quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Panela velha, panela boa!













Abandonei esse bichinho aqui por meses e meses. Mas nunca pensei em fechar as portas. Afinal, tutu pode ser requentado, apimentado, aprimorado. Basta fogo na panela, criatividade e tempo.

A criatividade para contar histórias andava canalizada para um projeto muito legal que rolou no meu trabalho, o quadro Histórias da Cidade. Como em 2012 ele deixa de ir ao ar, continuo por aqui publicando minhas humildes percepções do cotidiano e seus personagens curiosos... Quanto ao tempo, este depende de uma certa disciplina: entrar, publicar. Simples assim, como rabiscar pensamentos em um velho caderno. Para que a escrita não se perca em ferrugens. Para que os meus amigos de longe – e os de perto – possam compartilhar episódios da vida dessa agora balzaquiana mulher de 30 anos. O fogo? Há de vir da natureza!

Em 2011, o trabalho me fez conhecer pessoas incríveis que a tiveram a paciência de dedicarem algumas horas a uma conversa seguida de entrevistas. Entre eles, levo com carinho a lembrança do Jessé, o colecionador que junta lâmpadas, fitas e pedaços de bonecos encontrados no lixo. E assim se descobre artista. Também me emocionou conhecer o “seu Bonito”, um carregador da CEASA de Contagem que passava as noites da semana dormindo dentro do seu Fiat Uno. A beleza interior só pode ser muito grande, para ter um apelido assim.

Deixo os links para as matérias citadas e sigo pensando em outras ideias, sonhos, projetos. E sirvo a ceia do reveillon 2012 com um belo tutu à mineira!

Feliz Ano Novo a todos!
Até logo, logo!

sábado, 12 de março de 2011

3 anos, 7 meses

O tempo voou. Mas não é pouco tempo. A caminho dos 4 anos de Minas Gerais, começo a sentir a estranheza de ver São Paulo com olhos de longe. Mais uma ponte cheia de ferros sendo inaugurada. Mais um espigão com loft e terraço gourmet rompendo o céu das Perdizes. Mais uma estação de metrô na placa do itinerário. Expansão, enchentes, marginais cada vez mais marginalizadas. Cidade de louco.

Apesar disso e da loucura, consigo reconher São Paulo como minha cidade por algumas sutilezas vivenciadas ao longo dos 26 anos em que estive lá.

Motorista mezzo barbeira iniciante que sou, ainda respiro mais aliviada ao me aventurar de carro em Sumpaulo. Paulista, Dr. Arnaldo, pega a Afonso Bovero, desce Apinagés, vira na Amiberê e chegou. Só não encaro cruzar para a zona Leste sozinha. Também gosto de bater perna pela velha Benedito Calixto – um “estar bem” descompromissado, desenlatado da luz artificial, no meio da praça – coisa rara em Belo Horizonte. Gosto de encontrar amigos pela região da paulista, naquele sobe e desce da rua Augusta. Um café no Viena, programa de gente grande, sempre cai bem e faz com que as horas andem um pouquinho mais devagar. Cinema no CineSesc, de cara para a rua – outra delícia peculiar da cidade, capaz de sobrepor boas memórias de infância e vida adulta.

Pensando bem, São Paulo ainda tem algo de “minha” enquanto posso chegar a qualquer hora na velha casa da Vila Romana e econtrar minha vó Luzia de barriga no fogão. E esperar um pouco pela chegada de primos e tios que entram e saem de lá a qualquer momento. Enquanto me desdobro para ver amigos queridos, em horários pontualmente marcados e respeitados, porém deliciosamente saboreados. Enquanto consigo marcar um almoço gostoso e aproveitar cada brecha do dia para reencontros. Enquanto passeio pela cidade acompanhada da mãezinha que tanto me faz falta. Enquanto vejo meu irmão desleixado e revivo a alegria de ser irmã de um cara tão especial.

Ainda sou paulistana pelo(s) pedaço(s) de mim que deixei na cidade.
E morro de saudades.

E estranhamente consigo estar feliz a 586 km de distância.

[Sobre ser forasteira em BH, no próximo post.]

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Sauna no Morro

Volto a aparecer sem muitas palavras escritas, dando lugar às imagens e às vozes que contam histórias. Esta, quero espalhar para o mundo. Meus vizinhos aqui do Morro do Papagaio mostram como a solidariedade pode realizar o sonho de menino... *Com música e letra de Kdu dos Anjos, feita sob encomenda! ;-)

domingo, 23 de janeiro de 2011

Um achado de barbearia...

Para produzir o quadro Histórias da Cidade, da Rede Minas, tenho contado muito com sugestões de colegas e de amigos que conhecem bem Belo Horizonte. Mas confesso o quanto gostaria de ter mais tempo para bater perna e olhar. Assim costumam surgir ótimas possibilidades de retratar o novo em lugares aparentemente batidos da cidade... Foi assim, meio por acaso, que descobri uma barbearia a moda antiga instalada no edifício Mariana, pertinho da pca Sete. Logo nas primeiras palavras trocadas com Geraldinho, o lider do trio de barbeiros, já ficou na cara que aquele lugar merecia uma reportagem.

Segue então o produto daquele passeio despretensioso pelo edifício Mariana, tradicional ponto de lojas para noivas e casamentos na cidade... (faceta que um dia também deve virar pauta do Histórias da Cidade....)

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ano Novo em paz...

Em épocas de axé e danças com "animaizinhos" dentro da igreja católica, não deixa de ser interessante conhecer os primórdios do catolicismo preservados em um mosteiro. Esses são espaços construídos originalmente fora do perímetro urbano, cercado por muralhas que preservam em parte a regra da vida monástica escrita por São Bento no século V. Pois bem, aqui em BH sou vizinha de um mosteiro, onde 50 monjas trabalham e rezam desde a madrugada com um semblante leve e alegre.

A curiosidade em conhecer melhor esse lugar e essas mulheres me levou à primeira conversa com a madre Estefanea agendada no "parlatório" do mosteiro. A rápida reunião virou uma entrevista de quase três horas. Semanas depois, voltaria como repórter. O resultado já foi ao ar no quadro Histórias da Cidade e agora está na Internet. Minha mensagem de tranquilidade, concentração e realizações para 2011...

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Hoje tem Zé Totó!

Vai ao ar o terceiro quadro do Histórias da Cidade nesta sexta, nas duas edições do Jornal da Rede Minas - às 12h e às 19h. Ver o programinha do Zé Totó indo ao ar vai me deixar um pouco órfã; mãe colocando o filho no mundo... Estive umas quatro vezes na mercearia do carismático Totó. Apuração, produção, reportagem, regravação... caprichamos nas imagens e nos detalhes, no mergulho no mundo dos objetos e da fiel freguesia da rua Aporé.... Em breve quero dar o link para a reportagem, mas por enquanto replico o texto que escrevi para o blog do quadro hospedado no site da Rede Minas.

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Vende-se de tudo!

Lembra daquelas mercearias antigas, típicas de interior, onde é possível encontrar de tudo? De esmalte a queijo, de peneira a doces, de bebidas a pregos? Pois bem, desde o inicio da povoação de Belo Horizonte, esses armazéns e botequins eram os principais pontos de comércio da cidade. Aos poucos, deram lugar a supermercados, padarias, lojas, shoppings. Mas em pleno ano 2010 conseguimos encontrar uma Mercearia típica deste tempo: a do Zé Totó, no bairro Aparecida, fundada em 1943.

Aos 81 anos, seu Zé Totó é uma daquelas figuras carismáticas que conquistam à primeira vista. Um senhor agitado, competente, dedicado. Ele herdou o comando da Mercearia Aporé do pai, vindo do interior. A freguesia ultrapassa os limites do bairro - a fama de “vender de tudo” traz fregueses de todas as regiões da cidade. O comércio - com balcão de madeira e penduricalhos espalhados por todos os cantos – funciona das 8 da manhã às 9 e quinze da noite.

Em época de consumismo intenso puxado pelo clima de Natal, esta reportagem revela como a relação com os objetos pode ser diferente. E, acima de tudo, nos oferece a chance de mergulhar no acolhedor e tradicional universo de Zé Totó. Não perca!! O Histórias da Cidade vai ao ar nesta sexta-feira, dia 17, nas duas edições do Jornal Minas - às 12h e às 19h.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Você não precisa de um salão de beleza


Desde o dia 1. de dezembro, a manicure da rua de baixo começou a maratona de fim de ano. Corta cutículas, lixa unhas e pés, cheira acetona e torce a coluna para servir a suas exigentes clientes de segunda a sábado. Perdeu a segundinha de teórico descanso, na prática dedicada à idas a bancos e ao médico, compras de casa e do salão, faxina, problemas pessoais. Maria é uma guerreira, gente finíssima; mulher negra beirando os 50 anos com o sonho de montar o próprio salão, adotar uma criança e voltar para São Paulo. É de lá, veio para Minas pequena. Ficou com a ilusão.

O universo dos salões de beleza é paralelo à realidade da cidade, à realidade dos homens e de mulheres mais desencanadas. Eu mesma, que nunca liguei tanto para ter unhas pintadas semanalmente com o novo hit da Colorama, acabei mergulhando mais nesses espaços desde que virei “mulher de TV”. São lugares curiosos, de variados estilos. Gosto da Maria, mas já parei em lugares como o Essencialli, no São Bento – três reais a mais no preço da manicure se traduzem em toda uma “infra” poderosa, com água e café, poltronas individuais, TV de plasma em algum programa trash e várias profissionais disponíveis e vestidas com blusinha cor de rosa. Tem outra galeria aqui perto com espaços mais genéricos, com moças meio emburradas que costumam falar mal da patroa enquanto lixam nossa unha com força.

Em comum, esses lugares são espaços para conversas fúteis regadas a leitura dinâmica de revistas como Contigo, Caras, Nova, Minha Novela. Já levei uma CartaCapital a um desses lugares e parei de ler já primeiro parágrafo sobre o caso Satiagraha. Seria o cúmulo do “pimba” – pseudo-intelectual-metida-a-besta. Afinal, bafões sobre o fim do casamento de Pato e Sthefany Brito estavam ali do lado....

Vou a salões como quem vai a uma expedição antropológica. Por mais que eu frequente o lugar, sempre serei “de fora”. Por mais que goste de me sentir arrumada, mantenho a capacidade de me assustar com meninas de 10 anos fazendo unha e escova progressiva, adolescentes que grudam megahair na cabeleira, peruas fofoqueiras, senhoras mal educadas e preconceituosas. E com o fato de que não, não quero experimentar a nova cor verde-musgo-turmalina da Colorama. "C'est la vie".

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Tempo de novo!



Estreia amanhã, dia 3, após meses de gestação, meu novo trabalho na Rede Minas. Cá para nós, brinco que vamos dar um salto na apresentação de várias aventuras cotidianas que poderiam ser contadas neste Tutu Mineiro – agregando a opinião e o profissionalismo de muita gente interessada em contar boas histórias. É o quadro Histórias da Cidade, que passa a ir ao ar toda sexta-feira nas duas edições do Jornal Minas. Em breve, também com seu próprio blog!

A proposta é destacar personagens e lugares que muitas vezes passam despercebidos (ou quase invisíveis.....) no nosso dia a dia em Belo Horizonte. Mergulhar nesses universos, dar espaço às pessoas e seus causos. Vamos para a periferia e para o centro sem preconceitos, descobrindo as diversas faces que compõem a identidade da capital.

Para quem anda experimentando do meu Tutu, boto água no feijão e convido os amigos para esta feijoada feita no capricho! Abraços!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Dilma & Eu

UFA, ufa, ufa. Dilma lá! Durante a comemoração de ontem, a primeira frase aos amigos que encontrava era “Não acredito!!..” Mulher na presidência? Com o Brasil conservador e preconceituoso que se revelou nessa campanha?... É com felicidade que constato como a maioria dos brasileiros teve garra para enfrentar os boatos e as guerras virtuais fundadas na baixaria votando na candidata capaz de dar continuidade ao projeto político iniciado com Lula. Um projeto de desenvolvimento econômico voltado para a inclusão das pessoas, pelo respeito aos movimentos sociais e aos direitos humanos.

Ufanismos a parte, também fiquei feliz por ter tido a chance de conhecer os bastidores das notícias na reta final da eleição. Escalada para a carreata de Dilma em Venda Nova, região norte e relativamente pobre da cidade, vivenciei a loucura de estar entre dezenas de repórteres colados na candidata. Organizados por uma simpática e descolada assessora de imprensa, ficamos plantados em frente à lagoa da Pampulha em posição de ataque. Mas o atraso foi de pouco mais de duas horas. No estresse geral, acabou sobrando tempo para conversa furada (“bonito seu sapatinho!..), para alguma ginástica laboral e espiadas no texto da passagem do colega.

Até que a mulher chega. E entra pelo lugar errado, colada em um monte de brucutu – entre eles, um empurrador e cotovelador profissional. (Se eu fosse repórter da Piauí faria um perfil daquele alemão. Cara bizarro....). foi A ZONA. De nada valem as organizações amigáveis feitas anteriormente. Vira a guerra. Fui sufocada e tive que achar um espaço mínimo entre um sovaco e um pescoço. No meio da gravação - na qual a candidata fala o que quer, uma vez que dez perguntas são feitas ao mesmo tempo – passo o microfone para um colega. A mão não alcançava mais.

Repentinamente, Pimentel aparece arrancando Dilma do bolo. Seguem voando para poucos quilômetros dali, onde começaria a carreta. Vamos atrás. Fiz a loucura de subir no caminhão que vai em frente ao carro de Dilma, montado especialmente para os cinegrafistas e fotógrafos. Incrível ter saído viva de lá. Mas foi surreal. Em constantes freadas buscas, o motorista fazia a turma cair feito dominó – primeiro um, depois os outros. Os alambrados eram todos meio soltos, perigo total. Sem contar o sol escaldante.... (só um felizardo teve a ideia de levar guarda-chuva para tapar o sol). O fotógrafo da UOL cansou do caminhão e pulou de lá de cima com o bicho em movimento. Para completar, no final da carreta, o carro de Dilma virou para a esquerda e nosso motorista seguiu reto. Foi a revolta geral, com gente enxergando uma pegadinha na estratégia.

Esta é a cobertura da qual mais me arrependo por não ter gravado os bastidores.
Ainda mais sabendo que estávamos na cola da agora presidente de Brasil.

A matéria aproveitada pela TV Brasil não conta nem um segundo desta história. Mas serve de souvenir.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Humor e eleição

Muito trabalho e pouca festa, os males do Brasil são.
Em época de estresse pré-eleição, recebi uma das melhores piadas com Dilma e Serra. Compartilho!

Serra e Dilma respondem: “Por que a galinha atravessou a rua?”


Dilma Rousseff: “No que se refere ao fato de a galinha ter cruzado a rua, eu considero que este é mais um ganho do governo do presidente Lula. Eu considero que foi apenas depois que o presidente Lula me pediu para coordenar o PAC das Ruas é que as galinhas no que se refere ao cruzamento das ruas tiveram a oportunidade de poder cruzar as ruas, coisa que, aliás, só as galinhas com maior poder aquisitivo podiam no governo FHC, no qual o meu adversário foi ministro do Planejamento e da Saúde”.

José Serra: “Olha, este é mais um trolóló da campanha petista. Veja bem, as galinhas cruzam as ruas no Brasil, há anos. Eu mesmo coordenei a emenda na Constituição que permite o direito de ir e vir das galinhas. Eles ficam falando que foram eles que inventaram esse cruzamento de ruas, mas já no governo Montoro, quando eu era secretário do Planejamento, as galinhas cruzaram as ruas com maior segurança. Eu, por exemplo, criei o programa Galinha Paulistana, que permitiu que milhares de galinhas pudessem cruzar as ruas e, agora no meu governo, vou criar o “Galinha Brasileira”, em que toda galinha terá direito de cruzar as ruas quantas vezes quiser “.