quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Era uma vez dois verões...







Na falta de sol, o verão possível por aqui é ultra cabeça. Semana passada começou o Verão Arte Contemporânea, com uma programação de grupos e artistas que fazem um trabalho reflexivo, experimental e nada preocupado em atender ao gosto médio do mercado. (A Ludmila fez uma matéria bacana com a organizadora do evento, Ione de Medeiros, diretora do Grupo Officina Multimedia. No oraboa.)

Hoje começa o Festival de Verão da UFMG, com uma eclética abertura comandada por palestras com Glória Kalil (!!) e Zé Miguel Wisnik e Arthur Nestrovski. A proposta é adaptar a idéia dos tradicionais festivais de inverno para esta estação do ano, com mini cursos, oficinas e cinema cult na área de letras e artes. As oficinas acontecem principalmente nos dias do Carnaval, com temas mirabolantes como “A ciência na arte do circo – saúde, meio ambiente e cidadania na formação de palhaços”, “Direito e música: conexões e paradoxos” e “Genética do comportamento: como eu faço o que eu faço e quem sabe até alguns porquês”.

Ps. Belo Horizonte vive seus dias de Macondo. Na história da legendária cidade fantástica narrada por Garcia Márquez em Cem Anos de Solidão, houve uma época em que só chovia, as casas foram tomadas de limbo e o único transporte possível eram as canoas... E quem disse que em Minas não há mar?

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

“Libertas que também será UAI”

Sambas-enredo de Carnaval não devem ser levados a sério. Na minha única ida ao Sambódromo do Rio, me dei conta de que ser original não é o principal objetivo dos letristas hoje. Ah, também percebi que, quanto mais sem pé nem cabeça, mais fácil decorar o refrão. E as palavras-chaves não podem faltar jamais: BRASIL, ÍNDIOS, PRINCESAS, RAINHAS, MAJESTADE, CORAÇÃO, NATUREZA, EXPLOSÃO, ALEGRIA, MINERAL, DIAMANTE, OURO, PORTUGAL, AMOR, HISTÓRIA, PASSARELA (....).

Como parece que existe algum Carnaval por aqui, mesmo com essa chuva interminável, vou ficar para ver. Para esse post, pesquisei sambas-enredo das escolas que irão desfilar e encontrei algumas pérolas da valorização da auto-imagem mineira.

A lista completa está no site da Belotur. Seguem as minhas eleitas.

AS RIQUEZAS MINERAIS, ISSO É PAPO DAS GERAIS
Unidos do Onça (Grupo Especial)
Compositor: Wellington Leonardo de Oliveira Moura

SALVE A NATUREZA!
MINAS MOSTRA O ESPLENDOR
AS RIQUEZAS MINERAIS, É PAPO DAS GERAIS,
O ONÇA MOSTRA O SEU VALOR! (2X)
OS PRIMEIROS HABITANTES, OS CAIAPÓS,
DERAM INÍCIO A EXPLORAÇÃO.
EM GUERRA COM OS NAVEGANTES,
NEGROS E ÍNDIOS SE REBELAM À ESCRAVIDÃO.
NESSAS ÁGUAS MINERAIS SE DESCOBRIU
A TAL CURA E TAL RIQUEZA
DE EXTRAIR E EXPORTAR, PEDRAS E OURO
PRO COMÉRIO DA NOBREZA.
PEDRA ESMERALDA, O DIAMANTE,
RUBI DE LIRA, OS NAVEGANTES,
DONA BEJA,
ÍNDIA GUERREIRA QUE IMPEROU AS REALEZAS
QUEM TE CONHECE NÃO ESQUECE MAIS
VEM PRO BALANÇO
QUE ESSE TREM É BOM DEMAIS!
DANÇA IOIÔ! SAMBA IAIÁ!
“LIBERTAS QUE TAMBÉM SERÁ UAI” (2X)
PODE ACREDITAR, FOI DIFÍCIL PLANEJAR
A ESTRADA REAL PRA ESCOAR O MINERAL
COM GARRA, DETERMINAÇÃO,
O QUE É DE MINAS “NÓIS NUM VAI DEXÁ NA MÃO”
CONFLITOS NO CURRAL,
CHICA MOSTROU NO ARRAIAL,
RAINHA NEGRA QUE ROMPEU FRONTEIRAS
DINAMIZOU NA ALEGRIA DOS ARTISTAS.
A ÉPOCA DE GLÓRIA FOI INSPIRAÇÃO:
ALEIJADINHO ESCULPIU PEDRA SABÃO.

EU AMO BH
Chame Chame (Grupo Especial)

Compositores: Fabinho do Terreiro, Mestre Affonso, Rosalvo Braga, Patrício Thomé, Jussara Leão

NO BONDE DA HISTÓRIA DA CIDADE
A CHAME-CHAME NA AVENIDA A DERRAMAR
POESIA, SENTIMENTO E FANTASIAS
PALCO DA CULTURA POPULAR
BELO HORIZONTE, ABENÇOADA POR DEUS
ABRE SEUS BRAÇOS E ACOLHE OS FILHOS SEUS
EU AMO BH, LINDA CIDADE VERGEL
RADICALMENTE MEU PEDACINHO DE CÉU
É DEVERAS
ELA CONQUISTOU MEU CORAÇÃO
E ENVOLVENDO A ALMA
NUM MAR DE CALMA
VIROU PAIXÃO
(REFRÃO)
Ô, Ô, Ô, Ô, Ô, Ô
É BH, UAI SÔ
E SE QUISER CHAME, CHAME
DE BELA BELÔ

(Esse post fará parte de uma “blogagem coletiva” combinada com uma turma de BH, com o tema Carnaval. Siga o rastro no pixelando, no oraboa, no meiodesligado, no adoreiobloguete e no autófago!)

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Ressonâncias do Fórum Social Mundial










(Foto: Henrique Parra, da Ciranda)

Eu bem que vasculhei, mas não consegui localizar a tempo a programação de Belo Horizonte para o Dia de Mobilização e Ação Global, marcado para o dia 26 de janeiro. A data foi eleita como ápice do Fórum Social Mundial deste ano, numa iniciativa de descentralizar radicalmente todas as suas atividades.

Como não houve cidades-sedes preparadas para receber o principal evento mundial contra a guerra e o neoliberalismo, a tecnologia foi a principal ferramenta de comunicação para articular os ativistas. Pena que, no geral, exista muita dificuldade em transformar esse potencial em ação. No site criado para que as organizações publicassem suas atividades de forma descentralizada, por exemplo, vejo que em BH estava prevista apenas a Batucada itinerante do Movimento de Mulheres. Ouvindo a rádio da Rede Abraço, soube que a praça Sete ainda teria tendas para discussão de quatro temáticas – Estatização da Vale do Rio Doce, Democratização da comunicação, Direitos dos trabalhadores e Transposição do Rio São Francisco.

Um detalhe: da mesma praça Sete sairia a concentração do desfile da Banda Mole, que faz um dos pré-canavais mais tradicionais da cidade. Este ano, o tema da banda que se notabilizou pelos homens fantasiados de mulher foi coincidentemente um tanto politizado: “Aquecimento Global, só no Carnaval!”.

Procurando pela cobertura alternativa do dia 26, a melhor referencia é o site da Ciranda Internacional de Informação Independente. Por ali, muitas notícias e fotos de São Paulo. Nada de Minas.

Mas sei que construir essa “outra comunicação” depende de cada um. E eu, que quando trabalhava no Instituto Pólis consegui uma carona de última hora até o FSM em Caracas-Venezuela num avião fretado para movimentos sociais, dessa vez perdi o bonde. Dormi no ponto.

Como ressonância do FSM 2006, deixo o link para a matéria especial escrita por mim para o Jornal da USP: Uma outra América Latina é possível. Parte das aventuras na terra de Hugo Chavez foram presenciadas por Almir Coelho, autor do comentário mais recente deste blog. Como consegui hospedagem num hotel estatal de Caracas por um milagre, também dei força para que outro milagre acontecesse: Almir e a namorada, ambos da Via Campesina, estavam sem opção de onde ficar além do Acampamento da Juventude, totalmente alagado e afastado do centro. Pois bem: conversando com minhas companheiras de quarto, promovi a “reforma agrária” no Hotel Anauco.

PS. O primeiro Fórum a gente nunca esquece. Em 2003, caloura do curso de jornalismo, encarei o ônibus itinerante da Enecos (do movimento estudantil de comunicação) para a estada de quase 20 dias na calorenta Porto Alegre. Haja pique. Na minha memória pouco seletiva da época, restaram algumas palavras soltas de Noam Chomsky, filas intermináveis para o banho e comidinhas pouco atraentes do Acampamento... Desse Fórum, não ficou registro.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Pastel de angu

Depois de vasculhar a seção de petiscos do cardápio do bar Gibi, resolvi que era hora de experimentar um tão falado “pastel de angu”. A Clara - uma das novas amigas daqui - não acreditou que essa tão trivial comidinha fosse algo novo para o meu paladar. Pois bem, é mesmo muito gostoso e está aprovadíssimo - tanto com recheio de carne como de frango.

Apesar de não tão confiáveis, gostei das versões de alguns sites para a origem do tal pastelzinho. Nesse Guia de Gastronomia, dizem que a iguaria é uma “herança da senzala”. A senhora que dá a receita diz ter aprendido com uma escrava da região do Serro. Já o Portal de Minas Gerais foi mais específico: parece transcrever alguma dissertação de mestrado sobre o tema, apesar da falta de revisão do texto:

Jóia gastronômica de ltabirito, criado no Século XIX, por volta de 1 .851. na época de Itabira do Campo, Distrito de Ouro Preto. O cenário onde teve início a criação do "Pastel de Angu” foi a Fazenda dos Portões, que em 1.796 pertencia ao Sr. José Ferreira de Aguiar e que, com o seu falecimento em 1 .846 foi passado o seus filhos. Um deles, O Sr. Benedito Ferreiro de Aguiar, em 1.850 vendeu a parte que lhe cabia para o Sr. David Pereira Lima, porteira fechado, com escravos, benfeitorias e todos os animais. Relata a história, que Dona Ana Joaquina de Lima, esposa do Sr. David, tinha bom relacionamento com as escravas e levou duas delas para dentro de casa, tirando-as da senzala. Uma era conhecida por Philó e a outra, por Maria Conga. Elas foram as primeiras a usarem a sobra de angu principal refeição dos escravos. (...)

O mais divertido dessa pesquisa um tanto inútil foi encontrar um blog primo do Tutu Mineiro, chamado Pastel de Angu. Obviamente, é escrito por uma mineira.

E chega de bobagem por hoje.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Anfitriã turista













Por um bom tempo ainda deverá ser assim: recebendo os amigos de SP em casa, também viro turista. Nessa passagem do querido Paulo por aqui, foi até um pouco patético: ele conseguiu se orientar melhor que eu no centro da cidade... sobe Bahia, desde São Paulo, volta pra Afonso Pena...

Metade dos programas do fim de semana foi inédito para os dois: cerveja nos ultra- movimentados balcões do Mercado Central (sem petisco, dessa vez), passeio encantado no Museu Giramundo, volta completa pelo Parque Municipal.

Desta vez destaco o maravilhoso Museu Giramundo. Todos os bonecos já usados nos espetáculos do grupo, criado em 1971, estão lá – um museu vivo, mesmo. Um menino de 6 anos que nos acompanhou na visita classificava os bonecos e fantoches entre “do bem” ou “do mal”, mas há milhares de outras sutilizas em cada expressão e figurino das obras. Imperdível.

Talvez eu esteja próxima do limite anual de passeios ao complexo da Pampulha. É Niemeyer que não acaba mais. Tenho dado sorte em encontrar cada vez uma exposição diferente no Museu de Artes - desta vez, sobre os Neoconcretistas - mas conclui que a igrejinha não merece tantas visitas assim....

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Back to the pau-de-arara













Na minha mais recente visita rápida por Sampa, descobri uma jogada da Viação Cometa: a passagem do ônibus convencional está um pouco mais barata – R$ 69,80 ida e R$ 65,80 volta - mas agora esses preços valem para o pau-de-arara. Ressuscitaram os modelos da primeira (ou segunda, não importa) geração dos ônibus azuis, que ainda não prezavam pelo conforto, não serviam água e não conheciam a tecnologia do ar-condicionado.

Entrei em contradição. Quando há ar-condicionado, reclamo bastante do freqüente frigorífico que se instala no ônibus ao longo da viagem. O motorista regula o ar para 10ºC e não quer saber se a tripulação lembrou de trazer luvas, gorro e casaco de neve. É sempre preciso que um porta-voz da turma insista com o condutor, implorando por temperaturas mais próximas ao Trópico de Capricórnio. (Sim, já assumi esse papel algumas vezes. Nas viagens noturnas, a liderança política tende a enfraquecer.)

Mas desta vez vivi na pele o revival das viagens de 18 horas até Goiânia, que fiz uma vez por ano quando criança: pouca inclinação da cadeira, cortina empoeirada na cara, vizinho de trás querendo fechar a janela, vizinho da frente querendo abrir. Estrelas, madrugada, primeiros raios de sol, vira, mexe, vira. E nada de dormir. Por sorte ninguém vomitou nem comeu salgadinhos cheetos sabor queijo.

Fica o alerta aos meus próximos visitantes: vale a pena gastar dez reais a mais pelo executivo. Ou antigo convencional...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Jornais de Minas


















O fenômeno dos jornais tablóides por 25 centavos é mesmo uma mania em Minas. O principal sucesso é o Super Notícia, que em 2007 atingiu tiragem diária de 300 mil exemplares, superando a Folha de S. Paulo. Tanto o Super como o Aqui!, concorrente, são vendidos em todos os cantos da cidade, recuperando a figura do menino jornaleiro que oferece exemplares pelas ruas e periferias. Vai à drogaria Araújo? Também pode levar um Super ao lado do caixa.

Comprei o jornal hoje para registrar alguns títulos, diagramados em torno de alguma mulher semi-nua, nesta edição a “morena” que vai participar de programa com Renato Aragão: “Morte em briga de vizinhos”, “Diretor da Globo chama BBB de cachorra”, “Rapaz é acusado de raptar a namorada em Valadares”, “Juninho diz que Cruzeiro não é time grande”.

É engraçado que, apesar do apelo sanguinário, erótico e fútil, algumas das suas 32 páginas repercutem noticias nacionais, como a suposta epidemia de febre amarela, os desastres causados pelas chuvas e o impacto do fim da CPMF nos salários dos servidores públicos e militares. Sei que meus colegas de profissão terão mil argumentos contrários, mas não condeno totalmente o sucesso desses jornais. Com certeza, quem tira uma moedinha do bolso não estaria disposto a comprar um Estado de Minas, o mais tradicional daqui. E alguma leitura é melhor que nada, não?

O jornal acerta na mosca em duas seções. Uma delas é “Panelaço – Espaço reservado para protestos”, indicado para reclamações sobre serviços públicos nas comunidades. Mesmo 90% das notas nesta edição sendo cartas de gente procurando parentes desaparecidos, considero um espaço bastante válido. Outro atrativo é a página de Emprego, com o box “Fique de olho”, que traz ofertas de emprego do Sistema Nacional de Emprego e de cursos do Senac Minas. Ao lado, o box “Venda seu peixe” publica gratuitamente descrições de profissionais que procuram trabalho.

Agora.... quem quer saber que “Cachorro mata o dono com tiro de escopeta nos EUA”? Ou que “Mulher guarda marido morto por 10 meses”? Haja paciência...

domingo, 6 de janeiro de 2008

Quem quer ir ao teatro?

Mesmo em São Paulo, considerada por aqui a “meca do consumo cultural”, muitos teatros fecham por falta de público. Ou tantos outros grupos teatrais bacanas e sérios deixam de funcionar por falta de recursos e patrocínio... Por esses motivos, as campanhas de popularização do teatro são sempre bem-vindas.

Em BH, a campanha anual de acesso ao teatro é bastante divulgada. Começou semana passada e, pela 34º vez, estará em cartaz por dois meses, com 80 peças no cardápio e ingressos por R$ 8. Mas a programação foi um balde de água fria – ao menos entre as opções desse fim de semana. A lista completa está no site do Sinparc. Refletindo o que esteve em cartaz em 2007, temos esses incríveis títulos:

10 MANEIRAS INCRÍVEIS DE DESTRUIR SEU CASAMENTO

2 CASAIS EM MAUS LENÇÓIS

A COMÉDIA DOS SEXOS

A VIRGEM DE 40 – AGORA OU NUNCA

ACREDITE, UM ESPÍRITO BAIXOU EM MIM

ASSENTA QUE LÁ VEM BARRACO

CAMAS REDONDAS,CASAIS QUADRADOS

...

Só peças do pessoal que sonha ser Miguel Falabella.... e nada do Grupo Galpão. Vou precisar de dicas de amigos mineiros para achar pérolas entre camas, casais, espíritos e muito, muito barraco.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Cabeça de Boi












Casinhas de taipa habitadas por gente e por aranhas ainda existem em Cabeça de Boi, povoado simples de Itambé do Mato Dentro que experimenta um recente assédio de turistas de Belo Horizonte. Na única praça da vila, as casas antigas resistem entre pousadas do tipo pensão e construções inacabadas que prometem hospedar, em breve, quem topa pagar mais por conforto e vista para a montanha.

Por enquanto, continua por lá o bar-mercearia do seu Zé Agostinho. Mineiramente, ele oferece uma banana da terra frita – “o pessoal gosta” – com cerveja, toca modas de viola com uma inspiração de rasgar a alma, passa nas mesas para saber se estamos bem atendidos, pendura tudo num caderninho velho de folhas rasgadas, dá dicas um tanto enroladas sobre como chegar nas cachoeiras e, na hora do cliente ir embora, desculpa-se por não nos ter recebido direito...

No final da tarde, os poucos moradores do local reúnem-se em longa prosa no gramado em frente à igrejinha Pokemon, que tem missa uma vez por mês. A mulher do seu Agostinho, cabelos brancos e lisos na altura do ombro e vestidos impecáveis, é uma das comadres na roda de papo. Nesse alto verão, o dia dura até 8 da noite.

Mas nem tudo são flores. Os conterrâneos de Drummond de Andrade, pouco ligados em poesia, saem de Itabira atrás de farra e cachaça. Na ânsia por fazer sua festa particular, não se acanham em abrir o porta-malas do carro com funk e pancadão, sufocando a violinha de seu Zé Agostinho.