Zanza daqui Zanza pra acolá/ Fim de feira, periferia afora
A cidade não mora mais em mim/ Francisco, Serafim/ Vamos embora
Entre as hipóteses para aquela cena estranhíssima, considerei haver uma batida policial. Mas a expressão no rosto do povo não era bem a de “medo”. O feirante acabou entregando o ouro. Contou que, todos os sábados, às 13h30 em ponto, o Sacolão faz um “rapa tudo”, vendendo todo o estoque por metade do preço da banana. Minutos depois, abriram o portão e a multidão entrou literalmente CORRENDO. Um Deus-nos-acuda total.
Claro que eu precisava testemunhar aquilo. Levei a mãe turista junto e repentinamente fomos tomadas pelo “vírus rapa-tudo”:
3 FOLHAS POR 1 R$
QUILO DE QUALQUER FRUTA POR R$ 1,29
QUILO DE QUALQUER LEGUME - INCLUINDO LARANJA E LIMÃO - POR R$ 0,79
Alguns minutos depois, quando voltei a achar minha mãe, nós duas estávamos assumidamente surtadas. Melão, muita uva, banana, a suada maçã, mamão, vagem, agrião, couve flor, brócolis, alface e até jiló. Não foi fácil carregar tudo isso à pé até meu apartamento. Nunca, na história da minha geladeira, foram vistos tantos vegetais. O Eduardo arrepiou os cabelos.
Duas semanas seguintes, resolvi sozinha encarar o RAPA. Passei pelo sacolão na hora de abertura da porteira e entrei junto. Segundo a moça do caixa, aquilo só dura 40 minutos. Depois as portas são definitivamente fechadas.
As duas aventuras, ao menos, já renderam esta história.
6 comentários:
A feira sempre rende boas histórias. Ainda mais assim numa corrida às frutas, verduras e legumes. Preparar, apontar, FOGO!!!!!!!!!!
Juju, texto bão demaiss sô! Deu até pra matar um pouco das saudades acumuladas de ver ocê, do tanto que seus gestos se impregnaram nas palavras!
Djau
julita e suas experiências antropológicas! :)
num cenário desse, inspiração não falta né?!
bijim e té já
a sutileza e o humor do seu texto salvaram o meu dia, Julita. Beijo cheio de saudade de você, minha amiga querida.
Pelo menos você *não* chegou a tomar "laranjada" sem nem precisar espremer as laranjas!
as vezes existem outras maneiras pra fazer economia, mas pelo visto foi diversao total!
como disse a lud: experiencia antropologica em belorizonti city!
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