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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Mona Lisas mineiras











Pulamos o Carnaval. Literalmente. Desta vez, nada de desfile na Via 240 ou baile no Centro Cultural da UFMG. Sequer prestigiei os blocos de rua que começam a surgir em Belo Horizonte... Enfim, o tempo passou bem aproveitado em outros canais...

Fiquei devendo por aqui um comentário sobre a criativa exposição Cem Mona Lisas com Mona Lisa, em cartaz no Palácio das Artes até 21 de fevereiro. A mostra foi organizada a partir de 100 telas com releituras do secular quadro de Leonardo da Vinci feitas por artistas mineiros. Pela grandiosidade, a iniciativa já tem lugar garantido na próxima edição do Guiness Book. (Oh!!)

Na prática, o ponto de partida para os artistas parece ter sido a liberdade. Todos os quadros foram apresentados com a mesma dimensão de moldura, mas não houve restrição de materiais a serem utilizados. Por outro lado, algumas ideias de Mona Lisas se repetem – especialmente quando a protagonista do quadro é mostrada em versão brasileira.

Os olhos renascentistas ganham roupagem mineira em Gioconda de Vila Rica (Graça Malveira), onde aparecem incorporados no colorido corpo de Marília de Dirceu. A tela Mona Lisa mineira (Ronaldo Mendes) situa a figura em cenário de igrejas e festas de congado. Tem até a Monalisa de BH: negra, de cabelo afro e túnica tricolor, com o Palácio da Liberdade, a igreja da Pampulha e o parque Municipal de fundo.

Fantasias à parte, o melhor trabalho de interpretação contemporânea, na minha opinião, é Mona Lisa já não mais tão lisa (Lélia Parreira). Genialmente, os olhos enigmáticos se conservam no corpo de uma senhora sertaneja de pele enrugada e sem dentes. Apoiada numa cerca, lembra um dos tantos personagens que encontramos com facilidade no interior de Minas. Uma bela pintura.

O lado cômico ficou por conta de uma sacada mais “globalizada”. A Mona é pop (Lamounier Lucas) reproduz a versão original do quadro na capa da revista CARAS com a seguinte manchete:

Mona lisa abre seu coração
O sorriso mais enigmático da história da arte se encanta com a Ilha de Caras e revela estar feliz no Louvre

Adorei. E ainda é possível votar na Mona Lisa que você mais gostou. Espero ter feito uma sutil boca de urna para minhas favoritas...

sábado, 3 de outubro de 2009

E vá pro Olho da rua!
















Aviso de última hora aos navegantes – termina domingo uma exposição imperdível na Galeria Olido, em São Paulo. Um grupo formado por fotógrafos, artistas plásticos e performes envolvidos há anos com o tema dos moradores de rua e cortiços apresenta suas visões pessoais sobre este universo de exclusão. O resultado é um caleidoscópio de sensações complexas e reveladoras.

Há ainda a força dos depoimentos de quem vive ou viveu a marginalidade social e o abandono. Parece algo simples, mas não é incrível que a vida e a voz dessas pessoas finalmente tenha ocupado uma galeria de arte pública?

Quem não pode estar em São Paulo ganha muito com a visita virtual detalhada em imagens no blog da exposição. O virtual em altas doses de realismo.

PARTICIPANTES
ALDERON COSTA , AUGUSTO CITRANGULO, ANTONIO BRASILIANO, ANDERSON BARBOSA, EDUARDO VERDERAME, ESQUELETO COLETIVO, F?, FABIANE BORGES, FELIPE BRAIT, FLAVIA VIVACQUA, FLORIANA BREYER, GUTO LACAZ + CELSO GITAHY, LUCAS D., MARCOS VILAS BOAS, MARIANA CAVALCANTE, PAULO ZEMINIAN, RODRIGO ARAUJO, PEETSSA, PEDRO RANCIARO, SEBASTIÃO NICOMEDES, TÚLIO TAVARES

OFICINAS OCAS”
CABEÇA SEM TETO, OFICINA DE CRIAÇÃO, PONTO DE CULTURA

CURADORIA E ORGANIZAÇÃO
ANTONIO BRASILIANO, EDUARDO VERDERAME E TULIO TAVARES

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A guerra mora ao lado

Nada melhor do que não ter que se programar demais para ver uma exposição de arte. Foram quase dois anos até que eu tirasse um sábado para ir ao Inhotim, para se ter uma ideia. Em São Paulo, pior ainda. O comum é ser vítima da fórmula coisa demais + tempo de menos = exposição perdida. Minha cidade ideal é, por isso, lotada de espaços de arte em cada esquina – em meia hora, no caminho de casa, uma janela a mais para o conhecimento.

Hoje fiz meu pit stop da volta do trabalho no recém inaugurado Espaço de Arte Pitágoras. O tema não me atraía a princípio – a 2ª Guerra Mundial - mas sai impressionada. São 1800 peças que remetem ao trágico evento pertencentes ao colecionador mineiro Marcos Renault. As diversas vitrines mostram fardas de soldados das nações envolvidas com a guerra, recortes de jornal em várias línguas, medalhas de condecoração, cartas de prisioneiros, capacetes desenterrados, bandeiras nazistas, gibis, manuais de guerra, posters de propaganda política e uniformes usados em campos de concentração na Alemanha.

Em meio a tanta coisa séria, há uma centena de brinquedos que me lembraram os tão queridos Comandos em Ação do meu irmão na infância. São miniaturas muito mais bem feitas que os similares da Estrela, claro – tanques de guerra, armamentos e submarinos totalmente fieis aos originais. Engraçado como ainda hoje estes brinquedinhos de guerra resistem a rede severa do politicamente correto... mas será mesmo normal brincar de matar e torturar?.. Vai entender....

Há ainda maquetes de cenas reais da guerra com soldadinhos de chumbo mortos e ensanguentados. Com variações – como uma invasão dos aliados a uma fazenda na Europa inimiga... De tão bem feitos, conquistaram o colecionador.

E já que não há o que comemorar nestes 70 anos do início da 2ª Guerra, resta lembrar. Ou conhecer. Para isso, vale se programar. A exposição fica em cartaz até 21 de outubro na rua Santa Madalena de Sofia, nº 152 – tel. (31) 2111-2103. Recado dado!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Desarmores públicos











Lembra de um dos versos mais raivosos da carreira de Caetano Veloso? (pelo menos antes da fase “Cê”...)

Perua, piranha
Minha energia é que mantém você suspensa no ar
Pra rua, se manda,
Sai do meu sangue, sanguessuga, que só sabe sugar
Pirata, malandra,
Me deixa gozar


Agora imagine a letra inteira de Não enche lida por um funcionário do “Carro do Amor” como mensagem a uma garota, em pleno dia dos namorados, no centro de Belo Horizonte. Apesar do surrealismo, a cena aconteceu de verdade. Quer dizer, quase de verdade: a confusão foi armada como performance artística de Camila Buzelin, registrada em vídeo para a exposição Lantejoulas no meu tédio. A pobre “namorada”, que ouve o texto inteiro da música ao som meloso de Oh, I Can´t forget this feeling, ainda precisa suportar a mensagem final, lida no último volume pela voz de locutor de rádio do motorista do gol pintado de corações:

- Atenção, Luciana. Nosso namoro acabou. Espero que tenha ficado claro a mensagem e que você possa aceitar esta decisão.

A moça, claro, cai aos trampos em plena Av. Amazonas. Em cartaz no Palácio das Artes só até o final desta semana, o trabalho é acompanhado por fotos de faixas, pixações e até rabiscos em árvores que invertem as usuais mensagens de amor em frases como “Lu, eu te amava, mas prefiro sua irmã” e “Camila, Voltei para a minha ex. Descobri que nunca te amei”. Uma forma genial de ironizar a precariedade dos laços de amor na atualidade - nas palavras do professor da PUC Minas Luiz Flavio. Nas minhas palavras, uma forma de abordar a obsessão pela visibilidade nas relações amorosas – em Orkuts e Fotologs, por exemplo –, que termina por esvaziar a intimidade e destruir laços verdadeiros entre os casais.

Notas de rodapé, de Carolina Cordeiro, que está na mesma sala, também vale a pena ser vista. [Gostei mesmo foi da imagem dos pombos que devoram os pontos cardeais traçados com milho em praça pública. Como ninguém pensou nisso antes?]. Recado dado!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Mostra Circuitos Compartilhados








Sou assinante antiga da newsletter do Cine Humerto Mauro, do Palácio das Artes, mas nem sempre leio as mensagens. Hoje, por uma incrível coincidência, abri o email. Adivinha? Meu nome estava lá, na ficha técnica da programação de filmes que acontece de 16 a 22 de março, durante a Mostra Circuitos Compartilhados!

Explicando: colaborei como entrevistadora em um dos vídeos produzidos durante a ocupação do edifício Prestes Maia pelo Movimento Sem Teto do Centro, em São Paulo, no ano de 2005. Ocupar, Resistir, Construir, Viver traz depoimentos de moradores na iminência de um despejo violento e integra o documentário Política do Dissenso, coordenado por Túlio Tavares e composto por uma dezena de outros registros artísticos. O trabalho, por sua vez, faz parte de uma coleção de 35 DVDs chamada Circuitos Compartilhados.

O convite, portanto, não é apenas para a Programação 5. Mais informações ficam por conta do release que, felizmente, não deletei.

MOSTRA CIRCUITOS COMPARTILHADOS
O Cine Humberto Mauro apresenta entre 16 e 22 de março, a mostra Circuitos Compartilhados. Fruto de pesquisa iniciada em 2000 pelo artista curitibano Goto, a mostra teve sua estréia em 2005, em Curitiba, com o nome Circuitos em Vídeo. O contexto associa-se às práticas dos coletivos de artistas, arte de ativismo cultural, ações colaboracionistas em arte e espaços alternativos, ou seja, diversos tipos de iniciativa em que o artista se coloca não só como o realizador da obra, mas como mediador do diálogo desta com o público.

O acervo do projeto reúne 150 coleções com 35 DVDs cada, 44h35'25'' de programação, com 225 títulos em vídeo e filme associados a 87 ações de circuitos artísticos ocorridos no Brasil entre os anos 70 e a atualidade, organizados em 20 programas. O processo curatorial para a mostra de Belo Horizonte, ficou a cargo de Bráulio Britto Neves, pesquisador de cinema, documentarista e integrante do coletivo Ystilingue.

PROGRAMA 1 | 115'
Cildo Meirelles | Wilson Coutinho, RJ, 1979, 11'
Parangolé | Cuquinha, RJ, 2002, 7'
Arquivo Bruscky | Paulo Bruscky, 97'

PROGRAMA 2 | 105'
Povo do Botão | epa!, Goto, Cinema Sensível e ASSINTÃO, 80'
Um registro de Constatação de Arte no projeto NBP de Ricardo Basbaum | Wagner e Pedro Vasconcelos, ES, 1994, 14'
O Marchand | Ricardo Ramalho, SP, 2005, 3'07''
O Curador | Ricardo Ramalho, SP, 2005, 2'33''
O Colecionador | Ricardo Ramalho, SP, 2005, 6'
O Artista | Ricardo Ramalho, SP, 2005, 3'02''
O Marchand Discute Projeto do Artista | Ricardo Ramalho, SP, 2005, 5'09''

PROGRAMA 3 | 110'
Corpos Informáticos 1 | GPCI, DF, 1993, 41'
Corpos Informáticos 2 | GPCI, DF, 1993, 48'
Toscolão | Orquestra Organismo, Glerm Soares e Vanessa Santos, PR, 2007, 12'13''
Novas Bases Instrumentais | Orquestra Organismo, Glerm Soares e Vanessa Santos, PR, 2007, 1'43''
Sobreloja 35 | Ystilingue, MG, 2008, 6'


PROGRAMA 4 | 110'
MIP - Manifestação Internacional da Performance | Marcelo Terça-Nada, MG, 2003 - 2005, 80'
Fogo Cruzado | Ronald Duarte, RJ, 2002, 4'38''
O Q. Rola Você V. | Ronald Duarte, RJ, 2001, 4'45''
EIA - 2005 | EIA, SP, 2005, 23'

PROGRAMA 5 | 105'
O Homem Invisível - O Objeto Invisível | Túlio Tavares, Ricardo Basbaum, SP, 2000, 9'22''
ACMSTC - Arte Contemporânea no Movimento dos Sem-Teto do Centro - Catadores de Histórias | Túlio Tavares, SP, 2003, 18'20''
Bandeira | Rodrigo Araújo, SP, 2005, 3'34''
Ocupar, Resistir, Construir, Viver | Túlio Tavares, Antonio Brasiliano, Júlia Tavares, SP, 2005, 5'46''
Sábados Culturais | Túlio Tavares, SP, 2005, 4'20''
Dignidade | Coletivo Elefante, SP, 2005, 2'10''
Plínio Ramos, 82 | Chico Linares, Melina Anthis, SP, 2005, 11'43''
A Reunião Com a Polícia | Túlio Tavares, Flavia Sammarone, SP, 2005, 7'11''
Visite a Biblioteca Prestes Maia | Túlio Tavares, Mariana Cavalcante SP, 2006, 13'21''
Eletrocardiograma Social do Centro - Mapeamento das Ocupações | Túlio Tavares, Antonio Brasiliano, SP, 2006, 2'27''
Eliot&Sica | Eliot e Sica, SP, 2006, 40''
Manifestação dos Artistas | Túlio Tavares, Flávia Sammarone, Alexandre Rüger, SP, 2006, 7'58''
Território São Paulo - Sala Especial da Bienal de Havana | Túlio Tavares, Antonio Brasiliano, Eduardo Verderame, SP, 2006, 5'01''
14 Vernissage | Túlio Tavares, Flávia Sammarone, SP, 2006, 4'58''
468 | BijaRi, SP, 2006, 5'20''

PROGRAMA 6 | 110'
Palíndromos | Luís Andrade, RJ, 2001, 23' 32''
Conserto_Polavra | Sálvio Nienkötter, Orquestra Organismo, Vanessa Santos, PR, 2007, 6'14''
Infração: Consumo de Imagem | Marssares, RJ, 1998, 2'39''
O Mar, a Escada e o Homem | Rosana Ricalde, Felipe Barbosa, Fernando Baena, RJ, 2002, 6'20''
Divisória Imaginária | Grupo Urucum, AP, 2003, 7' 05''
Pastor Robson | Ricardo E. Machado, PR, 2000, 32'
Problemas de Linguagem e Pontuação | Hélio Fervenza, SC, 2005, 3'32''
Endereçamento: Vendo a Vista | Maria Ivone dos Santos, SC, 2004, 7'50''
Free Time | Daniele Marx, Mojácar, Espanha, 2005, 9'08''
Reservado | Reserve, Glaucis de Morais, França, 2003, 3'59''
Go to the Window and Look | Cláudia Zanatta, SC, 2005, 7'06'

PROGRAMA 7 | 120'
Desenhando no Vento | Poro, MG, 2005, 6'
Leve | Brígida Campbell, MG, 2004, 3'
Rua Imagem Espaço | Poro, MG, 2003, 7'
Sightlines | Doung Johangeer, Brasil / Durban - África do Sul, 2005, 20'43''
3 Healers | Owen Oppenheimer, Durban - África do Sul / Londres, 2004-2006. 20'28''
L'avancée | Nesrine Khodr, MG / Beirute, 2005-2006, 13'52
Simunye | Joacélio Batista, Durban - África do Sul / Brasil, 2004-2005, 2'07''
Paralelo 30 | Joacélio Batista, Durban - África do Sul / Brasil, 2004-2005, 11'43''
Movimentos Leves | Marco Paulo Rolla, MG, 2006, 6'43''
Atravessando uma Porta | Marcos Hill, Durban - África do Sul / Brasil, 2004-2006., 21'55''

PROGRAMA 8 | 115'
Titá cum Pintão | Família Freitas Tavares, SP, 1994, 1'43"
Menossi, o Agente Federal | Ricardo Ramalho, SP, 2003, 2'45"
Entre estas Coisas Chamadas Obras de Arte | Túlio Tavares, Rafael Adaime e Ricardo Basbaum, SP, 2005, 1'55"
Quem é Menossão? | Túlio Tavares, Eduardo Verderame, Bruna Tavares, SP, 2002, 1'40"
Glória in Menossis | Túlio Tavares, Silvio Tavares e Eduardo Verderame, SP, 2003, 2'45"
Saddan Menossi | Túlio Tavares, Giuliano Scandiuzzi, Peetssa, SP, 2003, 5'40"
Bruna e o Parangomonstro ou Amor Divino | Túlio Tavares, Bruna Tavares e Eduardo Verderame, SP, 2003, 2'43"
ARTSHOP | Túlio Tavares, Ricardo Ramalho e ARNSTV, SP, 2003, 2'40",
As Chaves Certas que Abrem as Portas Certas | Túlio Tavares, Nicolau Sevcenko e Rodrigo Barbosa, SP, 2003, 5'08"
A Materialização do Menossi no Início do Milênio | Túlio Tavares, Eduardo Verderame, Zeca Baleiro e Catatau, SP, 2003, 2'19"
A Lenda de Menossão | Antônio Reis Junior, Sebastião Cirílo, Túlio Tavares, SP, 2003, 5'40"
Despejados do Mundo | Túlio Tavares, Eduardo Verderame e Nicolau Sevcenko, SP, 2003, 3'37"
Artistas Federais no Blem Blem | Ricardo Ramalho, Túlio Tavares, Daniel Lima, ARNSTV, SP, 2003, 2'
Picasso Nem de Graça | Túlio Tavares, Eduardo Verderame, Milton Neves, SP, 2003, 2'
Menossi para Prefeito da Bienal | Túlio Tavares, Rodrigo Araújo, Flávio Araújo, Mariana Cavalcante e Bijari, São Paulo, 2002, 9'10"
Titá cum Pintão | Coletivo: "Amigos do Menossão", SP, 1994, 3'06"
CEP 20000 | Daniel Zarvos, Chacal, Guilherme Zarvos, Michel Malamed, RJ, 2005, 52'

PROGRAMA 9 | 110'
Comunidade, Ativismo e a Cena Downtown - um documentário independente sobre a cena experimental de Nova York | Cristiane Bouger, New York / Brasil, 2006, 110'

PROGRAMA 10 | 110'
Desligare, parte 2: Tela / Espelho | Goto e participantes, PR, 2007, 22'32''
Desligare: Tela / Espelho, Simplificado | Goto e participantes, PR, 2007, 1'04'' Desligare: Percurso / Cena, Simplificado | Goto e participantes, PR, 2007, 3'06''
Desligare na Funarte & Arremesso Público da TV | Goto e Luís Andrade, RJ, 2008, 1'19''
Dirigível Olho Grande | Alexandre Vogler e Flávio de Carvalho, RJ, 2003, 4'17''
A Revolução Não Será Televisionada | ARNSTV, SP, 2003, 26'
Liberte-se (Placa, Bala e Faixa) | ARNSTV & Cia Cachorra, São Paulo, 2004, 21'40''
Super Loja Show | Alexandre Vogler, Guga Ferraz, Rio de Janeiro, 2004, 18'55''
Carnaval Cultura Coletiva | GIA, Everton Santos, BA, 2006, 3'41''
Acredite em Suas Ações | GIA, Everton Santos, BA, 2006, 7'48''

ENTRADA FRANCA COM RETIRADA DE INGRESSOS MEIA HORA ANTES DA SESSÃO.

16 SEG
17h Programa 2
19h CINECLUBE CURTA CIRCUITO
21h Programa 1

17 TER
17h Programa 8
19h Programa 3
21h Programa 9

18 QUA
17h Programa 5
19h Programa 10
21h Programa 7

19 QUI
17h Programa 9
19h Programa 6
21h Programa 2

20 SEX
17h Programa 10
19h Programa 5
21h Programa 4

21 SAB
17h Programa 3
19h Programa 1
21h Programa 8

22 DOM
17h Programa 4
19h Programa 7
21h Programa 6

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O dilema do galo, ou o retrato da Belo Horizonte de ontem e hoje















Era uma vez um galo de crista para baixo. De passagem pela jovem capital de Minas Gerais, provocou um frisson capaz de avançar os limites dos galinheiros ainda presentes nos quintais de terra batida em casas burguesas e operárias. O estrangeiro representante da espécie Gallus gallus dividiu a sociedade, exigindo resposta firme por parte de mineiros e mineiras: ame-o ou deixe-o.

A história do quadro de Portinari - que chegou a ser apelidado de “Olag” - é um dos registros memoráveis da exposição O olhar modernista de JK, em cartaz no Palácio das Artes. Ao recriar a Exposição de Arte Moderna, de 1944, que trouxe ares da Semana de 22 para Belo Horizonte, a atual mostra repercute a opinião de jornalistas e outros moradores da cidade em relação aos novos conceitos de arte suscitados a partir das obras de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral e Lasar Segall, entre outros. Nada pacífica, uma dessas reações foi o corte a gilete de alguns trabalhos...

Relendo as notícias da época, percebo que a “desconfiança do novo” naquele inicio de século ainda hoje é um traço marcante da sociedade mineira. Ao mesmo tempo em que admira o que é de fora, não admite imposições. No fundo, almeja uma modernidade compatível com suas tradições e despreza radicalismos. Será que os artistas plásticos na ativa concordam comigo?

Outro detalhe intrigante é pensar que toda esta balbúrdia no campo artístico e social foi patrocinada e incentivada justamente pelo queridíssimo e respeitado Juscelino Kubitschek, então prefeito de BH....

Até 1. de março, portanto, vale a pena passar pela Afonso Pena 1.537.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Ocupar com arte













(Um novo Mercado Novo em foto de Desali)


Semana passada fiz o circuito grafiteiro em BH. Comecei pela Bienal na Serraria Souza Pinto e, na sexta-feira, peguei o último dia da mostra Kreu Krio, no até então desconhecido (e decadente) Mercado Novo. O contraste foi instigante.

Nos dois casos, tratava-se de grafite fora do contexto original. Nas paredes do galpão da Serraria, a pretensão de alavancar este tipo de manifestação a um patamar formal causou um estranhamento maior. A poluição visual das grandes gravuras dispostas muito próximas entre si dificultou um olhar mais atento aos trabalhos. Já as megainstalações – como o carro todo pintado e o trabalho com peças usadas de computador que tomou o espaço de um corredor inteiro – são interessantes, mas me parecem idéias pouco inovadoras. No geral, os trabalhos são pouco engajados e sequer agradam do ponto de vista estético.

Audácia e independência ficaram mesmo por conta da mostra Kreu Krio. A começar pela escolha do local – um dos cantos da Belo Horizonte que não aparece em cartões postais ou em programas de campanha política na TV. Nesse espaço mal preservado que se tornou um ponto de vendas de embalagens e isopor, a garagem se mistura com espaços de circulação de clientes. A escada rolante não “rola” há bons anos. E quanto mais alto o andar, maior o abandono.

Mas o banheiro sujo do terceiro andar recebeu as cores vibrantes do grafite em toda a parede. Nos corredores desocupados, cavaletes antigos de propaganda eleitoral receberam stickers irônicos e questionadores. Em meio ao vazio, ficou mais fácil refletir sobre a arte e a realidade daquele estranho espaço. A visita me fez lembrar os já históricos dias de ocupação de artistas de SP na ocupação dos movimentos de moradia no edifício Prestes Maia em 2004. [Para saber mais, é só clicar no site do Túlio Tavares!]

Quem também gostou da movimentação atípica no Mercado Novo foi um dos donos da Serralheria Mangaba. Sujo de graxa no macacão azul, Lúcio Camilo de Menezes também ficou encantado com a grafite do banheiro. São 45 anos trabalhando por ali – ainda menino, vendeu laranja nas redondezas e depois trabalhou na reforma do prédio, antes usado como oficina de bonde da cidade. “Se eles cuidassem de isso aqui, seria uma coisa linda”.

Que venham mais grafiteiros e outras [a]mostras de inteligência como essa!

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Grafite: Marginal?













(Imagem de Galo de Souza, de Recife)


Belo Horizonte terá sua primeira Bienal Internacional de Graffiti (assim mesmo, com essa grafia). A notícia é pra lá de bem vinda. Pena que eu tenha me tornado um pouco cética quanto a eventos deste porte. Mesmo no caso da glamourosa Bienal de Arte de SP, sei que muitos interesses da curadoria nem sempre se limitam a parâmetros artísticos. A Bienal do Livro é outro exemplo.

De qualquer forma, não deixa de ser interessante imaginar que os responsáveis por esta arte - marginal por excelência - agora estejam articulados numa Bienal. Entre os artistas brasileiros, haverá destaque para a produção local de Minas. Também participam grafiteiros da Inglaterra, Holanda, Japão, Alemanha, Chile, Porto Rico e EUA. De 30 de agosto a 7 de setembro, a Bienal ocupa a Serraria Souza Pinto com shows, exposições e seminários. [Aliás, um deles parece especialmente interessante: “Vandalismo, arte marginal ou nova estética?”, no dia 5, às 16h.]

Apesar de todo o agito prometido, confesso que meus interesses estão mais voltados para uma mostra paralela e independente de arte de rua chamada Kréu Krio. Sem patrocínio de mega empresa ou apoio de leis de incentivo, coletivos mostram trabalhos de grafite, lambe-lambes, instalações e sticker (vulgo “adesivo”) no Mercado Novo, de 30 de agosto a 5 de setembro. O Pixelando traz mais informações.

[PS do post - Meu olhar sobre o grafite começou a mudar no sábado passado, quando fui parar de penetra na inauguração de uma exposição coletiva da Mini-Galeria com David Flores (Los Angeles), Tristan Eaton (Nova Iorque), CALMA (Brasil), 123Klan (França) e Kid Acne (Inglaterra). O espaço interno é um charme: de tão pequeno, passa como porão artístico dos sete anões. Ainda bem que este tipo de arte pode ocupar paredes e muros do quintal... Visita recomendadíssima!]

terça-feira, 6 de maio de 2008

Rápidas

Trabalho no feriado e uma visita especial no fim de semana renderam algumas reflexões:

- Torcer por um time é tão obrigatório quanto ter carteira de identidade, especialmente em época de decisão de campeonato. Dias atrás, eu explicava que era de São Paulo e não torcia para ninguém, mas meus interlocutores não mostravam disposição para a resposta. Resolvi adotar a persona atleticana e os ruídos na comunicação diminuíram. O taxista, arrasado com a derrota no domingo, ficou feliz em transportar uma camarada de time e deu um desconto de dez centavos na corrida. Despediu-se de mim com um sonoro “amanhã é outro dia!”.

- A excursão feita para Ouro Preto com a CVC em 1996 (vixi, será que é isso mesmo?) não valeu quase nada em termos de desenvolvimento intelectual. À época, tive a famosa overdose de Aleijadinho e visitei todas as igrejas possíveis. De concreto, no entanto, restou apenas um relógio de sol feito em pedra sabão. No bate e volta que fizemos neste sábado, visitamos somente a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, construída em 1733. Mas a amostra foi suficiente para superar todo o meu conhecimento prévio de barroco e rococó made in Brazil. Pedi uma referência de um guia bacana e valeu a pena. O carismático Taquinho não tinha simplesmente “decorado” nenhuma ladainha. Pelo contrário: falava com paixão dos detalhes das capelas, dos anjos, das pinturas. Tirou dúvidas cabeludas no âmbito arquitetônico, histórico e químico - explicando o processo de colagem da folha de ouro na madeira. Finalmente, posso dizer que não é justo desqualificar o trabalho desses guias.

domingo, 13 de abril de 2008

Coco, congado e pão de queijo

Desta vez, saquei o celular do Eduardo para mostrar em imagens algumas outras cenas (ainda) muito peculiares da vida mineira. Domingo passado acompanhei uma edição do agitado projeto “O Museu Guardas”, no Museu Mineiro. Cinco guardas de congado de várias regiões de Minas entraram cantando e batendo tambores dentro do museu em reverência às imagens sacras do barroco mineiro.

Lá pelas tantas da tarde deveria acontecer o lançamento do CD “Os cocos”, do grupo de coco Ouricuri. Com a ameaça de chuva, eles bateram os tamancos e tocaram a versão acústica do CD dentro da sala nobre do casarão, lotada de cruzes e santos dourados - alguns em suportes giratórios - do século 18.

No meio dessa bagunça, com menino correndo pra tudo quanto é lado, o diretor do museu propôs uma performance pra lá de autêntica. Quatro convidados da área de artes plásticas preparam uma receita deliciosa de pão de queijo para todo mundo. Enquanto isso, qualquer um podia se servir de queijo meia-cura. Voltamos para casa com a receita impressa do venerado quitute e com novas interrogações provocadas pela arte contemporânea.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Um Gringo bem brasileiro








Pense em todas as capas de CDs que já chamaram sua atenção. Se você lembrou dos discos de Chico Buarque (As Cidades, Paratodos), Elza Soares (Do cóccix até o pescoço), Lulu Santos (Assim caminha a humanidade), Marisa Monte (Barulhinho Bom), Cássia Eller (Com você, meu mundo ficaria perfeito), acertou na mosca: são de Gringo Cardia, o designer ou “artista multimídia” que vem definindo a cara da MPB desde o final dos anos 70.

Ainda hoje, é ele quem dá aquela aparência descolada para Vanessa da Mata na produção dos seus dois CDs, ou faz a Pitty arrasar corações adolescentes nas suas fotos bad girl. Sem Gringo cuidando inclusive das cenografias de shows, Agnaldo Timóteo não seria um brega tão resistente. Aposto que, sem as fantásticas idéias dos seus cenários, até mesmo os baixinhos roncariam no show da Xuxa.

Descobri todo esse mundo de imagens, tipografias e inspirações de Gringo Cardia na exposição caprichada que acontece no Palácio das Artes até dia 6 de abril. Logo na entrada, o próprio Gringo faz uma vitrine com os objetos que são suas inspirações – passando por discos de David Bowe, imagens de Buda, figurinhas de heróis japoneses e velhos gibis de mocinho e cowboy e da cadela Lassie. Na última sala da exposição, constata-se que o estilo do cara também está impregnado em uma boa safra de videoclipes brasileiros. Um telão exibe alguns dos 50 vídeos assinados por ele, como o instigante Manguetown, da Nação Zumbi:


Amigos turistas já têm outra passagem obrigatória na cidade, além da igrejinha da Pampulha. Ufa!

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Era uma vez dois verões...







Na falta de sol, o verão possível por aqui é ultra cabeça. Semana passada começou o Verão Arte Contemporânea, com uma programação de grupos e artistas que fazem um trabalho reflexivo, experimental e nada preocupado em atender ao gosto médio do mercado. (A Ludmila fez uma matéria bacana com a organizadora do evento, Ione de Medeiros, diretora do Grupo Officina Multimedia. No oraboa.)

Hoje começa o Festival de Verão da UFMG, com uma eclética abertura comandada por palestras com Glória Kalil (!!) e Zé Miguel Wisnik e Arthur Nestrovski. A proposta é adaptar a idéia dos tradicionais festivais de inverno para esta estação do ano, com mini cursos, oficinas e cinema cult na área de letras e artes. As oficinas acontecem principalmente nos dias do Carnaval, com temas mirabolantes como “A ciência na arte do circo – saúde, meio ambiente e cidadania na formação de palhaços”, “Direito e música: conexões e paradoxos” e “Genética do comportamento: como eu faço o que eu faço e quem sabe até alguns porquês”.

Ps. Belo Horizonte vive seus dias de Macondo. Na história da legendária cidade fantástica narrada por Garcia Márquez em Cem Anos de Solidão, houve uma época em que só chovia, as casas foram tomadas de limbo e o único transporte possível eram as canoas... E quem disse que em Minas não há mar?

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Anfitriã turista













Por um bom tempo ainda deverá ser assim: recebendo os amigos de SP em casa, também viro turista. Nessa passagem do querido Paulo por aqui, foi até um pouco patético: ele conseguiu se orientar melhor que eu no centro da cidade... sobe Bahia, desde São Paulo, volta pra Afonso Pena...

Metade dos programas do fim de semana foi inédito para os dois: cerveja nos ultra- movimentados balcões do Mercado Central (sem petisco, dessa vez), passeio encantado no Museu Giramundo, volta completa pelo Parque Municipal.

Desta vez destaco o maravilhoso Museu Giramundo. Todos os bonecos já usados nos espetáculos do grupo, criado em 1971, estão lá – um museu vivo, mesmo. Um menino de 6 anos que nos acompanhou na visita classificava os bonecos e fantoches entre “do bem” ou “do mal”, mas há milhares de outras sutilizas em cada expressão e figurino das obras. Imperdível.

Talvez eu esteja próxima do limite anual de passeios ao complexo da Pampulha. É Niemeyer que não acaba mais. Tenho dado sorte em encontrar cada vez uma exposição diferente no Museu de Artes - desta vez, sobre os Neoconcretistas - mas conclui que a igrejinha não merece tantas visitas assim....

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Churrasco de boi com arte

Arte é bruxaria. Ao menos a arte contemporânea. Ou ao menos a arte produzida por uma turma especial de artistas plásticos de São Paulo. Esse foi meu estalo ao passar, no dia 9 de dezembro, pelo ateliê da Vila Madalena que recebeu o Projeto MIL971.

Cerca de 30 artistas invadiram o espaço entre 7 e 16 de dezembro com exposições e muitas performances surreais. Três deles, nascidos em 1971 – Túlio Tavares, Marcos Vilas Boas e Eduardo Verderame – convidaram os amigos para articular uma intensa “semana de experiências”. Ao meu ver, a pretensão do projeto esteve na liberdade total que os artistas convidados tiveram para expor seus trabalhos.

Naquele final de domingo, presenciei um churrasco com três corações de boi no quintal do ateliê. Enquanto a carne assava, DJs faziam um som muito louco acompanhado pela voz ao vivo – e quase eletrônica, gutural - de uma garota. Um vídeo no telão mostrava alguém fazendo milhares de cigarros de maconha, numa edição frenética da imagem. Ao mesmo tempo, acontecia uma performance de dança em volta do churrasco, com direito a pandeiro, gente enrolada em folhas de plástico e escalada na parede...

Catarse total. Da parte mais “careta” do Projeto, seguem alguns trabalhos. Eles podem ser vistos em tamanho maior clicando com o mouse na imagem.

Mariana Cavalcante e sua versão de “Feliz Natal”










Túlio Tavares e fotografias em grande dimensão produzidas com recursos digitais



















Antônio Brasiliano e fotos de performances durante ameaça de reintegração de posse na ocupação Prestes Maia










Mais sobre a proposta do MIL971 e portfólio dos artistas no blog http://mil971.wordpress.com.