terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Triste Silviano











Não há reza braba no dia da padroeira da cidade nem fogos do aniversário de 112 anos da capital mineira que tirem a “urucubaca” da Silviano Brandão. Como num crescente de feiura, a grande avenida se torna mais agressiva e poluída a medida em que se distancia da Cristiano Machado e chega no Horto. Das poucas lojas de móveis com algum glamour para os Topa Tudo e os degradantes e mal cheirosos açougues, define-se uma paisagem triste, suja, agressiva, abandonada.

Nos últimos meses, os açougues colados na fumaça dos carros da rua ganharam roupagem nova. Mister boi, quem diria, tem caixas de som voltadas para a rua e catracas na entrada e na saída. No vidro, lê-se o inteligente slogan – “Aqui, é muuuuito melhor”. Não raro, bexigas são usadas na decoração. Mas como frequentadora da região há quase dois anos, preciso relatar que a antiga caatinga nauseante caracteristica da calçada dos açougues na era pré-reforma ainda insiste em aparecer eventualmente. Troço horrível.

Nessas idas e vindas pela avenida – próxima do Galpão Cine Horto – tento encontrar alguma poesia no concreto. A lojinha estilo armarinho, que vende fitas, papéis e botões, guarda um simpático traço interiorano. Mas as lanchonetes e os bares azulejados estão sempre ocupados por homens tristes em amarelos sorrisos movidos a cachaça. Nos balcões, os pastéis engordurados e o torresmo da semana passada jamais convidam para ficar. A chapa preta que frita o churrasco tem sempre cinco centímetros de velha gordura.

Triste, cinza, barulhenta. Sem saber muito da biografia de Benjamin Franklin Silviano Brandão, prefeito de Belo Horizonte entre 1909 e 1910, estou quase certa de que o politico merecia melhor homenagem.

Um comentário:

Priskka disse...

Júlia, mto obrigado pelo seu comentário no meu blog. E eu adorei o seu tb! Vou adicionar aos meus favoritos aqui.
Quanto à Silviano, fui moradora do Esplanada e, de fato, a rua se torna bastante maltratada a medida que vai chegando no meu bairro. Mas me acostumei. Sempre será assim. Um desafio e tanto seria eles revitalizarem essa rua! Ainda mais nessa época do ano, em que ela costuma alagar do metrô até o seu início. Difícil...
Beijos!