domingo, 19 de setembro de 2010

Jubileu Congonhas

Os romeiros sobem a ladeira
cheia de espinhos, cheia de pedras,
sobem a ladeira que leva a Deus
e vão deixando culpas no caminho
(...)
Os romeiros pedem com os olhos
pedem com a boca, pedem com as mãos
Jesus, já cansado de tanto pedido
dorme sonhando com outra humanidade

(Romaria, de Carlos Drummond de Andrade)

Confesso ter travado quando precisei sentar para escrever o texto da matéria sobre o Jubileu de Bom Jesus de Matosinhos - festa religiosa realizada na cidade histórica de Congonhas há mais de 200 anos. A culpa é do poeta mineiro, autor dos versos acima. Como competir com uma reportagem tão profunda e sensível como o poema Romaria? Oras – só mesmo com a compaixão da poesia pode ser possível descrever um evento que é inteiro permeado pela subjetividade da fé de gente muito simples, que chega de todos os cantos do estado em agradecimento ao Bom Jesus.

Mas, vamos lá, minha missão não era tão impossível assim. Recuperada da emoção de ter testemunhado a mesma festa relatada por Drummond na década de 30, tomei coragem para descrever o que pude presenciar em algumas horas de muito sol e tumulto. Sim, na verdade aquela era a versão moderna da celebração, com romeiros que chegam de ônibus de excursão com ar condicionado e fazem pausa nas rezas para compras de roupas e produtos chineses em feira livre lotada de ofertas.

Apesar do tempo presente, nada me pareceu mais antigo do que os chamados ex-votos: quadros, objetos, pedaços de cabelo, fotos e bilhetes oferendados por fiéis em agradecimento a uma prece alcançada. Para isso, a basílica de Congonhas abriga a Sala dos Milagres. Ali, uma exposição de ex-votos do século 18 e 19 já consagrados como obras de arte se misturam a objetos recentes, como os trazidos naquele domingo em que estive por lá. A imagem é emocionalmente muito forte – um dos bilhetes manuscritos pedia ao Bom Jesus que “meus pais encontrem harmonia e parem de brigar”. Outro quadrinho, com texo impresso de computador e foto colorida de um bebê risonho, relatava a alegria de uma mãe que passou anos e anos tentando engravidar.

Seria capaz de passar horas estudando os tais ex-votos. Mas eles não cabiam no meu tempo e tampouco na matéria. O VT de 3 minutos e pouco feito para a TV local teve que passar por uma drástica edição para caber no limite imposto pela TV Brasil. Ainda assim, segue aqui o sobrou de um cansativo e interessantissimo dia de trabalho...

http://tvbrasil.ebc.com.br/reporterbrasil/video/9639/

[Imagens: Marcelo Abreu]

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Este blog está vivo!

Amigos e seguidores – poucos, mas fiéis: não desistam do Tutu. Esta que vos fala está a mil por hora, mas pretende continuar registrando algumas histórias por aqui. Para um rápido comentário: hoje o Mercado Central de BH comemorou 81 anos e estive lá fazendo reportagem. Adorei reencontrar colegas da Cultura Racional – Universo em desencanto, integrantes da banda responsável pela música da festa. [Lembram do post relatando a minha inusitada descoberta sobre a existência do grupo?? Tá aqui.]

Ah, e foi a primeira vez que encarei um pedaço de bolo gigante de festa popular. O bolo tinha 450 kilos e foi servido para duas mil e quinhentas pessoas! Docinho recheado de frutas e massa tipo pulmman: nenhum espetáculo gourmet, mas tragável!

Até breve!