quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Mona Lisas mineiras











Pulamos o Carnaval. Literalmente. Desta vez, nada de desfile na Via 240 ou baile no Centro Cultural da UFMG. Sequer prestigiei os blocos de rua que começam a surgir em Belo Horizonte... Enfim, o tempo passou bem aproveitado em outros canais...

Fiquei devendo por aqui um comentário sobre a criativa exposição Cem Mona Lisas com Mona Lisa, em cartaz no Palácio das Artes até 21 de fevereiro. A mostra foi organizada a partir de 100 telas com releituras do secular quadro de Leonardo da Vinci feitas por artistas mineiros. Pela grandiosidade, a iniciativa já tem lugar garantido na próxima edição do Guiness Book. (Oh!!)

Na prática, o ponto de partida para os artistas parece ter sido a liberdade. Todos os quadros foram apresentados com a mesma dimensão de moldura, mas não houve restrição de materiais a serem utilizados. Por outro lado, algumas ideias de Mona Lisas se repetem – especialmente quando a protagonista do quadro é mostrada em versão brasileira.

Os olhos renascentistas ganham roupagem mineira em Gioconda de Vila Rica (Graça Malveira), onde aparecem incorporados no colorido corpo de Marília de Dirceu. A tela Mona Lisa mineira (Ronaldo Mendes) situa a figura em cenário de igrejas e festas de congado. Tem até a Monalisa de BH: negra, de cabelo afro e túnica tricolor, com o Palácio da Liberdade, a igreja da Pampulha e o parque Municipal de fundo.

Fantasias à parte, o melhor trabalho de interpretação contemporânea, na minha opinião, é Mona Lisa já não mais tão lisa (Lélia Parreira). Genialmente, os olhos enigmáticos se conservam no corpo de uma senhora sertaneja de pele enrugada e sem dentes. Apoiada numa cerca, lembra um dos tantos personagens que encontramos com facilidade no interior de Minas. Uma bela pintura.

O lado cômico ficou por conta de uma sacada mais “globalizada”. A Mona é pop (Lamounier Lucas) reproduz a versão original do quadro na capa da revista CARAS com a seguinte manchete:

Mona lisa abre seu coração
O sorriso mais enigmático da história da arte se encanta com a Ilha de Caras e revela estar feliz no Louvre

Adorei. E ainda é possível votar na Mona Lisa que você mais gostou. Espero ter feito uma sutil boca de urna para minhas favoritas...