terça-feira, 25 de novembro de 2008

Blogs pelo Brasil








Há quatro anos, o Instituto Itaú Cultural apareceu como meu primeiro guarda-chuva na vida profissional. Abrigou também outros 13 estudantes Brasil a fora do tempo ruim cercado de jornalismo-mesmice. Muito bem acompanhados por Babi Borghese e Israel do Vale, começamos a apurar o olhar sobre o que é – e, antes de tudo, o que poderia ser - o tal jornalismo cultural.

Em poucos meses já estávamos dançando na chuva – sem medo de escorregar e levantar com classe. De tão intensa, não é exagero dizer que a experiência de um ano no laboratório do Rumos definiu todos os anos subseqüentes da jornada daquela turma.

Escrever um blog “cobrindo” alguma área de cultura foi um desafio proposto nos meses finais do projeto. Á época, lancei meu Canto do Olho, com notícias e comentários sobre arte contemporânea. De tanta auto cobrança, meses depois dei fim ao blog e aos seus humildes registros...

Toda esta introdução para dizer que alguns desses blogs sobreviveram e agora comemoram três anos de existência virtual. Elisa Buzzo (São Paulo) publica suas poesias e divulga novos escritores em Caliope; Anderson Ribeiro (Aracaju), que começou sério, falando de novas tecnologias, agora nos presenteia com lindas imagens e poesias afiadas em Ar Torpedo; Leandro Lopes (da Bahia para Belo Horizonte) mostra inteligência e entusiasmo em diversos formatos de reportagens na área de cultura no Mascando Clichê; e Agusto Paim (de Santa Maria para um canto da Alemanha), o mais fiel à proposta inicial, já virou um expert em quadrinhos com Cabruuum!. Depois de alguns anos de jejum, Ludmila Ribeiro (Belo Horizonte) ressuscitou seu Ora Boa, falando da mais fina estampa da música mineira, com dicas luxuosas de sons internacionais.

Para comemorar, um caprichado tutu à mineira para vocês!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Você viu?

“Furei” a Folha de S. Paulo com o aviso sobre a Mostra Contemporânea de Arte Mineira ;-). Mas levei um susto ao ler a matéria de capa da Ilustrada. Com enfoque no teatro produzido em Minas, a matéria ouviu importantes produtores e atores radicados aqui. Mas “pestenção” no trecho da fala creditada a Eid Ribeiro (olha a responsabilidade....):

“Aqui não se tem nada para fazer, a não ser ir para o bar beber. Daí sobra tempo para criar, experimentar. Você não está correndo atrás de nada, não tem data para estrear”, acrescenta Eid Ribeiro, co-curador do Festival Internacional de Teatro, Palco e Rua, que acontece a cada dois anos na capital mineira.

Com assim “aqui não tem nada para fazer”? Gente, que planeta é esse? Desde quando ator não batalha feito maluco, correndo atrás de patrocínio e louco para estrear uma peça? Fiquei pasma.

*

Vale ler a reportagem inteira e principalmente o artigo do Chico Pelúcio [exclusivo para assinantes] sobre o trabalho do Galpão Cine Horto, a sede-escola do Grupo Galpão e um dos lugares mais encantados da cidade. Puro privilégio, tenho freqüentado este espaço semanalmente.

sábado, 15 de novembro de 2008

6ª Bienal dos Piores Poemas

Parece um trocadilho, mas não é

As mulheres se amam
As mulheres se omem

Poema de criação coletiva

Difamação

Sou uma
Maria vai com as outras
Mas você
Vai com os outros.

Maria Madalena

*

Ruins? Então são bons. Para vencer a Bienal dos Piores Poemas, lirismo e profundidade devem ser abolidos. Projeto dos mineiros do Grupo Oficcina Multimédia, ligado à Fundação de Educação Artística, o evento que [des] prestigia escritores inspirados nasceu como contraponto à 1ª Bienal Internacional de Poemas, realizada em Beagá no ano de 1998. Agora, já tem espaço no calendário cultural da cidade.

O tema da Bienal 2008 será “A mulher fala”. Os textos acima foram pescados entre os inscritos, mas o prazo para envio só termina dia 5 de dezembro. Por mais que o discurso de abertura e encerramento do evento seja permanente e disponível no site, pretendo prestigiar esta iniciativa que, de engessada e hipócrita, não tem nada. Um viva para a espontaneidade - ainda que de mau gosto!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Minas no Pompéia







Uma chance incrível de saborear Minas sem sair de São Paulo. De 18 a 23 de novembro, o Sesc Pompéia recebe a Mostra Contemporânea de Arte Mineira. Pelo que já espiei no site, a escolha dos embaixadores da cultura do estado foi bastante eclética e plural. Na música, vai do pop de Pedro Moraes ao samba de roda mais alternativo de Aline Calixto, passando pelo rap de Renegado a ícones da cena independente como Porcas Borboletas, Érika Machado e Makely Ka. [De novo, ele! rs]

O teatro estará bastante presente, com um dos projetos mais prestigiados do Grupo Galpão: o Festival de Cenas Curtas. Há trabalhos que eu vergonhosamente ainda não conheço, como a Caixa Clara e o Grupo Miguilim de contadores de historias. A festa toma conta do templo de Lina Bo Bardi durante o cortejo de bonecos gigantes de Mariana e nas apresentações de três grupos de Congado do interior.

Eu bem que gostaria de pegar uma carona na calda do Cometa até São Paulo e, ainda assim, estar cercada de montanhas.

sábado, 8 de novembro de 2008

Parada Paulista

Dois meses sem ir a São Paulo equivalem a dois anos de ausência. Só mesmo quem vive o pancadão da rotina metrô-ônibus-rua para não protestar de raiva no meio do aperto. Homens de terno bad boys moça do telemarketing estudante de concurso público secretária loira tingida de all star. Não importa a origem ou classe social. Para pegar a baldeação da Sé às sete e meia de uma sexta-feira, somos quase bois a caminho do abatedouro.

No bairro de Perdizes, a moradora de rua negra com cortes na perna e dezenas de sacolas pesadas continua de pé nas redondezas do Centro Espírita – faça chuva, faça sol. O barbeiro Tiso mantém uma clientela fiel a preços populares de corte de cabelo. O chinês da feira livre ainda atrai vizinhos com um belo pastel de palmito. Em compensação, o açougue da esquina virou boutique de luxo. As armações de concreto nas proximidades deram lugar a prédios de 20 andares com terraço protegidos por suntuosas guaritas. O meu velho supermercado Sonda agora é um shopping monstruoso que desponta indecentemente no céu cinza da avenida Matarazzo.

Na cidade de concreto, os habitantes são figurantes eternos de um cenário mutante.