domingo, 19 de julho de 2009

E assim se fez o queijo...














Seu João e dona Maria. Uma fazendinha de trinta vacas e trinta lindos queijos amarelos por dia. Bem mineiramente, os dois receberam a equipe da TV às 6 horas da manhã – quando a lua cheia e o frio da Serra da Canastra ainda demarcavam o território da noite. Assim começava a maratona da produção do queijo – um dos poucos legalizados em todo o estado, com a certificação do IMA. Isso quer dizer que o rebanho é sadio, as instalações da fazenda estão adequadas e, claro, o queijo é feito em local higiênico.

Mas não é só isso. Para se enquadrar na única lei do país que permite a comercialização do produto artesanal a partir do leite cru, dona Maria precisa tomar vacina contra tuberculose e não pode estar gripada. Sem contar que, duas vezes por dia, ela só começa a “pôr a mão no coalho” depois de tomar banho e trocar de roupa, tendo que vestir galochas brancas, avental e máscara. Até a água usada na limpeza da bancada da queijaria agora é filtrada e tratada.

Esses são apenas alguns dos “detalhes” aos quais a propriedade de seu João precisou se enquadrar. Por lá, a antiga queijaria virou depósito de milho. Ele mesmo sente vergonha de mostrar que, por força da tradição e da falta de conhecimento, era difícil levar a higiene muito a sério.

Depois de freqüentar cursos de treinamento, a família fez as reformas que cabiam no orçamento, aos poucos. E, por incrível que pareça, eles ainda não tiveram retorno financeiro do investimento: ainda tem muito produtor rural vendendo queijo feito em péssimas condições. Para ser explicita, quase todos os queijos que encontramos no Mercado Central estão com altos índices de coliformes fecais e bactérias nocivas à saúde. Mesmo assim, diz ele, “a melhor coisa é estar em paz com a consciência”. [E claro que o queijo é uma delicia!]

***

O Planeta Minas sobre tecnologia do Leite vai ao ar só no dia 26 de julho. Mas desde já espero que os amigos passem a se preocupar bem mais com a origem do famoso queijo antes de consumi-lo: na embalagem, procurem pelo número de certificação junto ao IMA. Talvez saia um pouquinho mais caro – mas vale a pena, não?

[* Aqui, post antigo e ingênuo sobre o Mercado Central, ainda com as frescas impressões de uma recém-chegada em Minas....]

Um comentário:

Luiz Antônio Navarro disse...

que delícia, júlia! acordar de madrugada ainda para acompanhar a ordenha é para poucos, hein?!

bjo!