quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Diamante do Jequitinhonha

O gato pardo passeia docilmente no telhado dos casarões
Três séculos de história abaixo de quatro patas
O IPHAN não encontrou formas de calçar meias macias nos bichanos de Diamantina
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A namoradeira de barro nas janelas já foi clonada
São centenas delas nas lojinhas de artesanato
Noivinhas e daminhas. Batom vermelho e buquê de sempre-vivas
Querem mesmo é casamento com turista
Vai pagar quanto?
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Por essa, a danada da Chica da Silva não esperava
Nos anos dois mil, ainda provoca inveja com seu casarão na rua do Carmo
Das janelas com entreliças, a vista mais linda do sol refletido na serra
O chão de madeiras largas, os quartos espaçosos e iluminados
Ao fantasma da ex-escrava, só devem causar desgosto os vários quadros de Juscelino na parede
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Ser bixo em Diamantina é osso duro de roer
É andar pintado de verde, com placa pendurada no pescoço, correndo feito doido nas ladeiras de pedra
[O DCE Pé Rachado denunciou que os veteranos jogaram creolina nos calouros deste semestre]
A senhora mineira da cidade, a caminho da velha igreja, custa a entender o ritual macabro
*
O Hotel do Niemeyer é um monolito na paisagem
Cadê a consciência histórica do arquiteto?
Os hóspedes da caixa de concreto agora convivem com o luxo fora de época
Penteadeira redonda, abajour francês, tapete vermelho na escadaria
Alguns elegem o espaço para uma barulhenta festa de casamento
Para tudo, há mesmo um gosto

Um comentário:

Luiz Antônio Navarro disse...

vixi! a júlia teva a exepriência de subir e descer ladeira de pedra que não é diamante! que ótimo!