segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Ressonâncias do Fórum Social Mundial










(Foto: Henrique Parra, da Ciranda)

Eu bem que vasculhei, mas não consegui localizar a tempo a programação de Belo Horizonte para o Dia de Mobilização e Ação Global, marcado para o dia 26 de janeiro. A data foi eleita como ápice do Fórum Social Mundial deste ano, numa iniciativa de descentralizar radicalmente todas as suas atividades.

Como não houve cidades-sedes preparadas para receber o principal evento mundial contra a guerra e o neoliberalismo, a tecnologia foi a principal ferramenta de comunicação para articular os ativistas. Pena que, no geral, exista muita dificuldade em transformar esse potencial em ação. No site criado para que as organizações publicassem suas atividades de forma descentralizada, por exemplo, vejo que em BH estava prevista apenas a Batucada itinerante do Movimento de Mulheres. Ouvindo a rádio da Rede Abraço, soube que a praça Sete ainda teria tendas para discussão de quatro temáticas – Estatização da Vale do Rio Doce, Democratização da comunicação, Direitos dos trabalhadores e Transposição do Rio São Francisco.

Um detalhe: da mesma praça Sete sairia a concentração do desfile da Banda Mole, que faz um dos pré-canavais mais tradicionais da cidade. Este ano, o tema da banda que se notabilizou pelos homens fantasiados de mulher foi coincidentemente um tanto politizado: “Aquecimento Global, só no Carnaval!”.

Procurando pela cobertura alternativa do dia 26, a melhor referencia é o site da Ciranda Internacional de Informação Independente. Por ali, muitas notícias e fotos de São Paulo. Nada de Minas.

Mas sei que construir essa “outra comunicação” depende de cada um. E eu, que quando trabalhava no Instituto Pólis consegui uma carona de última hora até o FSM em Caracas-Venezuela num avião fretado para movimentos sociais, dessa vez perdi o bonde. Dormi no ponto.

Como ressonância do FSM 2006, deixo o link para a matéria especial escrita por mim para o Jornal da USP: Uma outra América Latina é possível. Parte das aventuras na terra de Hugo Chavez foram presenciadas por Almir Coelho, autor do comentário mais recente deste blog. Como consegui hospedagem num hotel estatal de Caracas por um milagre, também dei força para que outro milagre acontecesse: Almir e a namorada, ambos da Via Campesina, estavam sem opção de onde ficar além do Acampamento da Juventude, totalmente alagado e afastado do centro. Pois bem: conversando com minhas companheiras de quarto, promovi a “reforma agrária” no Hotel Anauco.

PS. O primeiro Fórum a gente nunca esquece. Em 2003, caloura do curso de jornalismo, encarei o ônibus itinerante da Enecos (do movimento estudantil de comunicação) para a estada de quase 20 dias na calorenta Porto Alegre. Haja pique. Na minha memória pouco seletiva da época, restaram algumas palavras soltas de Noam Chomsky, filas intermináveis para o banho e comidinhas pouco atraentes do Acampamento... Desse Fórum, não ficou registro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Um outro FSM é possível?

Diga aí, Juju, você que perdeu poucas edições: o fórum está diferente ou você foi quem mudou? (do primeiro as lembranças que guardo são o calor, as baladinhas, dormir no chão da quadra do colégio e as intermináveis reuniões de movimento estudantil nas quais se votava sobre quem teria direito de votar, ou sobre o que seria votado, sem nunca chegar no recheio das questões...)