sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Ambulância tira Rei Momo da avenida













(Imagens minhas, feitas com celular e em baixa resolução - a única pretensão foi mesmo guardar alguma lembrança desse Carnaval...)

O título acima é um ensaio para uma manchete que não li nas edições carnavalescas do tablóide Super Notícia. Não, não pretendo roubar a vaga de ninguém na redação do jornal, mas sim chamar a atenção para um desfile de escolas de samba em Belo Horizonte que quase ninguém ouviu falar...

No domingo, muitíssimo animada e ainda foca na cidade, fui até a afastada Via 240, já divisa com Santa Luzia, conhecer o desfile das escolas da noite. Esperava muito tumulto até conseguir um lugar na arquibancada, mas foi fácil achar espaços vazios. Por azar, pegamos apenas a despedida da Unidos do Onça, com seu já consagrado refrão “Libertas que também será UAI”. Sinceramente, esse samba enredo soou melhor que o hit da Acadêmicos de Venda Nova, que entrou em seguida com uma homenagem ao Rio das Velhas.

As escolas definitivamente não têm recursos para fazer um desfile que possa ser comparado aos do Rio ou de São Paulo. Mas ainda assim vale lembrar da enorme distância entre os dois mundos: a Acadêmicos de Venda Nova, que por fim foi campeã, desfilou com 350 integrantes, 12 alas e três carros alegóricos. A Rosas de Ouro, que ficou em 4. lugar em Sampa, teve cerca de 3.800 componentes divididos em 24 alas, além de cinco carros alegóricos.

Mas gostei do programa. Descobri um mundo ligado a comunidades da periferia da cidade, com sambistas de verdade, mulheres lindas, bateria afinada e uma força de vontade enorme. A platéia estava protegida embaixo de um toldo bacana, mas todas as escolas encararam a avenida embaixo de garoa.

O amadorismo esteve mais ligado à produção do que aos desfiles em si, em minha opinião. No longo intervalo entre as escolas, a “animadora” era uma locutora da rádio Liberdade, que, vestida de capa de chuva, gritava no microfone perolas como “Quem tá sentado vai virar o quê? Pudim de quiabo!”. Seguramente, a tentativa saiu pior que a encomenda – nem mesmo o DJ acertava nas músicas que seguiam as frases de auditório da nossa radialista. A marchinha “Cidade Maravilhosa” foi intercalada por sucessos lentos de Ivete Sangalo (E quando eu penso em ir embora/ Você não quer me dar razão/ Me diz que eu tô jogando fora/ O Amor que tem no coração) e hits que sequer são brasileiros, como “La Barca”, do consagrado Luis Miguel (Dicen que la distancia es el olvido/ Pero yo no concibo esa razón). Antes que pegássemos no sono, a locutora voltava a gritar, destacando o nome de todas as autoridades municipais presentes no evento...

Ao final do desfile da turma de Venda Nova – o único que assisti inteiro –, mais um incidente curioso. Uma ambulância entrou na pista, levou o Rei Momo do Samba Belô 2008 e partiu acelerada. A meia-explicação foi dada pela radialista: “Nosso Thiagão, o Thiago Araújo, infelizmente teve um problema e não vai sair no passeio da Corte Real Momesca”. Para nossa surpresa, o carro parou alguns metros à frente, ainda na avenida. De dentro da ambulância, o alegre Thiagão foi convidado a dar seu depoimento para o público: “Aí, pessoal, não quero saber de ninguém sentado!”. Que assim seja. Foram suas últimas palavras antes da arrancada final do automóvel.

Minha aventura parou por ai. Fui dormir com um zumbido no ouvido e um refrãozinho chinfrim sobre o rio das Velhas e Peter Lund, “o explorador”. Das suas cavernas, salve o grande precursor”!

5 comentários:

Anônimo disse...

Querida, você é o máximo! Só você mesma para despencar no carnabelô com um celular na mão e nenhuma pretenciosidade na cabeça, e ainda conseguir um "furo" desses.

[ A Regina Casé já sabe que você está na cola dela? :-{D :-{D :-{D ]

Luiz Antônio Navarro disse...

putz! essa cobertura do carnaval belorizontino foi heróica! botei fé!

Anônimo disse...

Menina, fui para Honório Bicalho (distrito de Nova Lima) ontem e passei por uma ponte sobre o Rio das Velhas. Talvez eu já tenha feito isso antes quando criança, mas consciente do ato foi a primeira vez! E é tão perto!

Deu até um arrepiozinho.

Anônimo disse...

Carnaval pra dormir? Isso é um carnaval bossanovista! hehehehehe.
Você é incrível! Tirando leite das pedras do 'Rio das Velhas'. Beijos!!!!

Anderson Ribeiro

Anônimo disse...

É isso aí Julita!!! Vi e não largo mais o tutu!! Beijos. Ah! Está devidamente linkado no Mascando.