domingo, 25 de abril de 2010

Música para crianças (será?)

Acho que amadureci um pouco antes da hora ouvindo as músicas tristes do disco Arca de Noé nos anos 80. "Corujinha, corujinha/ que feinha que é você", na voz de Elis Regina, ou "Lá vai São Francisco/ pelo caminho/ de pés descalços/ tão pobrezinho", por Ney Matogrosso, tocavam certa melancolia. Mas não me arrependo. As belas canções também me apresentaram a poesia de Vinicius de Morais e todo seu universo de seres fantásticos e falantes. O mesmo com o cult Saltimbancos, do Chico Buarque. Referências de peso para contra balancear a artilharia pesada da Xuxa que, confesso, também me atingiu em cheio...

Mas o que é Música para Crianças (assim mesmo, em maiúsculo) nos anos 2000? Bingo para quem disse Palavra Cantada. Ou Hélio Ziskind, em suas belas composições para os programas infantis da TV Cultura [viva o Castelo!!]. Mas cá entre nós - estas ainda são referências elitizadas. Não alcançam as massas, não chegam às crianças via TV Globo. O que chega, claro, é o pagode/ axé erotizado, com variantes no estilo Kelly Key. Caramba, que triste a sina destes pequenos...

Pois mesmo sem filhos tenho acompanhado a movimentação de artistas já consagrados no mundo, digamos, adulto, rumo ao público infantil. Adriana Calcanhoto, em sua versão Partimpim, deu gás ao movimento, agora seguido por Arnaldo Antunes em Pequeno Cidadão. Adoro o primeiro disco de Partimpim e me divirto com as tiradas psicodélicas do ex-Titã, mas sinceramente.... Não ouço nem vejo carisma ou vocação musical para lidar com um público tão especial.

Aliás, estive ontem no show Pequeno Cidadão, na programação deste ano do Conexão Vivo, em plena praça da Liberdade. Mas sai um tanto desolada. Bebês e crianças esperaram pelo atraso de quase duas horas com muita paciência; o cenário e os efeitos o video no telão são muito bem pensados; mas os adultos cantores no palco não seguram a onda na forma de conversar e brincar com o público alvo. O rock´n roll pesado (e também melancólico!!) parecia soar estranho aos ouvidos mirins. As chamadas para participação não convenciam...

De novo, reforço que estas são apenas impressões. No geral, confirmam a hipótese de que tanto Adriana como Arnaldo criam heterônimos para o experimentalismo, mas não mostram vocação para falar com as crianças. Estão certos, claro, mas a velha questão da falta de Música para Crianças de qualidade ainda permanece latente...



Depois do desabafo, parto para o jabá. Como já sinalizei aqui, meu marido Eduardo faz parte de um grupo de amigos/ músicos que desenvolve, há cinco anos, um trabalho muito dedicado ao univeso infantil. Feito de forma totalmente independente, o primeiro disco do grupo – Quando eu crescer – acaba de se tornar realidade. Com distribuição pela Tratore, o CD começou a ser vendido pela Internet e em algumas lojas do país. Está uma graça. Mas o mais importante é que as músicas, compostas por Fernanda Sander, conquistam a quem realmente se propõem a conquistar: as crianças.

Hoje entra no ar o blog do grupo, Éramos Três, onde pretendo colaborar com textos: http://eramostres.wordpress.com/. Visitem, comentem, ouçam!!! E vamos rastrear, juntos, as novas possibilidades da música brasileira que alie qualidade, carinho e vocação para tocar aos corações infantis. Abraços!

domingo, 11 de abril de 2010

Tutu com Goulash

Goulash: guisado de carne de vaca, a que por vezes se adiciona carne de porco, cortada em cubos e rapidamente alourada em gordura quente, juntando-se-lhe então farinha, cebola e especiarias, sendo depois o conjunto cozido em água. O autêntico goulash (significando em húngaro, comida de vaqueiros) era preparado pelos pastores húngaros com carne de vaca cozida, cebolas, banha de porco, pimentão (variante paprica), cominhos, sal e água, sem adição de farinha. É comum o uso de pimenta. Com origem na Hungria, o goulash é hoje popular também na Áustria e, em geral, em toda a extensão do antigo império austro-húngaro. [da Wikipedia]

Não cheguei a experimentá-lo tantas vezes assim. Mas o tal do goulash (nas versões carne bovina, inclusive) apareceu tantas vezes e em todos os países por onde passei que não poderia escolher outro símbolo alimentício para esta viagem pela Europa Central. É dele que trago o gosto apimentado do molho e o cheiro suave do cominho. Deixo-me inebriar por seus aromas exóticos para descrever algumas cenas européias desde um ponto de vista, digamos, curioso.

Budapeste – Húngaros e brasileiros devem ter raízes de irmandade a serem confirmadas por historiadores e arqueólogos. Um povo de cara solta (o inverso da “amarrada” dos alemães), simpático, educado, carismático, inteligente. Ao ponto de nos causar vergonha o fato de não saber dizer uma palavra em húngaro. Para o Tutu, trago a imagem dos senhores jogadores de xadrez em plena piscina de águas termais aquecidas a 38 graus.



Praga – cidade de sonhos, maravilhosa e mística. E tomada por hordas de turistas, literalmente. Tentem descobrir onde está o Wally abaixo e, em seguida, reparem em uma das formas mais sedentárias e bizarras de se fazer um tour guiado por uma bagatela de cerca de 150 reais o dia.



Berlim – O muro, o muro, o muro. Mesmo vendo, é difícil crer que um país e uma cidade tenham sido divididos fisicamente por quilômetros infindáveis de concreto por quase 30 anos. Mas logo descobrimos que mesmo as piores tragédias podem ser encaradas como oportunidades. Ainda hoje, entre os souvenirs mais populares da Alemanha, estão pedaços do cimento destroçado do que um dia foi visto como sucata. Vendidos por um bom preço, claro. [Tive que trazer como encomenda e ainda me pergunto se não fui enganada comprando pedras de um muro qualquer.....]



Por hora, é só.
E estou de volta!