terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Eu vi o Celton!














Lacarmélio Alfêo de Araújo. Só pelo nome, já seria uma figura. Mas este mineiro de Mantena vai longe em suas particularidades – desde a década de 80, ele próprio vende os quadrinhos que desenha. Onde? Nos semáforos engarrafados de Belo Horizonte, com uma placa gigante e os simpáticos dizeres:

Leia Celton
Estou vendendo revistas em quadrinhos que eu mesmo fiz. Neste número: O Motoboy.
R$ 2,00 – 32 páginas

Segundo o próprio Lacarmélio – que também atende por Celton, o nome do herói das suas histórias – a fórmula da venda nas ruas é a que “finalmente emplacou a revista”. De tão pitoresco, já é visto por alguns cidadãos como patrimônio cultural mineiro. Bem, não é a toa que vibrei de felicidade ao encontrar o sorridente moço de 37 anos correndo na av. Senhora do Carmo e conseguir comprar a edição atual, voltada para o público infantil – A Mão da Mamãe. Tenho comigo outra revista, Mistério da Caverna, em edição especial distribuida gratuitamente pela Petrobras.

Bastante ingênuas do ponto de vista do conteúdo e simples graficamente, o grande barato de Celton não está exatamente no trabalho artístico. O lance é o contexto das aventuras do herói, todas ambientadas nas proximidades de Belo Horizonte – Serra do Curral, Estrada Real, Rio das Velhas, Sabará e av. Silviano Brandão são alguns dos cenários onde se as aventuras se desenrolam. Não deixa de ser divertido reconhecer algumas dessas paisagens, ruas e placas de trânsito... Recomendadíssimo!

E já que a alegria do rapaz é mesmo contagiante, escolho esta figura tipicamente mineira (e nada Finlandesa) para desejar a todos os amigos do Tutu um lindo Natal! Um grande abraço e até logo, logo...

*Olha que coisa, Celton está também na Wikipédia!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Paulistanices














Já me disseram que o termo “mineirice” pode soar pejorativo. O bonito, por essas bandas, é cantar a “mineiridade”. Bom lembrar que, ao menos no conceito deste espaço virtual, mineirice não tem nada de ruim. Pelo contrário: serve para traduzir peculiaridades, traços marcantes, curiosos, únicos. Por essas e outras, tenho encontrado uma verdadeira paixão como “caçadora de mineirices”.

*

Desta vez, inverti a ótica do binóculo. Neste rápido e frenético fim de semana em São Paulo, identifiquei algumas “paulistanices” que começam a ganhar nitidez...

- Só numa mega capital como São Paulo há tanto dinheiro em jogo a ponto de transformarem a decoração de Natal da av. Paulista na competição “Quem ilumina mais?”. Vejo claramente a inveja empresarial correndo solta – do prédio da Fiesp ao Banco Real, o discurso da sustentabilidade vai por água abaixo no gasto de energia com milhões de lâmpadas formando designs variados. Do brega ao chique, o que vale é ostentar. O extremo disso é constatar o trânsito da 1 da madrugada no domingo. Filas de carros e muita gente nas calçadas faz visita aos vários papais-noéis moradores de bancos. Estranhos tempos.

- Já viu três, quatro ou cinco seguranças vestidos de terno preto e munidos de radio-comunicadores em frente a prédio de classe média? A obsessão pela “segurança” pode mesmo não ter limites. Mesmo quando o salário do condômino não é lá essas coisas, ter homens de preto na porta do prédio virou padrão. [Enquanto isso, em BH a preferência é pelo sistema de alarme.... Lembra do post mais polêmico deste Tutu?]

- Shopping é praia de paulista e ponto final. Ao invés da tradicional praça de alimentação, os novos shoppings têm espaço para verdadeiros restaurantes internos, onde o ambiente simula um conforto distante da caustrofóbica realidade externa. Mas a ilusão dura pouco. Acabado o almoço, é hora de pegar fila para o elevador panorâmico e, em seguida, fila para pagar o tíquete do estacionamento. Pensando bem, as filas não acabam mais...

[Foto do Estadão, que acompanha matéria sobre o novo turismo de Natal em tempos de crise...]

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Triste Silviano











Não há reza braba no dia da padroeira da cidade nem fogos do aniversário de 112 anos da capital mineira que tirem a “urucubaca” da Silviano Brandão. Como num crescente de feiura, a grande avenida se torna mais agressiva e poluída a medida em que se distancia da Cristiano Machado e chega no Horto. Das poucas lojas de móveis com algum glamour para os Topa Tudo e os degradantes e mal cheirosos açougues, define-se uma paisagem triste, suja, agressiva, abandonada.

Nos últimos meses, os açougues colados na fumaça dos carros da rua ganharam roupagem nova. Mister boi, quem diria, tem caixas de som voltadas para a rua e catracas na entrada e na saída. No vidro, lê-se o inteligente slogan – “Aqui, é muuuuito melhor”. Não raro, bexigas são usadas na decoração. Mas como frequentadora da região há quase dois anos, preciso relatar que a antiga caatinga nauseante caracteristica da calçada dos açougues na era pré-reforma ainda insiste em aparecer eventualmente. Troço horrível.

Nessas idas e vindas pela avenida – próxima do Galpão Cine Horto – tento encontrar alguma poesia no concreto. A lojinha estilo armarinho, que vende fitas, papéis e botões, guarda um simpático traço interiorano. Mas as lanchonetes e os bares azulejados estão sempre ocupados por homens tristes em amarelos sorrisos movidos a cachaça. Nos balcões, os pastéis engordurados e o torresmo da semana passada jamais convidam para ficar. A chapa preta que frita o churrasco tem sempre cinco centímetros de velha gordura.

Triste, cinza, barulhenta. Sem saber muito da biografia de Benjamin Franklin Silviano Brandão, prefeito de Belo Horizonte entre 1909 e 1910, estou quase certa de que o politico merecia melhor homenagem.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Desfazendo a mala

Hora de criar coragem para esvaziar a mala de 10 dias de viagem por Minas - com gravações em Viçosa (de novo!!), São João del Rey, Barbacena e Lavras (duas novatas no meu passaporte mineiro). Mas acabo de decidir adiar meia hora desta bendita "hora da coragem" e dividir com vocês parte dos cacarecos e das descobertas que trago desses outros lugares/ outras cidades quase invisíveis...












Rosa geneticamente modificada - Barbacena













Suntuosa flor tropical: Bastão do Imperador - SJDR












Remédio popular do camelô - Barbacena













Paisagem barroca - SJDR