sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Outras eleições











Há quatro anos assisti ao debate final para prefeito de São Paulo numa casa lotada da rua Rodésia, na Vila Madalena, com uma turma que conheci fazendo campanha pela Internet nos áureos tempos de Orkut. No telão, as falas de dona Marta eram seguidas de aplausos efusivos. Os adversários eram impiedosamente vaiados – um sonoro “uuuu” seguido de “ssshiiuu” para que conseguíssemos ouvir a próxima pergunta. Do debate segui na ronda de bares da região, batendo boca com a turminha engomada dos bares pomada. Uma festa.

Agora o cenário é outro. Mesmo convicta do meu voto em Jô Moraes, tenho apresentado uma resistência braba ao vírus político. A praça Sete, centrão da cidade, é um dos raros espaços de agitação de campanha. Em meia hora, um caminhão estilo trio elétrico de Márcio Lacerda deu cinco voltas na avenida. Os pseudomilitantes pagos balançavam bandeiras alaranjadas em que nada se lia. Reinaldo, o famoso ex-jogador do Atlético, cumprimentava os desempregados que fazem vigília na região pedindo votos para vereador. O aspecto cansado do homem barrigudo contrastava com a foto sorridente da placa hasteada pela correligionária.

O debate de ontem, na Globo, parecia uma brincadeira de criança. Papelzinho pra cá, sorteio pra lá. Ganha quem responde. Não importa muito o quê. De tão estático, o protocolo mais parece uma disputa de repentistas da terceira divisão. 2 minutos. 45 segundos. 30 segundos. A Jô não se saiu tão bem. Estava rouca no inicio e usou um palavreado rebuscado demais. Márcio cumpriu a cartilha do bom marketing eleitoral – pouca exaltação e um tom quase mecânico de voz. Já Sérgio Miranda impressionou com o preparo para criticas à atual gestão municipal e, consequentemente, ao candidato da continuidade. E Leonardo Quintão investiu na retórica sintonizada com um público despolitizado e de pouca escolaridade. Bem ou mal, mostrou a que veio.

Em dois dias, voto pela primeira vez em Belzonte. Mas não faço boca de urna.

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