sábado, 8 de novembro de 2008

Parada Paulista

Dois meses sem ir a São Paulo equivalem a dois anos de ausência. Só mesmo quem vive o pancadão da rotina metrô-ônibus-rua para não protestar de raiva no meio do aperto. Homens de terno bad boys moça do telemarketing estudante de concurso público secretária loira tingida de all star. Não importa a origem ou classe social. Para pegar a baldeação da Sé às sete e meia de uma sexta-feira, somos quase bois a caminho do abatedouro.

No bairro de Perdizes, a moradora de rua negra com cortes na perna e dezenas de sacolas pesadas continua de pé nas redondezas do Centro Espírita – faça chuva, faça sol. O barbeiro Tiso mantém uma clientela fiel a preços populares de corte de cabelo. O chinês da feira livre ainda atrai vizinhos com um belo pastel de palmito. Em compensação, o açougue da esquina virou boutique de luxo. As armações de concreto nas proximidades deram lugar a prédios de 20 andares com terraço protegidos por suntuosas guaritas. O meu velho supermercado Sonda agora é um shopping monstruoso que desponta indecentemente no céu cinza da avenida Matarazzo.

Na cidade de concreto, os habitantes são figurantes eternos de um cenário mutante.

Um comentário:

Anderson Ribeiro disse...

Se demorar mais a ir por lá, pode ficar sem conhecer mais nem onde morou.