vídeos. A proposta é simples: webmasters e blogueiros podem exibir um curta em seu site ou blog a partir de um link oferecido pelo Porta Curtas. Dessa forma, o site já contabiliza mais de 8 milhões de exibições.

Entre outras ferramentas do site, é possível dar notas aos curtas e organizar vídeos favoritos na “Cinemateca”, recomendando sua seleção a amigos por e-mail. A reprodução dos conteúdos fora da Internet está autorizada sem restrições para uso pedagógico em escolas.

Uma dica especial é A Moça que Dançou Depois de Morta, de Ítalo Cajueiro (2003, 11 minutos). Produzido inteiramente com xilogravuras de cordel do artista pernambucano J. Borges, conta a história de um rapaz que se apaixona por uma misteriosa moça num baile de carnaval do interior.

[Enquanto não uso o Tutu para exibições dos curtas, a dica é digitar o nome do filme no campo de "busca" do site. E estourar a pipoca!]

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Uberlândia 121 anos



















Dois dias de sono com barulho de carro e buzina na janela. Do sexto andar do hotel vejo um horizonte de prédios e avenidas largas. Vias de quatro pistas com retornos malucos capazes de enlouquecer o mais hábil motorista. À noite, restam poucas opções de refeições além das grandes churrascarias: rodízios podem sair por 10,90, 13,90, 17,50 ou 29,90. O desfile mórbido de costelas, corações, peitos e asas de quadrúpedes e bípedes segue intenso por estas vitrines carnívoras.

Cheguei em Uberlândia nesta segunda-feira, em pleno feriado dos 121 anos. Não vejo motivos de comemoração, mas sim uma cidade do culto ao automóvel, sem os traços típicos da acolhida mineira. Meio Goiás, meio São Paulo. Nada de Minas. O Triangulo não me deixa saudades.

[Aqui, as impressões anteriores escritas há um ano!]