domingo, 16 de agosto de 2009

Manifesto pelo Bar Sem TV

As palavras do sábio e boêmio Xico Sá serviram de deixa para este movimento que pretendo incentivar: CHEGA DE TELEVISÃO EM BAR! Para o colunista, o aparelho tem contaminado as ruas do mesmo mal que, há 40 anos, arruína lares e famílias: “A TV seguramente é uma das desgraças responsáveis por se conversar tão pouco e sem visgo na prosa”. Tem coisa mais chata do que testemunhar baixaria da novela das oito enquanto se toma um chopp gelado??

O mais maluco é o abismo entre esta percepção e a intenção dos donos dos estabelecimentos. Devem pensar que a TV seja condição mínima para ser descolado, chique, na moda – como verifiquei no boteco árabe onde estive ontem, em pizzarias ou em restaurantes um pouco mais caros. Outro fenômeno intrigante são os televisores de plasma que não exibem programação nenhuma, mas sim imagens aleatórias de comida, flores, paisagens e gente sorrindo. Esta é a escolha da sorveteria Alessa, inaugurada há alguns meses com este “diferencial”. Desculpem, mas se os donos pensam que aquele “power point” do tipo spam seja atraente, estão totalmente enganados. Eu quero é pegar logo a casquinha e fugir dali.

Por fim, mais um desabafo: odeio TV em fila de banco. O Santander exportou esta “determinação” de São Paulo para Belo Horizonte – com um rígido protocolo: a televisão só pode ficar ligada no Cartoon Network e similares infantis. Sem áudio. Juro. Não é um absurdo? O pobre fica duas horas esperando para ser atendido, com senha em mãos, absorto em imagens psicodélicas das Meninas Superpoderosas. Descobri isto no dia em que encerrei minha conta por lá e resolvi protocolar uma reclamação por escrito. O gerente não sabia me explicar por que não deixar a TV ligada em canais de notícias 24 horas, por exemplo. É muito descaso com os clientes! É chamá-los de burros na cara dura. Entre no banco, saia ainda mais medíocre.

[E pelo visto minha indignação já extrapolou os motivos iniciais deste pretensioso
manifesto...]

9 comentários:

Homero B. S. Filho disse...

Bem relevante.

Fui num restaurante de hambúrgueres aqui em São Paulo há pouco tempo, e passava notícias na televisão.

Num bar, a tendência pra esse tipo de situação naturalmente é maior.

Reclame sim, é certo trazer isto à tona. Mas só tome cuidado pra não parecer pseudo-moralista - a sociedade costuma pegar pesado mesmo com as pessoas que têm razão.

Abraço.

Único do Gênero disse...

Diga, "mineirinha", se uma mesa de bar não foi feita para conversar, por que sair de casa? A gente não quer só bebida, a gente quer bebida e um bate-papo. Mas, repara como as pessoas, mesmo nossos mais fiéis amigos, vez ou oura não olham distraidamente para a telinha. É o Big Brother se instalando entre os hábitos mais agradáveis.

milton koga disse...

não saio à noite pra bares então de nada sei, mas eu nunca vejo TV em casa e às vezes gosto de ver TV em padarias (o que parece ficou obrigatório aqui em SP)quando vou tomar café ou lanche. Percebi que vários meses sem ver TV nenhuma pode causar certa alienação cultural...bj

Luiz Antônio Navarro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luiz Antônio Navarro disse...

hahaha! júlia tavares e seus manifestos protocolados em reclamações por escrito!

tá certo! concordo com você e com o xico sá, júlia! televisão em bar é a pior estraga-prosa que já inventaram.

Júlia Tavares disse...

Já que vocês concordam comigo, seria o caso de abrir uma "petition on line"?? Pensando bem, talvez o resultado de uma pesquisa de opinião oficial sobre a TV no bar tenha um resultado bem diferente desta minha humilde enquete... Vide uma agitada choperia no bairro São Bento, com cerca de cinco "totens" televisivos: quatro aparelhos em cada. Passo longe, claro.

Marcelo de Paiva disse...

Os bares, antes lugares onde se podia "conhecer" melhor as pessoas, se transformaram numa enorme sala de estar,mas,onde você não quer de jeito nenhum estar.Principalmente com pessoas que você jamais colocaria dentro de casa. Xico Sá,foi muito feliz nesse comentário-alerta, na minha opinião TV em bar é tão chato quanto tocar em bares onde não se presta atenção no artista, e sim no som automotivo de algum sem-noção, ou até mesmo na própria TV. Bem lembrado pelo Blog, esse assunto que sempre vem à cabeça, mas nunca temos onde discuti-lo (além de um bar, é claro).Só aqui no Tutu mesmo...

Cláudio Ribeiro disse...

Concordo em gênero, número e grau! Vou colocar a campanha com link em meu Facebook, ok? Acho que isso deve ser olhado com seriedade... Sempre tenho dúvidas de quem é que forneceu essas TV's para esses bares todos, é muito estranho essa campanha pela tv de plasma...

Paulo Fehlauer disse...

E a nova onda, pelo menos em São Paulo, da "televisão" nos ônibus e metrô? Hoje mesmo vi programação resumida e legendada da Globo - resumo de novelas, um Globo Repórter curtíssimo sobre depressão... pelo menos ela (ainda) é muda, mas mesmo assim uma invasão (ainda mais sendo a Globo!).

Ei, não só passei por aqui como participei! ;)

Bjo!