segunda-feira, 17 de março de 2008

Um Gringo bem brasileiro








Pense em todas as capas de CDs que já chamaram sua atenção. Se você lembrou dos discos de Chico Buarque (As Cidades, Paratodos), Elza Soares (Do cóccix até o pescoço), Lulu Santos (Assim caminha a humanidade), Marisa Monte (Barulhinho Bom), Cássia Eller (Com você, meu mundo ficaria perfeito), acertou na mosca: são de Gringo Cardia, o designer ou “artista multimídia” que vem definindo a cara da MPB desde o final dos anos 70.

Ainda hoje, é ele quem dá aquela aparência descolada para Vanessa da Mata na produção dos seus dois CDs, ou faz a Pitty arrasar corações adolescentes nas suas fotos bad girl. Sem Gringo cuidando inclusive das cenografias de shows, Agnaldo Timóteo não seria um brega tão resistente. Aposto que, sem as fantásticas idéias dos seus cenários, até mesmo os baixinhos roncariam no show da Xuxa.

Descobri todo esse mundo de imagens, tipografias e inspirações de Gringo Cardia na exposição caprichada que acontece no Palácio das Artes até dia 6 de abril. Logo na entrada, o próprio Gringo faz uma vitrine com os objetos que são suas inspirações – passando por discos de David Bowe, imagens de Buda, figurinhas de heróis japoneses e velhos gibis de mocinho e cowboy e da cadela Lassie. Na última sala da exposição, constata-se que o estilo do cara também está impregnado em uma boa safra de videoclipes brasileiros. Um telão exibe alguns dos 50 vídeos assinados por ele, como o instigante Manguetown, da Nação Zumbi:


Amigos turistas já têm outra passagem obrigatória na cidade, além da igrejinha da Pampulha. Ufa!

4 comentários:

Luiz Antônio Navarro disse...

boa dica!!

Anônimo disse...

Isso aí! Não deixe o Tutu esquecido no forno ou na geladeira, hein!

ZECA LEMBAUM disse...

Mi querida, já que você falou de designer gráfico, de capa de disco e de Gringo Cardia (concordo que o cara é fera e acho que Do Cóccix até o Pescoço não é apenas uma boa capa, é um dos melhores discos deste início de século) eu não poderia deixar de dar o meu pitacozinho.

Ju, outro grande artista gráfico, responsável por capas antológicas, é Elifas Andreato. Segundo o uiquipédia brasuca, “Andreato é o maior capista brasileiro, produziu 362 capas de discos, com destaque para a Ópera do Malandro, de Chico Buarque, A Rosa do Povo, de Martinho da Vila, Clementina de Jesus e A Arca de Noé, obra de Vinícius de Moraes”. Parece que ele começou sua produção de capas em 1973, quando criou a do long-play Nervos de Aço, de Paulinho da Viola.

O cara, Ju, manteve relações com os jornalistas mais fodões nos anos 60 e 70, fundou jornais alternativos (Opinião e Movimento) - por isso, e por sua luta contra a censura, Andreato tornou-se figura respeitadíssima. (ele tem um site lindíssimo que dá pra ver parte de sua obra http://www.estudioelifasandreato.com.br/ )

O engraçado, Ju (sem querer me gabar porque já conversei com Andreato), é que ele é a segunda pessoa que conheci na vida que nasceu em ROLÂNDIA no Paraná (a outra, era uma funcionária da FEA) – e é claro que quando falei com ele comentei o fato.

Ah! A produção da mini-séria global, Queridos Amigos, está usando ilustrações de Andreato na abertura.

Júlia Tavares disse...

Divertidíssimos seus comentários, querido!!!!

Sobre o Elifas, eu não gosto daquele almanaque da TAM distribuído nos aviões. Sei que a revista busca a linguagem e o visual dos antigos almanaques, mas acho poluído demais. Ficou feio e desestimulante para a leitura. Mas sei que o cara merece respeito. A abertura da minissérie é muito bacana. Ah, e valeu o toque do site.

Beijos!