domingo, 23 de maio de 2010

Qual seu guia?



Desde a volta das férias, ainda me sinto um tanto aérea com pautas mineiras para o blog. Será um dos efeitos de já ser moradora um pouco mais veterana na cidade estranha? Será que a gente vai perdendo mesmo aquele olhar estrangeiro para as diferenças, as curiosidades, as histórias peculiares de um lugar?? Pena!...

Mas ainda queria retomar as férias incríveis para refletir sobre como nos viramos em um lugar totalmente estranho, onde não se fala absolutamente nada da língua local. Bom, o nosso roteiro pela Europa Central foi desenhado na pura raça geek. Leia-se: Eduardo, muito conectado na Internet, descobriu uma ferramenta incrível para escolher lugares bacanas e em conta para ficar: o Trip Advisor. Na verdade, uma comunidade virtual onde as pessoas avaliam hotéis/ pousadas/ albergues que conheceram. A participação é gratuita e você tem total liberdade para criticar, elogiar, destacar algo interessante do lugar... simplesmente infalível. Deu certo em todos os lugares que visitamos, bem recomendados entre os usuários.

Já a escolha dos passeios foi orientada pelo Guia Criativo para O Viajante Independente na Europa, organizado por Zizo Asnis. O guia faz sucesso por ter sido pioneiro em um filão bem tupiniquim: sugerir dicas para turistas quase sem nenhuma grana. O sucesso também está no fato de ser dedicado a brasileiros e escrito por um brasileiro. Todos os países merecem um quadrinho das “barbadas e roubadas”, com alertas sobre as famosas “tourist trap” (armadilhas para turistas). O texto é bem jovem, informal e engraçado.

Mas caímos numa armadilha bizarra. Ainda antes da viagem, comprei o Wallpaper Guide de Praga, editado pela Publifolha. Só depois “horrorizei” com o prefacio, nas exatas palavras seguintes:

Duas coisas que estão por toda a parte são a infalível agua ardente local, a Becherovka, e as hordas de turistas. De qualquer modo, foi o turismo que elevou o padrão de uma maneira geral. A iluminação das ruas ainda é fraca, mas as pedras da rua ganham agora novo brilho com os tênis dos turistas, e os habitantes de Praga têm todas as razões para serem gratos por isso.

Ou seja: uma cartilha de orientação espacial... capitalista! O tal guia é ultra elitizado, só fala de compras, design, spas... ah, um dos lugares sugeridos é um clube de tiro!! Enfim, não foi na minha mala.

Entre os guias que cruzamos no caminho - como o Guia Visual, também da Publifolha, mal traduzido e sem critério para os roteiros -, a conclusão é que o Lonely Planet é mesmo o mais completo. Detalhadissimo, oferece dicas descoladas e viáveis de onde comer, o que visitar e como priorizar os dias em uma cidade. Tem milhares de colaboradores que moram nas cidades e sugerem lugares escondidos, diferentes. Fiquei tão bem impressionada que resolvi espiar, na internet, o Lonely Planet de Belo Horizonte.... e não é que gostei?? Tem ali uma BH surpreendente e até desconhecida de alguns belohorizontinos.

O guia recomenda, por exemplo, o Museu Giramundo e o Museu de Artes e Ofícios. Inclui o charmoso Café com Letras e o Café Kahlúa Tabacaria – uma opção na Savassi, bairro mais rico, e outra no centrão, mais acessível.

E para encerrar o assunto, não posso perder a deixa de voltar a recomendar um guia bem sui generis escrito por um jornalista mineiro sobre a capital: Na Pior em BH. Trata-se de um “roteiro maldito para um turista original: pardieiros, pocilgas e assemelhados”, nas palavras do autor. O esquema é trash metal: Ranier Bragon passou a limpo seus lugares mais sujos e prediletos, com direito a sebos baratíssimos e bares para tomar o original caldo de mocotó. [Se ele está vivo, pode valer a pena experimentar...] Enquanto o projeto não vira livro, o jeito é pegar as dicas do blog.

Quem sabe, em mais um ano de paulistaneira, não escrevo meu próprio guia?

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