segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O dilema do galo, ou o retrato da Belo Horizonte de ontem e hoje















Era uma vez um galo de crista para baixo. De passagem pela jovem capital de Minas Gerais, provocou um frisson capaz de avançar os limites dos galinheiros ainda presentes nos quintais de terra batida em casas burguesas e operárias. O estrangeiro representante da espécie Gallus gallus dividiu a sociedade, exigindo resposta firme por parte de mineiros e mineiras: ame-o ou deixe-o.

A história do quadro de Portinari - que chegou a ser apelidado de “Olag” - é um dos registros memoráveis da exposição O olhar modernista de JK, em cartaz no Palácio das Artes. Ao recriar a Exposição de Arte Moderna, de 1944, que trouxe ares da Semana de 22 para Belo Horizonte, a atual mostra repercute a opinião de jornalistas e outros moradores da cidade em relação aos novos conceitos de arte suscitados a partir das obras de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral e Lasar Segall, entre outros. Nada pacífica, uma dessas reações foi o corte a gilete de alguns trabalhos...

Relendo as notícias da época, percebo que a “desconfiança do novo” naquele inicio de século ainda hoje é um traço marcante da sociedade mineira. Ao mesmo tempo em que admira o que é de fora, não admite imposições. No fundo, almeja uma modernidade compatível com suas tradições e despreza radicalismos. Será que os artistas plásticos na ativa concordam comigo?

Outro detalhe intrigante é pensar que toda esta balbúrdia no campo artístico e social foi patrocinada e incentivada justamente pelo queridíssimo e respeitado Juscelino Kubitschek, então prefeito de BH....

Até 1. de março, portanto, vale a pena passar pela Afonso Pena 1.537.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Julia, retribuindo a visita virtual! Amei seu blog e já fiquei com água na boca para ler e aproveitar pessoalmente as dicas desses lugares citados aqui. Beijo grande!