tag:blogger.com,1999:blog-56509984051566632102024-03-13T10:31:56.838-07:00Tutu MineiroJúlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.comBlogger201125tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-46608520916992447562011-12-28T12:28:00.000-08:002011-12-28T12:39:33.850-08:00Panela velha, panela boa!<a href="http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSNd3dJflM9qBW587utnDP3I0RStL9i01G8KrCY3nFfrBPkVTpI" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 231px; height: 218px;" src="http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSNd3dJflM9qBW587utnDP3I0RStL9i01G8KrCY3nFfrBPkVTpI" border="0" alt="" /></a><br /><br /><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div>Abandonei esse bichinho aqui por meses e meses. Mas nunca pensei em fechar as portas. Afinal, tutu pode ser requentado, apimentado, aprimorado. Basta fogo na panela, criatividade e tempo.<br /><br />A criatividade para contar histórias andava canalizada para um projeto muito legal que rolou no meu trabalho, o quadro Histórias da Cidade. Como em 2012 ele deixa de ir ao ar, continuo por aqui publicando minhas humildes percepções do cotidiano e seus personagens curiosos... Quanto ao tempo, este depende de uma certa disciplina: entrar, publicar. Simples assim, como rabiscar pensamentos em um velho caderno. Para que a escrita não se perca em ferrugens. Para que os meus amigos de longe – e os de perto – possam compartilhar episódios da vida dessa agora balzaquiana mulher de 30 anos. O fogo? Há de vir da natureza!<br /><br />Em 2011, o trabalho me fez conhecer pessoas incríveis que a tiveram a paciência de dedicarem algumas horas a uma conversa seguida de entrevistas. Entre eles, levo com carinho a lembrança do <a href="http://www.redeminas.tv/centro-de-midia/historias-da-cidade/colecionador-de-lixo">Jessé</a>, o colecionador que junta lâmpadas, fitas e pedaços de bonecos encontrados no lixo. E assim se descobre artista. Também me emocionou conhecer o <a href="http://www.redeminas.tv/centro-de-midia/historias-da-cidade/bonito-da-ceasa">“seu Bonito”</a>, um carregador da CEASA de Contagem que passava as noites da semana dormindo dentro do seu Fiat Uno. A beleza interior só pode ser muito grande, para ter um apelido assim.<br /><br />Deixo os links para as matérias citadas e sigo pensando em outras ideias, sonhos, projetos. E sirvo a ceia do reveillon 2012 com um belo tutu à mineira!<br /><br />Feliz Ano Novo a todos!<br />Até logo, logo!</div>Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-41823869741697069562011-03-12T18:32:00.000-08:002011-03-12T18:40:22.575-08:003 anos, 7 mesesO tempo voou. Mas não é pouco tempo. A caminho dos 4 anos de Minas Gerais, começo a sentir a estranheza de ver São Paulo com olhos de longe. Mais uma ponte cheia de ferros sendo inaugurada. Mais um espigão com loft e terraço gourmet rompendo o céu das Perdizes. Mais uma estação de metrô na placa do itinerário. Expansão, enchentes, marginais cada vez mais marginalizadas. Cidade de louco.<br /><br />Apesar disso e da loucura, consigo reconher São Paulo como minha cidade por algumas sutilezas vivenciadas ao longo dos 26 anos em que estive lá. <br /><br />Motorista mezzo barbeira iniciante que sou, ainda respiro mais aliviada ao me aventurar de carro em Sumpaulo. Paulista, Dr. Arnaldo, pega a Afonso Bovero, desce Apinagés, vira na Amiberê e chegou. Só não encaro cruzar para a zona Leste sozinha. Também gosto de bater perna pela velha Benedito Calixto – um “estar bem” descompromissado, desenlatado da luz artificial, no meio da praça – coisa rara em Belo Horizonte. Gosto de encontrar amigos pela região da paulista, naquele sobe e desce da rua Augusta. Um café no Viena, programa de gente grande, sempre cai bem e faz com que as horas andem um pouquinho mais devagar. Cinema no CineSesc, de cara para a rua – outra delícia peculiar da cidade, capaz de sobrepor boas memórias de infância e vida adulta.<br /><br />Pensando bem, São Paulo ainda tem algo de “minha” enquanto posso chegar a qualquer hora na velha casa da Vila Romana e econtrar minha vó Luzia de barriga no fogão. E esperar um pouco pela chegada de primos e tios que entram e saem de lá a qualquer momento. Enquanto me desdobro para ver amigos queridos, em horários pontualmente marcados e respeitados, porém deliciosamente saboreados. Enquanto consigo marcar um almoço gostoso e aproveitar cada brecha do dia para reencontros. Enquanto passeio pela cidade acompanhada da mãezinha que tanto me faz falta. Enquanto vejo meu irmão desleixado e revivo a alegria de ser irmã de um cara tão especial.<br /><br />Ainda sou paulistana pelo(s) pedaço(s) de mim que deixei na cidade.<br />E morro de saudades.<br /><br />E estranhamente consigo estar feliz a 586 km de distância.<br /><br />[Sobre ser forasteira em BH, no próximo post.]Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-87094454924849981342011-02-22T06:20:00.000-08:002011-02-22T06:24:46.232-08:00Sauna no MorroVolto a aparecer sem muitas palavras escritas, dando lugar às imagens e às vozes que contam histórias. Esta, quero espalhar para o mundo. Meus vizinhos aqui do Morro do Papagaio mostram como a solidariedade pode realizar o sonho de menino... *Com música e letra de Kdu dos Anjos, feita sob encomenda! ;-) <div><br /></div><div><script src="http://player.sambatech.com.br/current/samba-player.js?playerWidth=560&playerHeight=315&profileName=sambaPlayer-redeminas.xml&ph=70db09a89afce8cc5ca2ef7542006fd5&m=2c9380e42daf91ef012db89b7a8a0190"></script></div>Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-12524333072494482082011-01-23T10:58:00.000-08:002011-01-23T11:14:33.655-08:00Um achado de barbearia...Para produzir o quadro Histórias da Cidade, da Rede Minas, tenho contado muito com sugestões de colegas e de amigos que conhecem bem Belo Horizonte. Mas confesso o quanto gostaria de ter mais tempo para bater perna e olhar. Assim costumam surgir ótimas possibilidades de retratar o novo em lugares aparentemente batidos da cidade... Foi assim, meio por acaso, que descobri uma barbearia a moda antiga instalada no edifício Mariana, pertinho da pca Sete. Logo nas primeiras palavras trocadas com Geraldinho, o lider do trio de barbeiros, já ficou na cara que aquele lugar merecia uma reportagem. <div><br /></div><div>Segue então o produto daquele passeio despretensioso pelo edifício Mariana, tradicional ponto de lojas para noivas e casamentos na cidade... (faceta que um dia também deve virar pauta do Histórias da Cidade....)</div><div><br /></div><div><script src="http://player.sambatech.com.br/current/samba-player.js?playerWidth=560&playerHeight=315&profileName=sambaPlayer-redeminas.xml&ph=70db09a89afce8cc5ca2ef7542006fd5&m=2c9380e42d90afc0012d944194390090"></script></div>Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-80924311336147595912011-01-04T04:58:00.000-08:002011-01-04T05:16:10.413-08:00Ano Novo em paz...Em épocas de axé e danças com "animaizinhos" dentro da igreja católica, não deixa de ser interessante conhecer os primórdios do catolicismo preservados em um mosteiro. Esses são espaços construídos originalmente fora do perímetro urbano, cercado por muralhas que preservam em parte a regra da vida monástica escrita por São Bento no século V. Pois bem, aqui em BH sou vizinha de um mosteiro, onde 50 monjas trabalham e rezam desde a madrugada com um semblante leve e alegre.<br /><br />A curiosidade em conhecer melhor esse lugar e essas mulheres me levou à primeira conversa com a madre Estefanea agendada no "parlatório" do mosteiro. A rápida reunião virou uma entrevista de quase três horas. Semanas depois, voltaria como repórter. O resultado já foi ao ar no quadro <span style="font-style: italic;">Histórias da Cidade</span> e agora está na Internet. Minha mensagem de tranquilidade, concentração e realizações para 2011...<br /><br /><script src="http://player.sambatech.com.br/current/samba-player.js?playerWidth=560&playerHeight=315&profileName=sambaPlayer-redeminas.xml&ph=70db09a89afce8cc5ca2ef7542006fd5&m=2c9380e32d24c840012d2807a6a0014e"></script>Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-46251885490427731992010-12-17T03:55:00.001-08:002010-12-17T04:34:07.064-08:00Hoje tem Zé Totó!Vai ao ar o terceiro quadro do Histórias da Cidade nesta sexta, nas duas edições do Jornal da Rede Minas - às 12h e às 19h. Ver o programinha do Zé Totó indo ao ar vai me deixar um pouco órfã; mãe colocando o filho no mundo... Estive umas quatro vezes na mercearia do carismático Totó. Apuração, produção, reportagem, regravação... caprichamos nas imagens e nos detalhes, no mergulho no mundo dos objetos e da fiel freguesia da rua Aporé.... Em breve quero dar o link para a reportagem, mas por enquanto replico o texto que escrevi para o <a href="http://www.redeminas.tv/historias-da-cidade/blog/hist%C3%B3rias-da-cidade/vende-se-de-tudo">blog</a> do quadro hospedado no site da Rede Minas.<br /><br />-----<br /><span style="font-weight: bold;">Vende-se de tudo!</span><span class="data"></span> <div class="content clear-block"> <p> Lembra daquelas mercearias antigas, típicas de interior, onde é possível encontrar de tudo? De esmalte a queijo, de peneira a doces, de bebidas a pregos? Pois bem, desde o inicio da povoação de Belo Horizonte, esses armazéns e botequins eram os principais pontos de comércio da cidade. Aos poucos, deram lugar a supermercados, padarias, lojas, shoppings. Mas em pleno ano 2010 conseguimos encontrar uma Mercearia típica deste tempo: a do Zé Totó, no bairro Aparecida, fundada em 1943.</p> <p> Aos 81 anos, seu Zé Totó é uma daquelas figuras carismáticas que conquistam à primeira vista. Um senhor agitado, competente, dedicado. Ele herdou o comando da Mercearia Aporé do pai, vindo do interior. A freguesia ultrapassa os limites do bairro - a fama de “vender de tudo” traz fregueses de todas as regiões da cidade. O comércio - com balcão de madeira e penduricalhos espalhados por todos os cantos – funciona das 8 da manhã às 9 e quinze da noite.</p> <p> Em época de consumismo intenso puxado pelo clima de Natal, esta reportagem revela como a relação com os objetos pode ser diferente. E, acima de tudo, nos oferece a chance de mergulhar no acolhedor e tradicional universo de Zé Totó. Não perca!! O Histórias da Cidade vai ao ar nesta sexta-feira, dia 17, nas duas edições do Jornal Minas - às 12h e às 19h.</p> </div>Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-85470962684463060992010-12-09T04:39:00.000-08:002010-12-09T05:16:58.701-08:00Você não precisa de um salão de beleza<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSNyTmxRJLiPxEC-vZe_D5J_w-Q5LianvrfF-UJsqgRWdHktJJv"><img style="cursor: pointer; width: 252px; height: 200px;" src="http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSNyTmxRJLiPxEC-vZe_D5J_w-Q5LianvrfF-UJsqgRWdHktJJv" alt="" border="0" /></a><br />Desde o dia 1. de dezembro, a manicure da rua de baixo começou a maratona de fim de ano. Corta cutículas, lixa unhas e pés, cheira acetona e torce a coluna para servir a suas exigentes clientes de segunda a sábado. Perdeu a segundinha de teórico descanso, na prática dedicada à idas a bancos e ao médico, compras de casa e do salão, faxina, problemas pessoais. Maria é uma guerreira, gente finíssima; mulher negra beirando os 50 anos com o sonho de montar o próprio salão, adotar uma criança e voltar para São Paulo. É de lá, veio para Minas pequena. Ficou com a ilusão.<br /><br />O universo dos salões de beleza é paralelo à realidade da cidade, à realidade dos homens e de mulheres mais desencanadas. Eu mesma, que nunca liguei tanto para ter unhas pintadas semanalmente com o novo hit da Colorama, acabei mergulhando mais nesses espaços desde que virei “mulher de TV”. São lugares curiosos, de variados estilos. Gosto da Maria, mas já parei em lugares como o <span style="font-style: italic;">Essencialli</span>, no São Bento – três reais a mais no preço da manicure se traduzem em toda uma “infra” poderosa, com água e café, poltronas individuais, TV de plasma em algum programa trash e várias profissionais disponíveis e vestidas com blusinha cor de rosa. Tem outra galeria aqui perto com espaços mais genéricos, com moças meio emburradas que costumam falar mal da patroa enquanto lixam nossa unha com força.<br /><br />Em comum, esses lugares são espaços para conversas fúteis regadas a leitura dinâmica de revistas como <span style="font-style: italic;">Contigo, Caras, Nova, Minha Novela</span>. Já levei uma <span style="font-style: italic;">CartaCapital </span>a um desses lugares e parei de ler já primeiro parágrafo sobre o caso Satiagraha. Seria o cúmulo do “pimba” – pseudo-intelectual-metida-a-besta. Afinal, bafões sobre o fim do casamento de Pato e Sthefany Brito estavam ali do lado....<br /><br />Vou a salões como quem vai a uma expedição antropológica. Por mais que eu frequente o lugar, sempre serei “de fora”. Por mais que goste de me sentir arrumada, mantenho a capacidade de me assustar com meninas de 10 anos fazendo unha e escova progressiva, adolescentes que grudam megahair na cabeleira, peruas fofoqueiras, senhoras mal educadas e preconceituosas. E com o fato de que não, não quero experimentar a nova cor verde-musgo-turmalina da Colorama. "C'est la vie".Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-71196945564029292622010-12-02T11:35:00.000-08:002010-12-02T11:43:18.468-08:00Tempo de novo!<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSkipbnawEZxfYfVAvTiBjgCRekByoRJw1znIzlHZfuJqtLKpkDfw"><img style="cursor: pointer; width: 259px; height: 194px;" src="http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSkipbnawEZxfYfVAvTiBjgCRekByoRJw1znIzlHZfuJqtLKpkDfw" alt="" border="0" /></a><br /><br />Estreia amanhã, dia 3, após meses de gestação, meu novo trabalho na Rede Minas. Cá para nós, brinco que vamos dar um salto na apresentação de várias aventuras cotidianas que poderiam ser contadas neste Tutu Mineiro – agregando a opinião e o profissionalismo de muita gente interessada em contar boas histórias. É o quadro Histórias da Cidade, que passa a ir ao ar toda sexta-feira nas duas edições do Jornal Minas. Em breve, também com seu próprio blog!<br /><br />A proposta é destacar personagens e lugares que muitas vezes passam despercebidos (ou quase invisíveis.....) no nosso dia a dia em Belo Horizonte. Mergulhar nesses universos, dar espaço às pessoas e seus causos. Vamos para a periferia e para o centro sem preconceitos, descobrindo as diversas faces que compõem a identidade da capital.<br /><br />Para quem anda experimentando do meu Tutu, boto água no feijão e convido os amigos para esta feijoada feita no capricho! Abraços!Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-45873982272443715692010-11-01T14:16:00.000-07:002010-11-01T14:24:00.350-07:00Dilma & EuUFA, ufa, ufa. Dilma lá! Durante a comemoração de ontem, a primeira frase aos amigos que encontrava era “Não acredito!!..” Mulher na presidência? Com o Brasil conservador e preconceituoso que se revelou nessa campanha?... É com felicidade que constato como a maioria dos brasileiros teve garra para enfrentar os boatos e as guerras virtuais fundadas na baixaria votando na candidata capaz de dar continuidade ao projeto político iniciado com Lula. Um projeto de desenvolvimento econômico voltado para a inclusão das pessoas, pelo respeito aos movimentos sociais e aos direitos humanos.<br /><br />Ufanismos a parte, também fiquei feliz por ter tido a chance de conhecer os bastidores das notícias na reta final da eleição. Escalada para a carreata de Dilma em Venda Nova, região norte e relativamente pobre da cidade, vivenciei a loucura de estar entre dezenas de repórteres colados na candidata. Organizados por uma simpática e descolada assessora de imprensa, ficamos plantados em frente à lagoa da Pampulha em posição de ataque. Mas o atraso foi de pouco mais de duas horas. No estresse geral, acabou sobrando tempo para conversa furada (“bonito seu sapatinho!..), para alguma ginástica laboral e espiadas no texto da passagem do colega.<br /><br />Até que a mulher chega. E entra pelo lugar errado, colada em um monte de brucutu – entre eles, um empurrador e cotovelador profissional. (Se eu fosse repórter da Piauí faria um perfil daquele alemão. Cara bizarro....). foi A ZONA. De nada valem as organizações amigáveis feitas anteriormente. Vira a guerra. Fui sufocada e tive que achar um espaço mínimo entre um sovaco e um pescoço. No meio da gravação - na qual a candidata fala o que quer, uma vez que dez perguntas são feitas ao mesmo tempo – passo o microfone para um colega. A mão não alcançava mais.<br /><br />Repentinamente, Pimentel aparece arrancando Dilma do bolo. Seguem voando para poucos quilômetros dali, onde começaria a carreta. Vamos atrás. Fiz a loucura de subir no caminhão que vai em frente ao carro de Dilma, montado especialmente para os cinegrafistas e fotógrafos. Incrível ter saído viva de lá. Mas foi surreal. Em constantes freadas buscas, o motorista fazia a turma cair feito dominó – primeiro um, depois os outros. Os alambrados eram todos meio soltos, perigo total. Sem contar o sol escaldante.... (só um felizardo teve a ideia de levar guarda-chuva para tapar o sol). O fotógrafo da UOL cansou do caminhão e pulou de lá de cima com o bicho em movimento. Para completar, no final da carreta, o carro de Dilma virou para a esquerda e nosso motorista seguiu reto. Foi a revolta geral, com gente enxergando uma pegadinha na estratégia.<br /><br />Esta é a cobertura da qual mais me arrependo por não ter gravado os bastidores.<br />Ainda mais sabendo que estávamos na cola da agora presidente de Brasil.<br /><br />A matéria aproveitada pela TV Brasil não conta nem um segundo desta história. Mas serve de souvenir.<br /><br /><object width="400" height="300" data="http://tvbrasil.ebc.com.br/reporterbrasil/site_media/swf/flowplayer-3.1.5.swf" type="application/x-shockwave-flash"><param name="movie" value="http://tvbrasil.ebc.com.br/reporterbrasil/site_media/swf/flowplayer-3.1.5.swf" /><param name="allowfullscreen" value="true" /><param name="allowscriptaccess" value="always" /><param name="flashvars" value='config={"clip":{"autoPlay":false,"autoBuffering":false,"url":"http://tvbrasil.ebc.com.br/reporterbrasil/site_media/videos/2010-10-30/23_Dilma_BH.flv"},"playlist":[{"autoPlay":false,"autoBuffering":false,"url":"http://tvbrasil.ebc.com.br/reporterbrasil/site_media/videos/2010-10-30/23_Dilma_BH.flv"}]}' /></object>Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-31092717130618300352010-10-26T19:05:00.000-07:002010-10-26T19:08:42.898-07:00Humor e eleiçãoMuito trabalho e pouca festa, os males do Brasil são.<br />Em época de estresse pré-eleição, recebi uma das melhores piadas com Dilma e Serra. Compartilho!<br /><span style="font-size:130%;"><br /><span style="font-style: italic;">Serra e Dilma respondem: “Por que a galinha atravessou a rua?”</span></span><br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Dilma Rousseff:</span><span style="font-style: italic;"> “No que se refere ao fato de a galinha ter cruzado a rua, eu considero que este é mais um ganho do governo do presidente Lula. Eu considero que foi apenas depois que o presidente Lula me pediu para coordenar o PAC das Ruas é que as galinhas no que se refere ao cruzamento das ruas tiveram a oportunidade de poder cruzar as ruas, coisa que, aliás, só as galinhas com maior poder aquisitivo podiam no governo FHC, no qual o meu adversário foi ministro do Planejamento e da Saúde”.</span><br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">José Serra:</span><span style="font-style: italic;"> “Olha, este é mais um trolóló da campanha petista. Veja bem, as galinhas cruzam as ruas no Brasil, há anos. Eu mesmo coordenei a emenda na Constituição que permite o direito de ir e vir das galinhas. Eles ficam falando que foram eles que inventaram esse cruzamento de ruas, mas já no governo Montoro, quando eu era secretário do Planejamento, as galinhas cruzaram as ruas com maior segurança. Eu, por exemplo, criei o programa Galinha Paulistana, que permitiu que milhares de galinhas pudessem cruzar as ruas e, agora no meu governo, vou criar o “Galinha Brasileira”, em que toda galinha terá direito de cruzar as ruas quantas vezes quiser “.</span>Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-49064362479378430312010-10-19T04:31:00.001-07:002010-10-19T04:39:50.882-07:00Minas e a Política....Com todos os mil discursos, boatos, blá blá furado, tenho observado como os mineiros são conscientes da relevância política do Estado na definição das eleições. Já ouvi gente dizendo que as políticas que funcionam em São Paulo ou no Nordeste não funcionariam aqui e já vi quem ainda não se conforma pela não escolha de Aécio como presidenciável do PSDB nessas eleições.... Agora acabei de descobrir um vídeo com marchinha do compositor mineiro Flávio Henrique que mostra outra faceta desse orgulho regional - desta vez, de olho em votos para Dilma, uma mineira de Belo Horizonte. Desconsiderando o mau gosto na escolha de algumas fotos, vale assistir!!<br /><br /><object width="480" height="385"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/P4nSjDsx1Ok?fs=1&hl=en_US&rel=0"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/P4nSjDsx1Ok?fs=1&hl=en_US&rel=0" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object>Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-10560867746351696582010-09-19T15:00:00.000-07:002010-09-19T15:14:26.648-07:00Jubileu Congonhas<span style="font-style: italic;">Os romeiros sobem a ladeira </span><br /><span style="font-style: italic;">cheia de espinhos, cheia de pedras, </span><br /><span style="font-style: italic;">sobem a ladeira que leva a Deus </span><br /><span style="font-style: italic;">e vão deixando culpas no caminho </span><br /><span style="font-style: italic;">(...)</span><br /><span style="font-style: italic;">Os romeiros pedem com os olhos </span><br /><span style="font-style: italic;">pedem com a boca, pedem com as mãos </span><br /><span style="font-style: italic;">Jesus, já cansado de tanto pedido </span><br /><span style="font-style: italic;">dorme sonhando com outra humanidade </span><br /><br />(<span style="font-style: italic;">Romaria</span>, de Carlos Drummond de Andrade)<br /><br />Confesso ter travado quando precisei sentar para escrever o texto da matéria sobre o Jubileu de Bom Jesus de Matosinhos - festa religiosa realizada na cidade histórica de Congonhas há mais de 200 anos. A culpa é do poeta mineiro, autor dos versos acima. Como competir com uma reportagem tão profunda e sensível como o poema Romaria? Oras – só mesmo com a compaixão da poesia pode ser possível descrever um evento que é inteiro permeado pela subjetividade da fé de gente muito simples, que chega de todos os cantos do estado em agradecimento ao Bom Jesus.<br /><br />Mas, vamos lá, minha missão não era tão impossível assim. Recuperada da emoção de ter testemunhado a mesma festa relatada por Drummond na década de 30, tomei coragem para descrever o que pude presenciar em algumas horas de muito sol e tumulto. Sim, na verdade aquela era a versão moderna da celebração, com romeiros que chegam de ônibus de excursão com ar condicionado e fazem pausa nas rezas para compras de roupas e produtos chineses em feira livre lotada de ofertas.<br /><br />Apesar do tempo presente, nada me pareceu mais antigo do que os chamados ex-votos: quadros, objetos, pedaços de cabelo, fotos e bilhetes oferendados por fiéis em agradecimento a uma prece alcançada. Para isso, a basílica de Congonhas abriga a Sala dos Milagres. Ali, uma exposição de ex-votos do século 18 e 19 já consagrados como obras de arte se misturam a objetos recentes, como os trazidos naquele domingo em que estive por lá. A imagem é emocionalmente muito forte – um dos bilhetes manuscritos pedia ao Bom Jesus que “meus pais encontrem harmonia e parem de brigar”. Outro quadrinho, com texo impresso de computador e foto colorida de um bebê risonho, relatava a alegria de uma mãe que passou anos e anos tentando engravidar.<br /><br />Seria capaz de passar horas estudando os tais ex-votos. Mas eles não cabiam no meu tempo e tampouco na matéria. O VT de 3 minutos e pouco feito para a TV local teve que passar por uma drástica edição para caber no limite imposto pela TV Brasil. Ainda assim, segue aqui o sobrou de um cansativo e interessantissimo dia de trabalho...<br /><a href="http://www.blogger.com/%3Cobject%20width=" 400="" height="300" data="http://tvbrasil.ebc.com.br/reporterbrasil/site_media/swf/flowplayer-3.1.5.swf" type="application/x-shockwave-flash"><param name="movie" value="http://tvbrasil.ebc.com.br/reporterbrasil/site_media/swf/flowplayer-3.1.5.swf"><param name="allowfullscreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><param name="flashvars" value="config={"clip":{"autoPlay":false,"autoBuffering":false,"url":"http://tvbrasil.ebc.com.br/reporterbrasil/site_media/videos/2010-09-14/37_Festa_Bom_Jesus_de_Matozinho.flv"},"playlist":[{"autoPlay":false,"autoBuffering":false,"url":"http://tvbrasil.ebc.com.br/reporterbrasil/site_media/videos/2010-09-14/37_Festa_Bom_Jesus_de_Matozinho.flv"}]}"></a><a href="http://tvbrasil.ebc.com.br/reporterbrasil/video/9639/"><br /></a><a href="http://tvbrasil.ebc.com.br/reporterbrasil/video/9639/" 400="" height="300" data="http://tvbrasil.ebc.com.br/reporterbrasil/site_media/swf/flowplayer-3.1.5.swf" type="application/x-shockwave-flash">http://tvbrasil.ebc.com.br/reporterbrasil/video/9639/</a><br /><br />[Imagens: Marcelo Abreu]Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-67680644830888104862010-09-07T18:03:00.000-07:002010-09-07T18:06:23.370-07:00Este blog está vivo!Amigos e seguidores – poucos, mas fiéis: não desistam do Tutu. Esta que vos fala está a mil por hora, mas pretende continuar registrando algumas histórias por aqui. Para um rápido comentário: hoje o Mercado Central de BH comemorou 81 anos e estive lá fazendo reportagem. Adorei reencontrar colegas da Cultura Racional – Universo em desencanto, integrantes da banda responsável pela música da festa. [Lembram do post relatando a minha inusitada descoberta sobre a existência do grupo?? Tá <a href="http://tutumineiro.blogspot.com/2008/03/leia-o-livro.html">aqui</a>.]<br /><br />Ah, e foi a primeira vez que encarei um pedaço de bolo gigante de festa popular. O bolo tinha 450 kilos e foi servido para duas mil e quinhentas pessoas! Docinho recheado de frutas e massa tipo pulmman: nenhum espetáculo gourmet, mas tragável!<br /><br />Até breve!Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-65093795883856210592010-08-12T07:33:00.000-07:002010-09-07T18:19:13.759-07:00De volta às coletivas<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://somosandando.files.wordpress.com/2010/05/charge_yeda_tve.jpg"><img style="cursor: pointer; width: 343px; height: 321px;" src="http://somosandando.files.wordpress.com/2010/05/charge_yeda_tve.jpg" alt="" border="0" /></a><br />“Coletiva”, para quem não é jornalista, refere-se a uma entrevista convocada por uma personalidade ou “autoridade”, normalmente às dez horas da manhã, para que a imprensa seja informada de algo supostamente importante para a sociedade. Afastada do jornalismo diário por dois anos, tive a chance de relembrar tais momentos de selvageria em duas coletivas realizadas na mesma manhã desta segunda-feira. Loucura.<br /><br />*<br /><br />Na primeira pauta, tranquila, acompanhamos o início do curso de treinamento aos mesários das próximas eleições. Eis que chega o juiz da zona eleitoral, que nos daria a esperada “sonora” – sem a qual não há autorização para a retirada do recinto. Repórteres de todas as espécies e veículos se entreolham, esperando o momento de “avançar”. Mas o curso está em andamento, não podemos interromper. E a presa continua na mira. Mal a moça desliga o microfone, o juiz já está acossado no bololô de microfones, luzes, gravadores, braços esticados. Primeira lesão do dia – nunca fiz musculação para sustentar o microfone por tanto tempo. Entro no sovaco de um, faço ginástica com a cabeça, ouço pedidos de “sai da frente, pessoal!!”. E reparo como as perguntas acabam saindo meio sem nexo, repetitivas, chatas. No entanto, enquanto há perguntas, paira o imaginário de que não podemos sair dali – vai que algo bombástico seja declarado..... claro que não será!!<br /><br />*<br /><br />“Vai ter coletiva na polícia agora sobre o caso Maioline, corre pra lá”. Júlia não sabe quem é, o que é Maioline. Implora por alguma pista junto ao apurador. Chega atrasada, posiciona microfone na mesa dos delegados e se resigna a ouvir sobre o que nada sabe. Anota palavras desconexas do policial, tenta extrair alguma lógica, mas não resiste a perguntar para uma colega com cara de competentíssima (e de repórter de jornal impresso, por não estar maquiada ou de “terninho”). “Qual a novidade da coletiva??”. Ufa, descubro então que Thales Maioline, principal suspeito de uma fraude milionária que enganava investidores em Minas, agora teve a prisão decretada e se torna oficialmente foragido da justiça.<br /><br />A repórter da Globo quer saber como serão as apreensões na falsa empresa do golpista e se levanta primeiro da “plateia” de jornalistas. Todos se levantam – é dada a deixa para a “sonora”. Avanços gerais, brigas, desespero, perguntas ruins. Peixe fora d´água, quebro com minha promessa de ficar calada e já me vejo perguntando algo que penso ser importante durante as investigações da polícia. Nessa hora, é preciso gritar, falar alto e com tom de autoridade – a única lei de comum acordo para que se consiga “a vez” na hora de perguntar. Depois, é preciso paciência para perguntas e respostas picadas, para o insistência do cara da rádio, para a viagem da moça da televisão, etc...<br /><br />*<br /><br />A coletiva virou a primeira matéria do jornal do meio dia. E a fita chegou na redação às 11h45. Adrenalina a mil, acabou entrando. E eu não sei como tanta gente sobrevive ao infarto antes dos 40.<br /><br />*<br /><br /><span style="font-style: italic;">Este post foi inspirado em leitura de uma série de três crônicas escritas por Perseu Abramo na década de 60 e reeditadas em "Um trabalhador da Notícia" (ed. Fundação Perseu Abramo). Com vasta experiência e competência como repórter, Perseu descreve os tipos mais comuns e interessantes das “coletivas” de forma impagável – entre eles o Sujeito da Televisão, o locutor de rádio, o Fotógrafo Apressado, o Foca e o Repórter Subversivo. Alguns trechos:</span><br /><br /><span style="font-style: italic;">“Repórteres os há de toda espécie e variedade. Há o Repórter Subversivo que chega e toma o melhor lugar e que usa colarinho aberto e corpo ereto. Não faz perguntas: oferece opções. “O senhor é a favor da paz ou é u imperialista sanguinário?” “O senhor é contra a bomba atômica ou é um capitalista reacionário?” “O senhor bebe pinga mesmo ou é vendido à Wall Street?” O Repórter Subversivo não deixa passar nada, não perdoa ninguém: economista ou trapezista, tenista ou musicista, o entrevistado tem de ser contra a bomba atômica ou um burguês fascista”.</span><br /><br /><span style="font-style: italic;">“Mas o mais interessante dos repórteres é o Repórter Original. A primeira coisa que se deve dizer do Repórter Original é que ele constitui a maioria entre os repórteres: todos se consideram originais”.</span>Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-30080153668862233952010-08-06T10:56:00.001-07:002010-08-06T11:31:13.329-07:00A cidade é o palco!<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.new.divirta-se.uai.com.br/arquivos/galeria_foto/2010/08/05/2450/26485.jpg"><img style="cursor: pointer; width: 461px; height: 304px;" src="http://www.new.divirta-se.uai.com.br/arquivos/galeria_foto/2010/08/05/2450/26485.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><br />De cara, o estranhamento é dos grandes... Um tapete vermelho em plena praça Sete? Palco montado no cruzamento mais agitado da Savassi?? Pois é... Logo soube se tratar de uma instalação do <a href="http://www.fitbh.com.br/2010/">Festival Internacional de Teatro</a>, o FIT ameçado de extinção que, pelo bem da nação e da classe artística de Minas, acabou saindo.... O trabalho é de Paulo Pederneiras, também cenógrafo do <a href="http://www.grupocorpo.com.br/site/">Grupo Corpo</a>. Ainda não vi os espetáculos que devem ocorrer nestes espaços "vermelhos", mas já aplaudo a iniciativa capaz de quebrar a monotonia cinza da cidade...<br /><br />Ontem de noitão estive na abertura do festival, com o trabalho K@osmos, da Espanha. Fui atraída pela mega-estrutura montada na praça da Estação, com show ao vivo estilo Bjiork e um guindaste gigante que serviu de sustentação para acrobacias feitas no ar por um grupo de artistas. Foi bonito, preciso admitir, mas passou longe de um trabalho que inspirasse o teatro. Muito deslumbre, pouco encantamento.... Os artistas convenceram como profissionais acrobatas, mas não como atores de expressão corporal ou emotiva... Mas, deixando de ser chata, claro que valeu a pena.<br /><br />Devo conseguir acompanhar outras atrações internacionais programadas para o evento, mas temo que o show de pirotecnia e megalomania tire o espaço do teatro que comunica, emociona, convence. Vamos ver... (e torcer pelo contrário!)Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-84111353367531905142010-08-03T17:37:00.000-07:002010-08-03T17:51:43.403-07:00Sotaques 3Às vésperas de completar três anos nas Gerais, pensei que já era tempo de escrever mais um post sobre o mineirês. Afinal, por esta longa convivência com o “idioma”, já devo ter chances conseguir meu diploma nível intermediário... Enquanto “matutava” o texto, me chega este email enviado por <a href="http://oraboa.blogspot.com/">Lud</a>. Mesmo se tratando de uma grande cantada às mulheres mineiras, gostei das análises “semânticas” feitas pelo forasteiro, o autor anônimo do texto.<br /><br />Pelas boas sacadas que seguem, replico aqui mais uma homenagem a este falar tão característico que, confesso, já vem sendo adotado em partes por uma ex-paulistana...<br /><br /><span style="font-style: italic;"><span style="font-weight: bold;">O sotaque das mineiras</span><br /><br />(Autor anônimo)<br /><br />(...)<br /><br />Os mineiros têm um ódio mortal das palavras completas.<br />Preferem, sabe-se lá<br />por que, abandoná-las no meio do caminho (não dizem:<br />pode parar, dizem:<br />"pó parar").<br /><br />Os não-mineiros, ignorantes nas coisas de Minas,<br />supõem, precipitada e<br />levianamente, que os mineiros vivem -<br />lingüisticamente falando - apenas<br />de uais, trens e sôs.<br />Digo-lhes que não. Mineiro não fala que o sujeito é<br />competente em tal<br />ou qual atividade.<br />Fala que ele é bom de serviço.<br /><br />Pouco importa que seja um juiz de direito,<br />um jogador de futebol ou um<br />ator de filme pornô.<br />Se der no couro - metaforicamente falando, claro - ele é bom de<br />serviço.<br />Faz sentido...<br /><br />Mineiras não usam o famosíssimo tudo bem.<br />Sempre que duas mineiras se encontram, uma delas<br />há de perguntar pra<br />outra: "cê tá boa?"<br />Para mim, isso é pleonasmo. Perguntar para uma<br />mineira se ela tá boa é<br />desnecessário.<br /><br />Vamos supor que você esteja tendo um caso com uma mulher casada.<br />Um amigo seu, se for mineiro, vai chegar e dizer:<br />Mexe com isso não, sô (leia-se: sai dessa, é fria, etc).<br />O verbo "mexer", para os mineiros, tem os mais<br />amplos significados.<br />Quer dizer, por exemplo, trabalhar.<br />Se lhe perguntarem com que você mexe, não fique ofendido.<br />Querem saber o seu ofício.<br /><br />Os mineiros também não gostam do verbo conseguir.<br />Aqui ninguém consegue<br />nada. Você não dá conta.<br />Sôcê (se você) acha que não vai chegar a tempo,<br />você liga e diz:<br />Aqui, não vou dar conta de chegar na hora, não,sô.<br />Esse "aqui" é outro que só tem aqui.<br />É antecedente obrigatório, sob pena de punição pública,<br />de qualquer frase. É mais usada, no entanto, quando você quer falar<br />e não estão lhe dando muita atenção: é uma forma de dizer, "olá,<br />me escutem, por favor".<br />É a última instância antes de jogar um pão de queijo<br />na cabeça do interlocutor.<br /><br />Mineiras não dizem "apaixonado por".<br />Dizem, sabe-se lá por que, "pêxonado com".<br />Soa engraçado aos ouvidos forasteiros.<br />Ouve-se a toda hora: "Ah, eu pêxonei com ele...".<br />Ou: "sou doida com ele" (ele, no caso, pode ser você,<br />um carro, um cachorro).<br />Elas vivem apaixonadas "com" alguma coisa.<br /><br />Que os mineiros não acabam as palavras,<br />todo mundo sabe. É um tal de<br />"bonitim", "fechadim", e por aí vai.<br />Já me acostumei a ouvir: "E aí, vão?". Traduzo:<br />"E aí, vamos?".<br />Não caia na besteira de esperar um "vamos"<br />completo de uma mineira. Não ouvirá nunca.<br /><br />Eu preciso avisar à língua portuguesa que gosto muito dela,<br />mas prefiro, com todo respeito, a mineira. Nada pessoal.<br />Aqui certas regras não entram. São barradas pelas montanhas.<br />No supermercado, não faz muitas compras, ele compra<br />"um tanto de côsa".<br />O supermercado não estará lotado, ele terá<br />"um tanto de gente".<br />Se a fila do caixa não anda, é porque está<br />"agarrando" [aliás, "garrando"] lá na frente. Entendeu? Agarrar é agarrar, ora!<br /><br />Se, saindo do supermercado, a mineirinha vir<br />um mendigo e ficar com pena,<br />suspirará: Ai, gente, que dó. É provável que a essa altura o leitor já esteja apaixonado pelas mineiras.<br /><br />Não vem caçar confusão pro meu lado.<br />Porque, devo dizer, mineiro não arruma briga, mineiro<br />"caça confusão".<br />Se você quiser dizer que tal sujeito é arruaceiro, é melhor falar, para<br />se fazer entendido, que ele "vive caçando confusão".<br /><br />Para uma mineira falar do meu desempenho sexual,<br />ou dizer que algo é muitíssimo bom vai dizer: "Ô, é sem noção".<br />Entendeu, leitora? É sem noção! Você não tem, leitora,<br />idéia do "tanto de<br />bom" que é. Só não esqueça, por favor, o "Ô" no começo,<br />porque sem ele não dá para dar<br />noção do tanto que algo é sem noção, entendeu?<br /><br />Capaz... Se você propõe algo e ela diz: capaz!!!<br />Vocês já ouviram esse "capaz"? É lindo.<br />Quer dizer o quê? Sei lá, quer dizer<br />"ce acha que eu faço isso"? com algumas<br />toneladas de ironia...<br /><br />Se você ameaçar casar com a Gisele Bundchen, ela dirá: "Ô dó dôcê".<br />Entendeu? Não? Deixa para lá.<br />É parecido com o "nem...". Já ouviu o "nem..."?<br />Completo ele fica:- Ah, nem...<br />O que significa? Significa, amigo leitor, que a mineira que o pronunciou não<br />fará o que você propôs de jeito nenhum.<br />Mas de jeito nenhum.<br /><br />Você diz: "Meu amor, cê anima de comer<br />um tropeiro no Mineirão?".<br />Resposta: "Nem..." Ainda não entendeu? Uai, nem é nem.<br /><br />Leitor, você é meio burrinho ou é impressão?<br />A propósito, um mineiro não pergunta: "você não vai?".<br />A pergunta, mineiramente falando, seria: "cê não anima de ir"?<br />Tão simples. O resto do Brasil complica tudo.<br /><br />É, ué, cês dão umas volta pra falar os trem...<br />Falando em "ei...".<br />As mineiras falam assim, usando, curiosamente,<br />o "ei" no lugar do "oi".<br />Você liga, e elas atendem lindamente: "eiiii!!!",<br />com muitos pontos de<br />exclamação, a depender da saudade...<br />Tem tantos outros...<br /><br />O plural, então, é um problema. Um lindo problema,<br />mas um problema.<br />Sou, não nego, suspeito.<br />Minha inclinação é para perdoar, com louvor,<br />os deslizes vocabulares das mineiras.<br /><br />Aliás, deslizes nada.<br />Só porque aqui a língua é outra, não quer dizer que a oficial esteja<br />com a razão.<br />Se você, em conversa, falar: Ah, fui lá comprar umas coisas..<br />Ques côsa? - ela retrucará.<br />O plural dá um pulo. Sai das coisas e vai para o que.<br /><br />Ouvi de uma menina culta um "pelas metade",<br />no lugar de "pela metade".<br />E se você acusar injustamente uma mineira, ela,<br />chorosa, confidenciará:<br />Ele pôs a culpa "ni mim".<br /><br />A conjugação dos verbos tem lá seus<br />mistérios em Minas...<br />Ontem, uma senhora docemente me consolou:<br />"prôcupa não, bobo!".<br />E meus ouvidos, já acostumados às ingênuas<br />conjugações mineiras, nem se<br />espantam. Talvez se espantassem se ouvissem um:<br />"não se preocupe", ou algo assim.<br /><br />A fórmula mineira é sintética. E diz tudo.<br />Até o "tchau" em Minas é personalizado.<br />Ninguém diz tchau pura e simplesmente.<br />Aqui se diz: "tchau procê", "tchau procês".<br />É útil deixar claro o destinatário do tchau.<br />Então...<br /></span><br /><br />[Leia aqui outros posts sobre o mineirês em <a href="http://tutumineiro.blogspot.com/2008/04/lngua.html">Língua</a> e <a href="http://tutumineiro.blogspot.com/2008/06/sotaques.html">Sotaques</a>.]Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-41468370363361991842010-07-20T15:03:00.000-07:002010-07-22T05:41:54.125-07:00Criança na cidade<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_fa6QLGXYbtc/TEYfaxvLTlI/AAAAAAAABEU/F2m0t10BdJE/s1600/P1030247.JPG"><img style="cursor: pointer; width: 200px; height: 150px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_fa6QLGXYbtc/TEYfaxvLTlI/AAAAAAAABEU/F2m0t10BdJE/s200/P1030247.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5496114940140539474" border="0" /></a><br /><br />Foram sete dias com um pequeno de cinco anos como visita de honra em BH. Garoto esperto, chegou em casa falando de São Paulo como “lá no Brasil...”... Pudera: a primeira pessoa com quem o Cauã teve contato em Minas foi Dona Virgínia, a faxineira de casa: nascida no interior do estado, na região de Teófilo Otoni, ela tem a fala de quem mal frequentou a escola. Para dificultar ainda mais a compreensão do pequeno paulistano, a senhora tem problemas auditivos e conversa em um tom de voz bem mais alto do que a média da população.<br /><br />Meu sobrinho acompanhou bem os pais jovens em bares, cervejas e torresmos pela cidade, mas também imprimiu um ritmo bem especial às programações diurnas. A rápida caminhada da praça da Liberdade à Savassi, por exemplo, virou uma maratona de caça às pedras no chão – colecionadas como verdadeiras relíquias mineirais. O aviãozinho de papel foi lançado ao ar mais de 50 vezes, obrigando paradas constantes para novas aterrizagens na rua suja.<br /><br />No mais, percebi o quanto a presença de uma criança pode alterar nossa visão do cotidiano. Os pequenos servem como desculpa para programas que raramente faríamos sem elas. Meu irmão curtiu cada minuto do domingão no parque Municipal, entre brinquedos, burrinhos e patos. Na agenda, ainda entraram os bonecos incríveis do <a href="http://www.giramundo.org/museu/">Museu Giramundo</a> e os quatis ensandecidos do parque das Mangabeiras. Nada mal – sol gostoso, vistas espetaculares, alguma pipoca, muita risada.<br /><br />Na próxima visita, talvez seja hora de escrever o guia <span style="font-style: italic;">BH para Crianças</span> em parceria com Cauã... [Já sinto falta das fatias de doce de mocotó encontradas no tapete...]Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-70934077088161186382010-07-04T14:42:00.000-07:002010-07-04T15:31:04.587-07:00Grão Mogol<div><br /></div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_fa6QLGXYbtc/TDEGpMR5HzI/AAAAAAAABD8/tbKYkOpN-RI/s1600/P1030194.JPG"><img style="cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 150px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_fa6QLGXYbtc/TDEGpMR5HzI/AAAAAAAABD8/tbKYkOpN-RI/s200/P1030194.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5490176725482020658" /></a><div><br /></div><div><div>Nem Kubai Klan ou Ítalo Calvino chegaram a inventar esta cidade. Mas poderiam. Mesmo sem nome de mulher, Grão Mogol, no norte de Minas, chama a atenção do viajante por suas igrejas feitas de pedra e rio cor chá-mate. As pequenas casas coloridas da rua central, feitas de adobe, guardam histórias e cheiros de séculos atrás, quando a vila entrou no alvo da coroa portuguesa pela descoberta de diamantes na região. Espremidas, as casinhas ainda servem como vendinha para biscoitos e cacarecos ou para uma barbearia em plena atividade. Em clima de festa junina, se agitam bandeirinhas coloridas no céu.</div><div><div><br />*</div><div><a href="http://4.bp.blogspot.com/_fa6QLGXYbtc/TDEETRof6mI/AAAAAAAABDs/7-07BsybGw8/s1600/P1030198.JPG"><img src="http://4.bp.blogspot.com/_fa6QLGXYbtc/TDEETRof6mI/AAAAAAAABDs/7-07BsybGw8/s200/P1030198.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5490174149938637410" style="cursor: pointer; width: 200px; height: 150px; " /></a></div><div><br /></div><div> Os anos 2010 parecem longe de alcançar a cidadezinha de 15 mil habitantes fincada entre o mar de eucaliptos na paisagem do Jequitinhonha. Mas a verdade é que me senti muito bem recebida por ali, numa parada estratégica rumo a Minas Novas e Turmalina. Uma atmosfera acolhedora que talvez se explique por uma bonita mística familiar.<br /><br />*</div><div><br /></div><div>Nos idos de 1920, meu avô João menino frequentou poucos anos de escola rural em Passos, no sudoeste de Minas. Garoto inteligente, descobriu imenso prazer no privilégio oferecido pela professora aos alunos que terminassem a lição mais cedo: poderia ir ao quadro negro estudar o mapa do estado. Encantado, ele corria com a tarefa e se entregava às viagens imaginárias que o faziam conhecer o mundo... (Minas não é o mundo, oras?..). E entre as centenas de cidades do mapa, uma delas chamava mais a atenção: Grão Mogol. Nome diferente, lugar bem distante, quase mágico. Desde então, cismou: queria fechar os olhos e aparecer por lá.<br /><br />*</div><div><br /><a href="http://3.bp.blogspot.com/_fa6QLGXYbtc/TDEFPqP9uiI/AAAAAAAABD0/vAvhkopcNrk/s1600/P1030207.JPG"><img src="http://3.bp.blogspot.com/_fa6QLGXYbtc/TDEFPqP9uiI/AAAAAAAABD0/vAvhkopcNrk/s200/P1030207.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5490175187338770978" style="cursor: pointer; width: 200px; height: 150px; " /></a><br /><br /></div><div>Oitenta anos depois, com a mesma lucidez de sempre e a excelente orientação espacial, meu avô ainda contava a história de Grão Mogol. Mas não chegou a visitá-la. A missão foi cumprida por mim, meio sem querer, três anos depois da sua morte. Não é a toa que nas ruas da cidade perdida e sonhada, os caminhos me parecessem marcados por diamantes...</div></div></div>Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-54437958910723719032010-06-19T15:03:00.000-07:002010-06-19T15:09:47.557-07:00Mulheres da terraDona Maria tem 72 anos e um raro bom humor. Na zona rural de Turmalina, no Vale do Jequitinhonha, mora em uma casa grande e fresquinha, com duas cozinhas: na de fora, fica o maior forno à lenha que eu já tinha visto até então. Nos recebeu com os pés no chão e as mãos sujas de barro: “estava moldando agorinha mesmo”. Artesã de mão cheia, me levou ao quartinho onde estavam os vasos grandes que acabavam de ganhar forma. Logo conheci as bonecas casamenteiras e os outros potes, bules, jarras e copinhos – decorados e pintados por ela. Impossível não admirar a inspiração para a arte nascida em meio a tanta pobreza.<br /><br />Dona Maria mora com mais seis pessoas da família e virou “personagem” na reportagem que gravei por ser uma das beneficiadas com o projeto Um milhão de Cisternas, coordenado pela <a href="http://www.asabrasil.org.br/">Articulação do Semi-Árido Brasileiro</a>. A cisterna, que coleta a água da chuva para os períodos de seca, é a única garantia de água limpa para essas famílias. [Neste caso, não era clorada... e parece que raramente há tratamento...]<br /><br />Mas a participação desta grande mulher no post do Tutu Mineiro tem outro significado. Ao longo dos dez dias e dos 2.400 quilômetros rodados no Jequitinhonha, conheci histórias de outras donas e jovens Marias que, em comum, têm paixão por sua terra. Ainda que seja pobre, ainda que seja isolada, ainda que seja esquecida por nossos governantes.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Em Irapé</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_fa6QLGXYbtc/TB0_UkP3EXI/AAAAAAAABDk/Waf42WDa-vY/s1600/%C3%A1dila.JPG"><img style="cursor: pointer; width: 270px; height: 202px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_fa6QLGXYbtc/TB0_UkP3EXI/AAAAAAAABDk/Waf42WDa-vY/s200/%C3%A1dila.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5484609543767265650" border="0" /></a><br /><br />Entre os poucos funcionários da monstruosa usina hidrelétrica de Irapé, que exigiu o reassentamento de 1.100 famílias, conheci Ádila, a moça da foto. Tem 40 anos e aparência de 28. Enquanto nos acompanhava na visita ao polêmico reservatório, contou que morou quase um ano em São Paulo e achou horrível. Formada em História, ela foi atrás do sonho que contamina outros moradores das pequenas cidades do Vale. Saiu de Virgem da Lapa, de 13.600 habitantes, para acompanhar os irmãos que estavam fazendo a vida na grande metrópole. Conseguiu emprego como manicure, mas se sentia mais uma no meio da multidão. “Lá ninguém te dá bom dia, não olha para a sua cara. Aqui eu gosto de ser chamada pelo nome, de sorrir para as pessoas”, comparou.<br /><br />Ádila é otimista com o futuro e não se ilude mais. Não pretende mudar nem para Montes Claros, nem para Diamantina: quer continuar na sua cidadezinha, próxima da família, das raízes. Por sorte, tem seu sustento.<br /><br />Volto desta viagem marcante com o mesmo sonho: que mais mulheres filhas do Vale tenham a oportunidade de construir suas histórias ali mesmo, na terra ensolarada e acolhedora deste sertão brasileiro.Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-43000219488210761732010-06-06T15:09:00.000-07:002010-06-20T16:21:24.789-07:00Do Vale do Jequitinhonha<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_fa6QLGXYbtc/TAw5oOcmSbI/AAAAAAAABDE/jBYxiT1_GbM/s1600/P1030160.JPG"><img style="float: left; margin: 0pt 10px 10px 0pt; cursor: pointer; width: 294px; height: 220px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_fa6QLGXYbtc/TAw5oOcmSbI/AAAAAAAABDE/jBYxiT1_GbM/s200/P1030160.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5479818209838647730" border="0" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />Procurei por Salinas em guias de viagem estilo <a href="http://viajeaqui.abril.com.br/guia4rodas/cidade/salinas/">Quatro Rodas</a>. Única atração: a mardita cachaça. Mais nada. Até constrangedor.... Estou aqui desde sexta e pude ver, por poucos minutos, uma atração típica da cidade - o mercado público reúne dezenas de produtores rurais e ambulantes, com carroças carregadas de frutas e muito agito popular. Gostaria de ter aproveitado o clima, mas não tive tempo. Meu destino foi o mato próximo a um córrego do Jequitinhonha, onde parti em busca de uma nova espécie de peixe descoberta em função do monitoramento das rendondezas da gigantesca usina de Irapé. Um paiuzinho que só apareceu no segundo dia, graças à rede armada pelo nosso pescador Waldir.<br /><br />Em termos de impressão geral, vejo um Vale pobre economicamente. Casinhas enraizadas no chão, ruas desertas nos povoados, famílias com crianças andarilhas nas estradas... por outro lado, parece ter muita gente ganhando dinheiro por aqui. O asfalto chega a pleno vapor, com máquinas pesadas pelo caminho; o eucalipto é uma constante na paisagem; e a usina de Irapé gera um terço da energia demandada pelo Estado. Mas ainda não sei dizer como a população da região realmente se beneficiou com a empreitada.<br /><br />Eita Minas grande!!Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-82626811417861500852010-06-04T19:04:00.000-07:002010-06-04T19:17:23.042-07:00Para entender Tom Zé<span style="font-style: italic;">Quero pensar, meu bom rapaz<br />Numa boa<br />Não se dá um "sim" assim à toa<br />Quero pensar, meu bom rapaz<br />Numa boa<br />Talvez tocando no piano<br />Da patroa<br />Finalmente sonhar<br />Felicidade sim, sonhar, sonhar<br />Feliz se dar ao sonho<br />No raio e na raiz<br />Se ao sonho contraponho<br />Onde ponho meu nariz<br />Tristeza, não, tristeza fim<br />Tristeza bem longe de mim</span><br /><br />(Da música QUERO PENSAR (A MULHER DE BATH), de Tom Zé, em ESTUDANDO O PAGODE - Na Opereta SEGREGAMULHER)<br /><br />Tom Zé é um gênio. Como todos da espécie, diversas vezes incompreendido. Pois bem, esta é uma boa chance para desvendar uma de suas obras: sábado e domingo agora acontecem as apresentações finais e gratuitas da peça musical <span style="font-style: italic;">Não se dá um sim assim à toa</span>, do projeto Galpão - <a href="http://www.galpaocinehorto.com.br/noticias/estreia-pe-na-rua-2010">Pé na Rua</a>, inspirada no disco do compositor. Imperdível, divertida e inteligente!<br /><br />(<a href="http://www.tomze.com.br/pestudandopag.htm">Aqui</a>, explicações do próprio Tom Zé sobre a obra original....)Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-17428355429637742082010-05-28T16:36:00.001-07:002010-05-28T16:39:57.577-07:00Inspiração...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://verbeat.org/blogs/manualdominotauro/assets_c/2010/05/LAERTE-16-05-10-thumb-600x176-6878.jpg"><img style="cursor: pointer; width: 444px; height: 176px;" src="http://verbeat.org/blogs/manualdominotauro/assets_c/2010/05/LAERTE-16-05-10-thumb-600x176-6878.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><br />[Os cães sempre podem surpreender... Ainda mais os do <a href="http://verbeat.org/blogs/manualdominotauro/2010/05/velhas-drageas.html">Laerte</a>!]Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-88096595131849453602010-05-23T15:10:00.000-07:002010-05-23T15:22:35.077-07:00Qual seu guia?<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_fa6QLGXYbtc/S_moQgbZfiI/AAAAAAAABC8/nfKsU3V8MPM/s1600/praga.JPG"><img style="cursor: pointer; width: 200px; height: 143px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_fa6QLGXYbtc/S_moQgbZfiI/AAAAAAAABC8/nfKsU3V8MPM/s200/praga.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5474591823581773346" border="0" /></a><br /><br />Desde a volta das férias, ainda me sinto um tanto aérea com pautas mineiras para o blog. Será um dos efeitos de já ser moradora um pouco mais veterana na cidade estranha? Será que a gente vai perdendo mesmo aquele olhar estrangeiro para as diferenças, as curiosidades, as histórias peculiares de um lugar?? Pena!...<br /><br />Mas ainda queria retomar as férias incríveis para refletir sobre como nos viramos em um lugar totalmente estranho, onde não se fala absolutamente nada da língua local. Bom, o nosso roteiro pela Europa Central foi desenhado na pura raça geek. Leia-se: Eduardo, muito conectado na Internet, descobriu uma ferramenta incrível para escolher lugares bacanas e em conta para ficar: o <a href="http://www.tripadvisor.com/">Trip Advisor</a>. Na verdade, uma comunidade virtual onde as pessoas avaliam hotéis/ pousadas/ albergues que conheceram. A participação é gratuita e você tem total liberdade para criticar, elogiar, destacar algo interessante do lugar... simplesmente infalível. Deu certo em todos os lugares que visitamos, bem recomendados entre os usuários.<br /><br />Já a escolha dos passeios foi orientada pelo <a href="http://oviajante.uol.com.br/">Guia Criativo para O Viajante Independente</a> na Europa, organizado por Zizo Asnis. O guia faz sucesso por ter sido pioneiro em um filão bem tupiniquim: sugerir dicas para turistas quase sem nenhuma grana. O sucesso também está no fato de ser dedicado a brasileiros e escrito por um brasileiro. Todos os países merecem um quadrinho das “barbadas e roubadas”, com alertas sobre as famosas “tourist trap” (armadilhas para turistas). O texto é bem jovem, informal e engraçado.<br /><br />Mas caímos numa armadilha bizarra. Ainda antes da viagem, comprei o <a href="http://livraria.folha.com.br/catalogo/1011329/praga">Wallpaper Guide</a> de Praga, editado pela Publifolha. Só depois “horrorizei” com o prefacio, nas exatas palavras seguintes:<br /><br /><div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;">Duas coisas que estão por toda a parte são a infalível agua ardente local, a Becherovka, e as hordas de turistas. De qualquer modo, foi o turismo que elevou o padrão de uma maneira geral. A iluminação das ruas ainda é fraca, mas as pedras da rua ganham agora novo brilho com os tênis dos turistas, e os habitantes de Praga têm todas as razões para serem gratos por isso.</span><br /></div><br />Ou seja: uma cartilha de orientação espacial... capitalista! O tal guia é ultra elitizado, só fala de compras, design, spas... ah, um dos lugares sugeridos é um clube de tiro!! Enfim, não foi na minha mala.<br /><br />Entre os guias que cruzamos no caminho - como o Guia Visual, também da Publifolha, mal traduzido e sem critério para os roteiros -, a conclusão é que o Lonely Planet é mesmo o mais completo. Detalhadissimo, oferece dicas descoladas e viáveis de onde comer, o que visitar e como priorizar os dias em uma cidade. Tem milhares de colaboradores que moram nas cidades e sugerem lugares escondidos, diferentes. Fiquei tão bem impressionada que resolvi espiar, na internet, o <a href="http://www.lonelyplanet.com/brazil/the-southeast/belo-horizonte/restaurants">Lonely Planet de Belo Horizonte</a>.... e não é que gostei?? Tem ali uma BH surpreendente e até desconhecida de alguns belohorizontinos.<br /><br />O guia recomenda, por exemplo, o Museu Giramundo e o Museu de Artes e Ofícios. Inclui o charmoso Café com Letras e o Café Kahlúa Tabacaria – uma opção na Savassi, bairro mais rico, e outra no centrão, mais acessível.<br /><br />E para encerrar o assunto, não posso perder a deixa de voltar a recomendar um guia bem <span style="font-style: italic;">sui generis</span> escrito por um jornalista mineiro sobre a capital: <a href="http://napiorembh.blogspot.com/search?updated-max=2009-05-31T08%3A00%3A00-03%3A00&max-results=15">Na Pior em BH</a>. Trata-se de um “<span style="font-style: italic;">roteiro maldito para um turista original: pardieiros, pocilgas e assemelhados”</span>, nas palavras do autor. O esquema é trash metal: Ranier Bragon passou a limpo seus lugares mais sujos e prediletos, com direito a sebos baratíssimos e bares para tomar o original caldo de mocotó. [Se ele está vivo, pode valer a pena experimentar...] Enquanto o projeto não vira livro, o jeito é pegar as dicas do blog.<br /><br />Quem sabe, em mais um ano de paulistaneira, não escrevo meu próprio guia?Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-54441567175203704902010-05-12T13:00:00.000-07:002010-05-12T13:08:51.462-07:00Rios da 262Esta é anotação de seis horas de viagem na rodovia 262, voltando de Uberlândia para Belo Horizonte. Num caso raro de dificuldade para dormir, resolvi anotar os poéticos - ou no mínimo curiosos - nomes dos rios cortados pelo asfalto. Eis o dito das placas:<br /><br />- PONTE SOBRE O RIO QUEBRA ANZOL<br />- PONTE SOBRE O CÓRREGO COTOVELO<br />- RIBEIRÃO JORGINHO<br />- RIBEIRÃO MATADOR<br />- PONTE SOBRE O RIO SÃO JOÃO<br />- RIBEIRÃO DAS AREIRAS<br />- RIBEIRÃO DAS VACAS<br /><br /><span style="font-style: italic;">[Vestígos das Gerais que em breve as obras do PAC podem apagar, substituindo o lirismo por nomes de doutores, desembargadores, políticos e afins....]</span>Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5650998405156663210.post-77679002487618733542010-05-05T15:05:00.000-07:002010-05-05T15:14:57.871-07:00Uberlândias<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:P2x-6HIcqcGbWM:http://www.simplescidade.com.br/wp-content/uploads/2008/04/16.jpg"><img style="cursor: pointer; width: 130px; height: 78px;" src="http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:P2x-6HIcqcGbWM:http://www.simplescidade.com.br/wp-content/uploads/2008/04/16.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><br />UberTerra me pareceu mais simpática desta vez. Estive por lá no dia da revoada tucana pela cidade – José Serra acabara de exibir seu sorriso amarelo por aquelas terras - mas não foi exatamente este o motivo da minha simpatia. Ossos do ofício, fui levada mais uma vez a descortinar o universo até então desconhecido do atletismo. Pois é: Uberlândia abriga, até agora, o único <a href="http://www.cbat.org.br/noticias/noticia.asp?news=3732">Centro Nacional de Treinamento de Alto Níve</a><a href="http://www.cbat.org.br/noticias/noticia.asp?news=3732">l</a> em funcionamento do país. Isso significa que 40 adolescentes de todas as regiões do Brasil moram e estudam na cidade, passando quase o dia inteiro confinados em treinamentos intensivos na Vila Olímpica do Sesi.<br /><br />Estranha no ninho, não posso deixar de admirar a garra desses moleques – escolhidos entre os primeiros colocados em seletivas de atletismo pelo país. Têm 17, 18 anos e, segundo os cálculos dos técnicos, chances reais de alcançarem medalhas em 2016. Longe, mas é assim mesmo – as verdadeiras apostas no esporte são feitas a longuíssimo prazo. Por isso importamos 3 cubanos como técnicos para a turma de Uberlândia. Orlando Perez Áquila, Roberto Sanches Escobar e Ramon Cano Portal se disseram bem ambientados em Minas e parecem animados em honrar o convite. Mas, segundo Ramon, ainda estamos longe de chegar perto do avançado sistema de recrutamento de talentos do atletismo cubano. Por lá, a cadeia começa bem cedo e não se perde; e todos os estados do pais têm ao menos 4 centros de treinamento avançado como o de Uberlândia. Outra vantagem, para ele, é o sistema centralizado no estado – os cuidados com o futuro do atleta não ficam a mercê do apoio de clubes ou patrocinios.<br /><br />Bom, eu já fiz minhas apostas para 2016. Vamos ver se meu olho para lançadores de dardo, de martelo e corredores começa a ser menos míope...<br /><br />Abraços recém-chegados de Viçosa, a terra do melhor doce de leite do mundo!!!Júlia Tavareshttp://www.blogger.com/profile/00402712005763261905noreply@blogger.com0