sábado, 12 de março de 2011

3 anos, 7 meses

O tempo voou. Mas não é pouco tempo. A caminho dos 4 anos de Minas Gerais, começo a sentir a estranheza de ver São Paulo com olhos de longe. Mais uma ponte cheia de ferros sendo inaugurada. Mais um espigão com loft e terraço gourmet rompendo o céu das Perdizes. Mais uma estação de metrô na placa do itinerário. Expansão, enchentes, marginais cada vez mais marginalizadas. Cidade de louco.

Apesar disso e da loucura, consigo reconher São Paulo como minha cidade por algumas sutilezas vivenciadas ao longo dos 26 anos em que estive lá.

Motorista mezzo barbeira iniciante que sou, ainda respiro mais aliviada ao me aventurar de carro em Sumpaulo. Paulista, Dr. Arnaldo, pega a Afonso Bovero, desce Apinagés, vira na Amiberê e chegou. Só não encaro cruzar para a zona Leste sozinha. Também gosto de bater perna pela velha Benedito Calixto – um “estar bem” descompromissado, desenlatado da luz artificial, no meio da praça – coisa rara em Belo Horizonte. Gosto de encontrar amigos pela região da paulista, naquele sobe e desce da rua Augusta. Um café no Viena, programa de gente grande, sempre cai bem e faz com que as horas andem um pouquinho mais devagar. Cinema no CineSesc, de cara para a rua – outra delícia peculiar da cidade, capaz de sobrepor boas memórias de infância e vida adulta.

Pensando bem, São Paulo ainda tem algo de “minha” enquanto posso chegar a qualquer hora na velha casa da Vila Romana e econtrar minha vó Luzia de barriga no fogão. E esperar um pouco pela chegada de primos e tios que entram e saem de lá a qualquer momento. Enquanto me desdobro para ver amigos queridos, em horários pontualmente marcados e respeitados, porém deliciosamente saboreados. Enquanto consigo marcar um almoço gostoso e aproveitar cada brecha do dia para reencontros. Enquanto passeio pela cidade acompanhada da mãezinha que tanto me faz falta. Enquanto vejo meu irmão desleixado e revivo a alegria de ser irmã de um cara tão especial.

Ainda sou paulistana pelo(s) pedaço(s) de mim que deixei na cidade.
E morro de saudades.

E estranhamente consigo estar feliz a 586 km de distância.

[Sobre ser forasteira em BH, no próximo post.]

10 comentários:

Fernanda Versolato disse...

snif! Saudade!

Anderson Ribeiro disse...

Sempre sentimos que ainda somos quando voltamos. Belo texto. Beijos.

Elisandra Amâncio disse...

Uau, já tem tudo isso? Lembro que quando te conheci era recém chegada aqui nas Minas Gerais. Estou muito feliz por você e sua bem sucedida carreira, e claro, por termos uma paulistana autêntica abrilhantando as montanhas mineiras.

Sempre passo por aqui, nem sempre comento. Mas só vim dizer que estou com saudades. Deus te abençoe muitão. Beijos.

Júlia Tavares disse...

Amigos, obrigada pela força - de longe, de perto! Com o passar do tempo, a gente vai descobrindo o que é realmente importante nessa vida maluca - os amigos, com certeza, tornam mais alegre esta caminhada. Beijos a todos!

Gabriela disse...

Eita, Ju!
Quanto tempo, hein!?!
Outro dia a gente tava lembrando do tio Chico "celebrando" seu casório...
Beijo!

patrícia guimarães disse...

e ainda bem que consigo te encontrar, mesmo que seja pra te expulsar do carro na boca do metrô (e debaixo de chuva) porque o farol abriu. rsrsrs. amo!

crisim disse...

Você é do mundo agora Julinha. Daqui para o universo. Minas é privilegiada no quesito acolhimento por isso a dor de estar fora é sanada.
Bisous sabor pão de queijo procê

Anônimo disse...
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Júlia Tavares disse...

Gabi, Paty, Crisim! AS três devem mais passeios por BH, não?! Espero vocês!!! Beijão!

Cris Emy disse...

Eu sou paulistana da gema. Adoro esta cidade. Não importa ficar um tempo longe daqui. Sem dúvida alguma, esta cidade é minha cidade. E grande parte da minha São Paulo, inclui a Jú, seja lá onde você estiver.