sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Mais Mostra… em Juiz de Fora














Coincidência das boas. Enquanto São Paulo vive sua badalada 33a. Mostra Internacional de SP – lembrada aqui com um textinho do baú – descobri um festival muito bacana que agita Juiz de Fora esta semana. Descoberta, desta vez, ao pé da letra. Cheguei em JF para as gravações do próximo Planeta Minas e, no agito do incansável centro da cidade, reparo numa tribo de camisetas iguais rondando padarias e lanchonetes dos calçadões. O ponto de partida do bando era o cinema Cinearte Palace, em plena rua Halfed, onde aconteciam as exibições do festival Primeiro Plano 2009. Na verdade, trata-se de uma grande programação composta por mostras competitivas de curtas e pré-estreias de longas, pela Mostra Mercocidades – com filmes de outros países latinos – e pela Mostra Audiovisual de Juiz de Fora.

Na medida da minha agenda de trabalho, consegui sentir a brisa do evento – peguei duas sessões da Competitiva de Curtas Nacional, na terça e na quarta-feira. Na terça-feira, outra vez, me deparei com uma bela coincidência. Na programação, o curta Fim de Semana Sim tinha Vinicius Toro com um dos diretores. Olha só – o garoto foi meu amigo no cursinho pré-vestibular e colega da Escola de Comunicações e Artes da USP, no curso de Audiovisual. Ele não pode participar do evento e por pouco pulei da poltrona para me voluntariar como representante do curta. Impressionante o trabalho da equipe do Vinicius para construir uma narrativa sensível tendo como protagonista uma garota nos seus oito anos de idade que vive as dificuldades da separação dos pais. Dirigir crianças na TV e no cinema não é para qualquer um, mesmo! [E salve Cao Hamburguer!]

Nesta seleta de curtas da competição, nem tudo era novidade. Alguns estrelavam atores consagrados como Caio Blat e Fernanda Machado, com uma estética técnica impecável porém previsível. Mas os rebeldes e alternativos tiveram espaço! O extremo foi A luz vermelha do bandido, dirigido pelo paulista Pedro Jorge. Segundo suas próprias palavras, trata-se de um “documentário-radialistico-cientifico-experimental de cinema” que presta homenagem a grande obra de Rogério Sganzerla. E dá-lhe experimentalismo! Um dos performances que participam do filme é Seu Jorge, para vocês terem uma ideia.

Animações graciosas e bem feitas ainda passaram pela tela do Palace nesta minha pequena carona no festival. Bela iniciativa para a divulgação do novo – antena ligada para o que vem sendo feito a nível local, nacional e regional. Ao invés de babar no novo Almodóvar, uma chance de acompanhar os primeiros passos de novos grandes diretores. O festival Primeiro Plano termina dia 31. E eu já saí no lucro.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Prêmios!

Semanas de ótimas notícias. Eu e a equipe do Planeta Minas, na Rede Minas, ganhamos o prêmio dos 100 anos do Instituto Nacional de Meteorologia/ INMET na categoria Televisão com o programa Tecnologia do Tempo. A cerimônia acontece dia 19 de novembro, em Brasília. E, como se não bastasse, acabamos de saber que o programa Tecnologia para Especiais, veiculado em 2008, é finalista do Prêmio Imprensa Embratel – um dos mais importantes do país. Concorremos com SBT e Revista Época na categoria Tecnologia da Informação, Comunicação e Multimídia - Veículo Não-Especializado. Claro que a indicação já é uma grande conquista. O programa mostra como grandes novidades tecnológicas desenvolvidas em universidades de Minas Gerais podem mudar a vida de quem tem alguma deficiência física ou mental. Em especial, um aparelho que identifica cédulas de dinheiro para cegos – trabalho da PUC/Minas – e um software livre adaptado para a inclusão de portadores de sindorme de Down, autismo e paralisia – uma pesquisa da Universidade Federal de Viçosa.

Pela primeira vez na história deste blog, abro espaço para a divulgação de um release. Acho que vale a pena ;-)

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Prêmio Imprensa Embratel divulga finalistas da edição de 2009

Redação Portal IMPRENSA*

O Prêmio Imprensa Embratel divulga a lista de reportagens finalistas da edição 2009. São 52 trabalhos que concorrem em 17 categorias, além do Grande Prêmio Barbosa Lima Sobrinho para o melhor trabalho.

Os nomes dos profissionais premiados serão conhecidos na festa de entrega dos troféus, dia 11 de novembro (quarta-feira), no Rio de Janeiro (RJ). O evento reunirá todos os finalistas para uma das maiores premiações do jornalismo brasileiro.

A edição 2009 teve 1.219 trabalhos inscritos de todo o país em sua 11ª edição. São 956 trabalhos nacionais e 263 regionais concorrendo a 18 premiações. Nas categorias nacionais houve um crescimento de 32% nas reportagens investigativas, 18% nas de televisão e de 17% nas de rádio.

A avaliação das reportagens inscritas levou em conta a importância do assunto (relevância nacional ou regional), extensão da reportagem, qualidade da edição e esforço despendido pelo repórter para a sua realização, assim como a repercussão e os resultados obtidos.

A 11ª edição do Prêmio Imprensa Embratel distribuirá R$ 166 mil (valor bruto) para trabalhos jornalísticos distribuídos em 17 categorias específicas e no Grande Prêmio Barbosa Lima Sobrinho. Confira a relação completa de reportagens finalistas, por categoria, do Prêmio Imprensa Embratel 2009.

Jornal e Revista

A ENFERMARIA ENTRE A VIDA E A MORTE / A MULHER QUE ALIMENTAVA, de Eliane Brum - Revista Época
FAVELA S.A., de Sérgio Ramalho, Cristiane de Cássia, Dimmi Amora, Fernanda Pontes, Selma Schmidt, Carla Rocha e Luiz Ernesto Magalhães - Jornal O Globo
OS ANTI-HERÓIS - O SUBMUNDO DA CANA, de Joel Silva e Mário Magalhães - Jornal Folha de S.Paulo

Televisão

EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA, de Alan Severiano e equipe - TV Globo - Rio
ESCRAVOS DO SÉCULO 21, de Mauricio Ferraz e equipe - TV Globo - Rio
O HORROR DA PEDOFILIA, de Lúcio Sturn, com participação de Alline Passos e Christina Lemos - TV Record

Jornalismo investigativo

A FARRA DAS PASSAGENS, de Lúcio Lambranho, Edson Sardinha e Eduardo Militão -www.congressemfoco.com.br
A MÁFIA DA MERENDA ESCOLAR, de Vinicius Mello Costa - TV Record
CASO ZOGHBI, de Andrei Meireles e Matheus Leitão - Revista Época
FILA DA VIDA ESTÁ PARADA, de Pâmela Oliveira - Jornal O Dia

Reportagem Econômica

ATÉ ONDE VAI ESTA CRISE (E COMO ELA PODE AFETAR O BRASIL), de Angela Pimenta, Tatiana Gianini, Tiago Maranhão e Luciene Antunes - Revista Exame
CRISE ECONÔMICA, de Ana Paula Padrão e equipe - TV SBT
O BRASIL QUE EMERGIRÁ DA CRISE, de Ricardo Allan, Vânia Cristino, Mariana Flores, Letícia Nobre, Edna Simão, Vicente Nunes, Luciana Navarro, Karla Mendes e Luciano Pires - Jornal Correio Braziliense

Responsabilidade Socioambiental

MORTE LENTA DA FLORESTA DO MAR, de Leonardo Cavalcanti - Jornal Correio Braziliense
ESTÁ EM SUAS MÃOS, de Paulo Rebelo, Luciana Veras, Júlia Kacowiez, Thiago Marinho, Eduardo Costa, Phelipe Rodrigues, Marcel Tito, Taciana Góes e Tatiana Sotero - Diário de Pernambuco
TRÁFICO DE ANIMAIS: NA ROTA DA EXTINÇÃO, de Fábio Diamante e equipe - TV SBT

Reportagem esportiva

COPA DO MUNDO É NOSSA, de Helvídio Mattos e equipe - ESPN Brasil
APARTHEID - PORTUGUESA SANTISTA, de Marcelo Outeiral e equipe - TV Globo - Rio
ARAGUARI, PIONEIRAS DO FUTEBOL FEMININO, de Renato Peters e equipe - TV Globo ¿ Rio

Reportagem Fotográfica

CRISE, QUE CRISE?, de Marcelo Carnaval - Jornal O Globo
LADRÃO EM FUGA, de Adenilson Nunes - Jornal Correio da Bahia
TIROS E SOCOS NAS LARANJEIRAS, de Daniel Ramalho - Jornal do Brasil

Reportagem cinematográfica

ATOL, A BELEZA MARINHA DENTRO E FORA D'ÁGUA, de Josimar Parahyba - TV Globo Nordeste
FLAGRANTE SUPERVIA, de Eduardo Torres - TV Globo - Rio
JOVEM MORTE, de Junior Alves - TV SBT

Rádio

CAMINHAR SOBRE RODAS: A VIDA DOS USUÁRIOS DE CADEIRAS DE RODAS NO BRASIL, de Cristina Coghi e Fernando Gallo - Rádio CBN
OBESIDADE INFANTIL: UMA EPIDEMIA CONTEMPORÂNEA, de Marcelo Santos - Rádio Catarinense PERIGO NA TELA: O VÍCIO DO NOVO SÉCULO, de Marcelo Santos - Rádio Catarinense

Jornalismo cultural

100 ANOS DE CARTOLA, de Lívia Carla - Rádio MEC
MACHADO DE ASSIS - 100 ANOS DE MEMÓRIA, de Ana Lúcia do Vale e Kamille Viola - Jornal O Dia
MACHADO DE ASSIS SOMOS NÓS, de Schneider Carpeggiani e Fabiana Moraes - Jornal do Commercio / PE

Tecnologia da Informação, Comunicação e Multimídia - Veículo Especializado

CAMINHOS DIGITAIS DO CEARÁ, de Thiago Cafardo, Luiz Henrique Campos e Demitri Túlio - Jornal O Povo
RETRATO DE UMA DÉCADA, de Gilberto Pavoni Junior, Vitor Cavalcante, Felipe Dreher e Ana Lúcia Moura Fé - Information Week Brasil
SEGURANÇA NO E-COMMERCE, de Sandra Cunha - Revista Security


Tecnologia da Informação, Comunicação e Multimídia - Veículo Não-Especializado

INTERNET, de Patrícia Travassos - TV SBT
TECNOLOGIA PARA ESPECIAIS, de Julia Tavares - Rede Minas de Televisão
VOCÊ JÁ USOU O TWITTER? SOB O OLHAR DO TWITTER, de Renata Leal e Ivan Martins - Revista Época

REGIONAL

Centro-Oeste

MENINOS SEM FUTURO, de Vinicius Jorge Sassine - Jornal O Popular
O CAMINHO DA ILUSÃO, de Carmen Souza - Jornal Correio Braziliense
OS DIREITOS DA INFÂNCIA, de Erika Klingl - Jornal Correio Braziliense

Nordeste

ARQUIVO MORTO - MÁFIA DAS EXECUÇÕES EM FORTALEZA, de Demitri Túlio, Cláudio Ribeiro e Thiago Cafardo - Jornal O Povo
FERIDAS ABERTAS DA FOME, de Carol Almeida e Ciara Carvalho - Jornal do Commercio / PE
VÍTIMAS DA OMISSÃO, de Isly Viana e equipe - TV Record

Norte

DA ESCURIDÃO PARA A LUZ, Silvio Martinello - Jornal A Gazeta
TRABALHO ESCRAVO, de Nyelsen Martins e equipe - TV Record
WAIMIRI-ATROARI, MASSACRES, RIQUEZAS E MISTÉRIOS, de Ricardo Oliveira e Orlando Farias - Jornal Amazonas em Tempo

Sudeste

CONSELHO DE MARAJÁS, de Alana Rizzo, Amaury Ribeiro Jr. e Alessandra Mello - Jornal Estado de Minas

INFÂNCIA INTERROMPIDA, de Jussara Soares - Jornal Diário de S. Paulo
O GOLPE DO SINAL AMARELO, de Antero Gomes - Jornal Extra

Sul

A EPIDEMIA DO CRACK, de Itamar Melo e Patrícia Rocha - Jornal Zero Hora
GOLPISTAS DA MENSAGEM PREMIADA DETALHAM ESQUEMA QUE ATINGE VÍTIMAS NO RIO GRANDE DO SUL, de José Renato Ribeiro - Rádio Gazeta AM 1.180
MÁFIA LARANJA, de Mauri König - Gazeta do Povo

*Com informações da assessoria de imprensa

domingo, 25 de outubro de 2009

A primeira Mostra...

Difícil esquecer! Segundo ano de faculdade, poucas responsabilidades sérias, muito tempo de sobra. Em 2004, mergulhei no mundo dos cinéfilos, fiz boas descobertas e, claro, também engoli alguns sapos verdes. Este ano, meu restinho de outubro vai passar longe Mostra Internacional de Cinema de São Paulo – a fase atual é de outras prioridades, outra cidade. Mas não deixo de homenagear o evento.

Dos arquivos confidenciais para o mundo, eis um texto datado de outubro de 2004 com as impressões de uma saudosa edição.

As várias facetas da 27a. Mostra de Cinema de São Paulo

Luz. Câmera. Ação. Uma vez iniciada, a mostra tem a capacidade de provocar uma espécie de comichão-não-identificado que realmente pode causar sérios problemas de ordem física e psicológica.

Chamada pela mídia de “maratona”, o apelido para a mostra talvez tenha certo fundamento. Seus participantes precisam de preparação, disposição e tempo. Muito tempo. A diferença é que essa maratona dificilmente terá um vencedor conhecido do público. Nunca se sabe quem foi o recordista em numero de filmes assistidos. E para quem pensa que quantidade vale mais que qualidade, os números podem ser exorbitantes. Na verdade, essas pessoas raramente terminam a maratona satisfeitas. Querem mais.

Um exemplo desse tipo de maratonista é uma senhora que confessava a uma amiga, na saída do Cinesesc, ter contabilizado 140 filmes. Ou seja, como a mostra teve 15 dias, ela deve ter assistido a 9,33 filmes por dia. Na verdade ela estava contanto com filmes da mostra do Rio de Janeiro, mas ainda assim podemos concluir que a pobre mulher simplesmente abandonou outros hábitos irrelevantes tais como tomar banho ou comer.

Tem também aquele outro que tirou férias para poder viver dentro de uma sala de cinema, ou muitos que saem do trabalho no horário do almoço e não voltam nunca mais.

Estranho? Bom, se você procura por “normalidade”, seja lá o que isso significa, não irá encontrá-la durante a mostra. Num raio de 2km ao redor das salas de cinema – principalmente se você estiver na Augusta - as pessoas terão roupas e cabelos muito coloridos, piercings e óculos grossos estilizados.

Mas para todas as modalidades de apreciadores do evento, ficam algumas certezas:
1) Por duas semanas, o guia da Folha ou o livrinho da mostra serão sua leitura exclusiva.
2) Após horas de quebra-cabeça para escolher um filme em determinado horário, ainda é possível não conseguir ingresso, mesmo chegando na bilheteria com nove horas de antecedência, e querer bombardear o Arteplex.
3) Você encontrará sempre as mesmas pessoas, incluindo, claro, os carinhas de Audiovisual da ECA.
4) Encontrará também amigos cinéfilos e os professores para cujas matérias você deveria estar estudando.
5) Por mais que não saiba o nome de nenhum diretor, acabará aprendendo um pouco sobre nomes esdrúxulos como István Szabo, Babak Payami, Jim Jarmush.
6) Seus amigos e familiares podem nunca compreender porquê você os abandonou por tanto tempo.

Quanto às incertezas.... Essas são mais profundas. Afinal, freqüentar a mostra é alienação ou engajamento? Vontade ou imposição social? Lazer ou catarse coletiva? Sanidade ou loucura? Será que, já vítimas do consumismo capitalista, as pessoas descobriram que a cultura pode ser um fetiche de fácil acesso?

O fato é que, após ter visto a uma porção de filmes, pelo menos um deles terá sido tão lindo ou tão incrível que você finalmente reconhece que tenha valido a pena. E então fará seus planos e esperará ansiosamente pelo próximo ano...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Minas no CQC

O formato estilo show/ auditório exportado pelo CQC da Argentina – dono da versão original do programa – beira o cansaço. Câmera nervosa, cortes excessivos, brincadeirinhas “over” por parte dos apresentadores e merchandising infantilizada são os principais pontos fracos do programa da BAND. Mas a liderança do brilhante Marcelo Tas, a perspicácia e o preparo do time de repórteres e a edição impecável – contando com as divertidas artes – apontam, enfim, para a inovação no campo da mistura entre jornalismo e entretenimento. Nosso Custe o Que Custar vem acertando o tom desde a estreia, em março deste ano.

O quadro Proteste Já é meu favorito. A proposta é conferir, in loco, alguma denúncia de mau uso do dinheiro público encaminhada pelos telespectadores – falta de entrega de uniformes escolares, obras abandonadas, obras nunca realizadas, etc. As matérias são muito bem conduzidas, ricas em personagens, e sempre correm atrás da embaraçosa retratação por parte das administrações locais. O saldo positivo da experiência está em aproximar a politica das pessoas, mostrando o quanto ela afeta nossa realidade e, por isso mesmo, deve ser fiscalizada. Genial!

A motivação deste post é o video exibido no programa desta semana, dia 19 de Outubro. A tecnológica Itajubá, no sul de Minas, onde já estive três vezes a trabalho, foi a bola da vez. Denúncia: unidade móvel de saúde totalmente abandonada pela prefeitura municipal. O argumento é que o ônibus entregue com recursos do Ministério da Saúde se mostrou inviável para utilização devido às proporções e dependência de tomadas de energia elétrica (!!). Mas não houve como evitar o constrangimento. Confira!



Aqui, alguns relatos e fotos de Itajubá.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Mineiro ganha a Espanha


















Notícia fresquinha, lida direto da fonte - nosso mineiro-brasileiro Ziraldo, nascido em Caratinga, recebe hoje o importante Prêmio Quevedos - equivalente ao Prêmio Cervantes das Letras, mas para humoristas gráficos. Bacana, não? A matéria do El País traça uma trajetória resumida da carreira do artista e publica alguns dos seus principais personagens. Tem até a morena pelada que ele chegou a propor como possível mascote das Olimpíadas 2016... (!!)

Para o autor que me fez gostar da cor Flicts e me fez pensar sobre a vida adulta de uma forma leve e bonita com o Menino Maluquinho, parabéns!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Zoológico comestível














Era uma vez um administrador da área de farmácia. Fanático por cerveja e comida de boteco, resolveu fazer um curso de gastronomia. A escola era séria, mas sabe-se lá como as tais aulas acabaram servindo de inspiração para uma ideia bastante maluca – abrir um bar especializado em carnes... exóticas! Depois de muita pesquisa, investimento e experimentação de pratos, o bar do Juliano finalmente abriu as portas com o estiloso nome de Rima dos Sabores. A ideia está fincada no bairro do Prado, tradicionalmente residencial e um pouco afastado do centro e da noite badalada de BH.

E não é qualquer boteco, não. O bar é literalmente uma casa, daquelas antigas, com taco no chão e varanda fresquinha. A decoração foi encomendada com a Asmare, famosa associação de catadores de material reciclável - o tampo de algumas mesas é feito de restos de tubo de pasta de dente; as luminárias são feitas de objetos de cozinha velhos e as paredes são lotadas de quadrinhos com retratos encontrados no lixo. Histórias de gente de verdade trazidas a tona – quem disse que isso não é arte?

O cardápio organiza as opções de um jeito super simpático – você pode escolher entre ruminantes, nadantes e saltitantes, entre outros. Confesso que ainda tropeço nessa tal rima de sabores. Desta terceira vez que estive por lá optei por uma poesia, digamos, mais pobre. Fiquei com o jacaré. O búfalo e o avestruz me olharam de longe, chamativos entre os molhos e temperos..... só olharam.

O animadíssimo Juliano garante que todos os fornecedores de carne são legalizados. Ufa! Então o jeito é provocar o paladar sem pensar muito nos animais da floresta...

Para terminar este jabá espontâneo e não pago, falta o serviço básico - Rua Esmeralda, 522, Prado. (31) 3243-7120. Aberto de segunda a sábado, das 17h às 20h. E se você for vegetariano convicto, não se sinta excluído - peça logo a porção de bolinho de mandioca com parmesão.

Na foto, dia do meu aniversário, pose para um retrato não reciclável na parede. O Juliano é o moço de bandana na cabeça. Detalhe para o ovo verdadeiro de avestruz...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Dilúvio














Quando a capa do UOL dá destaque para uma cena de pânico registrada há três quarteirões da sua casa, não há como não se sentir um sobrevivente. Ufa!

Mais fotos da chuva em Beagá - pertinho de casa, aqui.

sábado, 3 de outubro de 2009

E vá pro Olho da rua!
















Aviso de última hora aos navegantes – termina domingo uma exposição imperdível na Galeria Olido, em São Paulo. Um grupo formado por fotógrafos, artistas plásticos e performes envolvidos há anos com o tema dos moradores de rua e cortiços apresenta suas visões pessoais sobre este universo de exclusão. O resultado é um caleidoscópio de sensações complexas e reveladoras.

Há ainda a força dos depoimentos de quem vive ou viveu a marginalidade social e o abandono. Parece algo simples, mas não é incrível que a vida e a voz dessas pessoas finalmente tenha ocupado uma galeria de arte pública?

Quem não pode estar em São Paulo ganha muito com a visita virtual detalhada em imagens no blog da exposição. O virtual em altas doses de realismo.

PARTICIPANTES
ALDERON COSTA , AUGUSTO CITRANGULO, ANTONIO BRASILIANO, ANDERSON BARBOSA, EDUARDO VERDERAME, ESQUELETO COLETIVO, F?, FABIANE BORGES, FELIPE BRAIT, FLAVIA VIVACQUA, FLORIANA BREYER, GUTO LACAZ + CELSO GITAHY, LUCAS D., MARCOS VILAS BOAS, MARIANA CAVALCANTE, PAULO ZEMINIAN, RODRIGO ARAUJO, PEETSSA, PEDRO RANCIARO, SEBASTIÃO NICOMEDES, TÚLIO TAVARES

OFICINAS OCAS”
CABEÇA SEM TETO, OFICINA DE CRIAÇÃO, PONTO DE CULTURA

CURADORIA E ORGANIZAÇÃO
ANTONIO BRASILIANO, EDUARDO VERDERAME E TULIO TAVARES

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A guerra mora ao lado

Nada melhor do que não ter que se programar demais para ver uma exposição de arte. Foram quase dois anos até que eu tirasse um sábado para ir ao Inhotim, para se ter uma ideia. Em São Paulo, pior ainda. O comum é ser vítima da fórmula coisa demais + tempo de menos = exposição perdida. Minha cidade ideal é, por isso, lotada de espaços de arte em cada esquina – em meia hora, no caminho de casa, uma janela a mais para o conhecimento.

Hoje fiz meu pit stop da volta do trabalho no recém inaugurado Espaço de Arte Pitágoras. O tema não me atraía a princípio – a 2ª Guerra Mundial - mas sai impressionada. São 1800 peças que remetem ao trágico evento pertencentes ao colecionador mineiro Marcos Renault. As diversas vitrines mostram fardas de soldados das nações envolvidas com a guerra, recortes de jornal em várias línguas, medalhas de condecoração, cartas de prisioneiros, capacetes desenterrados, bandeiras nazistas, gibis, manuais de guerra, posters de propaganda política e uniformes usados em campos de concentração na Alemanha.

Em meio a tanta coisa séria, há uma centena de brinquedos que me lembraram os tão queridos Comandos em Ação do meu irmão na infância. São miniaturas muito mais bem feitas que os similares da Estrela, claro – tanques de guerra, armamentos e submarinos totalmente fieis aos originais. Engraçado como ainda hoje estes brinquedinhos de guerra resistem a rede severa do politicamente correto... mas será mesmo normal brincar de matar e torturar?.. Vai entender....

Há ainda maquetes de cenas reais da guerra com soldadinhos de chumbo mortos e ensanguentados. Com variações – como uma invasão dos aliados a uma fazenda na Europa inimiga... De tão bem feitos, conquistaram o colecionador.

E já que não há o que comemorar nestes 70 anos do início da 2ª Guerra, resta lembrar. Ou conhecer. Para isso, vale se programar. A exposição fica em cartaz até 21 de outubro na rua Santa Madalena de Sofia, nº 152 – tel. (31) 2111-2103. Recado dado!