segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Dilma & Eu

UFA, ufa, ufa. Dilma lá! Durante a comemoração de ontem, a primeira frase aos amigos que encontrava era “Não acredito!!..” Mulher na presidência? Com o Brasil conservador e preconceituoso que se revelou nessa campanha?... É com felicidade que constato como a maioria dos brasileiros teve garra para enfrentar os boatos e as guerras virtuais fundadas na baixaria votando na candidata capaz de dar continuidade ao projeto político iniciado com Lula. Um projeto de desenvolvimento econômico voltado para a inclusão das pessoas, pelo respeito aos movimentos sociais e aos direitos humanos.

Ufanismos a parte, também fiquei feliz por ter tido a chance de conhecer os bastidores das notícias na reta final da eleição. Escalada para a carreata de Dilma em Venda Nova, região norte e relativamente pobre da cidade, vivenciei a loucura de estar entre dezenas de repórteres colados na candidata. Organizados por uma simpática e descolada assessora de imprensa, ficamos plantados em frente à lagoa da Pampulha em posição de ataque. Mas o atraso foi de pouco mais de duas horas. No estresse geral, acabou sobrando tempo para conversa furada (“bonito seu sapatinho!..), para alguma ginástica laboral e espiadas no texto da passagem do colega.

Até que a mulher chega. E entra pelo lugar errado, colada em um monte de brucutu – entre eles, um empurrador e cotovelador profissional. (Se eu fosse repórter da Piauí faria um perfil daquele alemão. Cara bizarro....). foi A ZONA. De nada valem as organizações amigáveis feitas anteriormente. Vira a guerra. Fui sufocada e tive que achar um espaço mínimo entre um sovaco e um pescoço. No meio da gravação - na qual a candidata fala o que quer, uma vez que dez perguntas são feitas ao mesmo tempo – passo o microfone para um colega. A mão não alcançava mais.

Repentinamente, Pimentel aparece arrancando Dilma do bolo. Seguem voando para poucos quilômetros dali, onde começaria a carreta. Vamos atrás. Fiz a loucura de subir no caminhão que vai em frente ao carro de Dilma, montado especialmente para os cinegrafistas e fotógrafos. Incrível ter saído viva de lá. Mas foi surreal. Em constantes freadas buscas, o motorista fazia a turma cair feito dominó – primeiro um, depois os outros. Os alambrados eram todos meio soltos, perigo total. Sem contar o sol escaldante.... (só um felizardo teve a ideia de levar guarda-chuva para tapar o sol). O fotógrafo da UOL cansou do caminhão e pulou de lá de cima com o bicho em movimento. Para completar, no final da carreta, o carro de Dilma virou para a esquerda e nosso motorista seguiu reto. Foi a revolta geral, com gente enxergando uma pegadinha na estratégia.

Esta é a cobertura da qual mais me arrependo por não ter gravado os bastidores.
Ainda mais sabendo que estávamos na cola da agora presidente de Brasil.

A matéria aproveitada pela TV Brasil não conta nem um segundo desta história. Mas serve de souvenir.